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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Tesouro Direto: o caso Temer acabou com a festa?

Entenda porque o Tesouro Direto estava rendendo tão bem até o dia do escândalo. E veja o que esperar para o futuro próximo

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Atualizado em 19 Maio 2017, 20h20 - Publicado em 19 Maio 2017, 20h00

A Selic passou mais de um ano em 14,25%. Foi baixando paulatinamente. Está agora em 11,25%. Para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária, já esperava-se um dos maiores cortes em todos os tempos: 1,25%. Não se via uma laminada dessas na Selic desde novembro de 2003, quando cortaram a taxa básica em 1,50% (e ainda assim isso representava uma proporção bem menor, tendo em vista que a queda foi de 19% para 17,50%.).

Tamanha queda foi o paraíso para quem tinha o tipo mais popular de aplicação do Tesouro Direto – os títulos “IPCA +”, que pagam a inflação mais um cascalho por ano (e que também balizam os fundos de renda fixa dos bancos). Com a Selic alta, esse cascalho fica mais alto. Em 2015, 2016, o governo estava vendendo títulos que pagavam o IPCA mais 7%. Depois das quedas seguidas na taxa básica, o máximo que havia no mercado eram títulos pagando IPCA + 5%. Nesse cenário, quem comprou IPCA + 7% estava vendo dinheiro cair do céu. Por causa do seguinte: se você compra um título desses e segura, o que acontece quando só houver no mercado títulos que pagam IPCA + 5%? Seus títulos viram ouro.

R$ 10 mil num IPCA + 5% se transformam em R$ 26,5 mil depois de 20 anos (R$ 26 mil de verdade, protegidos da inflação – ou seja, se a inflação nesses 20 anos for de 100%, o valor nominal desses R$ 26 mil será R$ 52 mil, mas eles comprão o que R$ 26 mil compram hoje).

Num IPCA + 7%, os mesmos R$ 10 mil crescem para R$ 38,6 mil. Graças à mágica dos juros compostos, esses 2% de diferença se transformam em R$ 12 mil reais a mais.

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Diante disso, o que acontece com um título tão rentável quando ele deixa de ser vendido pelo governo? Ele valoriza. Se o título IPCA+7% custava R$ 1 mil quando o governo o pôs à venda, vai estar valendo R$ 1.200, R$ 1.300 no mercado quando a Selic tiver baixado, e o governo só estiver vendendo os títulos IPCA+5%. Nisso, você pode vender seus títulos com 20%, 30% de lucro. Foi isso que os IPCA+7% renderam no último ano e meio.

Isso só foi possível por dois motivos:

  • A inflação está em queda. Sem inflação, a Selic pode cair à vontade
  • Bom, nem tão à vontade. E chegamos ao segindo motivo. Os juros também caem quando a confiança na lisura dos gastos público aumenta – já que assim a chance de o governo calotear suas dívidas diminui (principalmente em relação às dívidas em moeda estrangeira, já que o governo até tem impressora de reias, mas não tem de dólares). Henrique Meirelles conseguiu forçar um teto dos gastos públicos. E isso trouxe a tal confiança.

O que ninguém contava, porém, é que havia um Joesley no meio do caminho. O teto dos gastos só é factível com a Reforma da Previdência (tanto que mesmo Dilma aventava realizar tais reformas antes de sofrer seu impeachment). Agora, com Temer à beira do cadafalso, o Congresso já avisou que não vota mais as reformas. Não há clima – pelo menos não enquanto Temer continuar agarrado à faixa presidencial. Com isso, o caminho para quem quer poupar ou investir está turvo de novo. Se Temer cair e a equipe econômica continuar, é provável que tudo volte ao normal – com a Selic de volta à queda livre e as carteiras de investimento seguindo para o alto, e avante. Se Temer continuar e a equipe abandonar o barco, teremos o oposto. Faça suas preces.

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