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Destaques 2011 da SUPER: Os 10 fatos mais marcantes do ano nos quadrinhos

Por Redação Super
Atualizado em 21 dez 2016, 10h12 - Publicado em 12 dez 2011, 18h49

Por Renan Martins Frade, editor de Livros e HQs do Judão
COLABORAÇÃO PARA A SUPERINTERESSANTE

Este foi um ano de novidades no mercado de quadrinhos. No Brasil, os nossos queridos gibis consolidaram o espaço nas livrarias, mas patinaram nas bancas. Em todo o mundo, as HQs digitais ganham espaço, apesar da falta de visão das editoras nacionais. Confira os lançamentos e também os fatos que marcaram as HQs em 2011!

10. Brasil consolida as HQs nas livrarias

No Brasil, 2011 foi um ano de consolidação no que se refere aos quadrinhos. Como vem acontecendo sistematicamente nos últimos anos, os gibis, graphic novels e álbuns vêm ampliando seu alcance, abocanhando lugares maiores nas áreas nobres das livrarias. O espaço para autores brasileiros cresce cada vez mais, algo que vem aliado à chegada de material independente não só da Europa e da Argentina, mas também dos EUA – por independente, neste caso, leia “não é da Marvel e DC”, que dominam o mercado de HQs na terra do Tio Sam. Ok, isso não é uma novidade propriamente dita. Na realidade, a novidade é perceber que um movimento iniciado há dois ou três anos ainda tem gás para continuar.  De qualquer forma, é muito bom ver editoras pequenas esgotando tiragens – também pequenas, mas expressivas para o nosso mercado – de títulos sem tanto apelo comercial.

9. Combate Inglório (ou “Relíquias do passado chegando nas nossas livrarias”)

A maturidade do mercado de quadrinhos nas livrarias tornou possível alguns lançamentos interessantes no Brasil. Para representar esta tendência, destaco Combate Inglório, que chegou pelas mãos da pequena Gal Editora. Apesar de inédito no Brasil, não se trata de material novo: é dos anos 60. Porém, possui uma importância histórica. Trata-se de um álbum com todas as histórias publicadas na finada revista norte-americana Blazzing Combat, que apareceu nas bancas da América entre 1965 e 1966 e foi criada pelo mítico editor Archie Goodwin na Warren Publishing. Infelizmente a publicação viveu pouco, muito por conta da pressão dos distribuidores e da sociedade por conta do conteúdo do gibi.

A revista foi a primeira a usar o realismo gráfico para criticar a Guerra do Vietnã – isso em uma época que a opinião pública era a favor do conflito. Para ter este efeito, as histórias (que eram todas roteirizadas por Goodwin) retratavam em combates históricos e na própria Guerra do Vietnã para revelar os malefícios da guerra para civis e militares de ambos os lados. Além disso, a revista reuniu nomes importantes da indústria estadunidense na época e nos anos seguintes, como Gene Colan, Alex Toth (criador do Space Ghost), John Severin, Wally Wood (estes dois estiveram no grupo que criou a Mad), Frank Frazetta, entre outros.

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8. MSP Novos 50 e o retrato de uma produção heterogênea

A produção nacional atual é, diria, “efervescente”. Tem muito material sendo publicado não apenas por grandes editoras, como Panini e Cia. das Letras, mas também por editoras acanhadas e por quem não tem editora, mas possui alguma grana para investir em uma pequena tiragem ou ainda que aproveite as possibilidades da internet para divulgar seu material. Sendo assim, apontar algo dentro deste universo enorme seria, como diria Sandra Annenberg, “deselegante”. Mas há, entretanto, um álbum que representa toda esta diversidade: MSP Novos 50.

Trata-se do terceiro álbum da série (os outros foram lançados em 2009 e 2010), que busca reunir os mais diversos nomes da produção nacional de HQs para tragam suas próprias visões dos personagens criados por Mauricio de Sousa. Ao se ler toda a trilogia, o que temos é um retrato quase que fiel à nossa diversidade quadrinista, além de ser uma grande homenagem para o Mauricio.

7. Mauricio de Sousa e seus recordes de vendas

Ainda continuando pelos domínios de Mauricio de Sousa, é bom que se diga que o quadrinista e empresário é responsável pelo mais bem construído projeto de produção nacional de quadrinhos – e por isso não entenda apenas produzir e vender gibis, mas também ganhar dinheiro com licenciamento, desenhos animados, novas linhas editorias, etc. Neste sentido, a criação da Turma da Mônica Jovem, em 2008, foi uma grande sacada. Nunca se vendeu tantos gibis como nesta série, que apresenta os clássicos personagens de Mauricio na adolescência e com estilo mangá.

Porém, quando não se imaginava que o título poderia ir ainda mais longe, foi. No final de maio, a Panini publicou Turma da Mônica Jovem #34, no qual Cebolinha (ou melhor, Cebola) pedia finalmente a Mônica em namoro. A revista foi um sucesso, superando a incrível marca de 500 mil exemplares. Em um mercado que personagem famoso rende nem cinco mil exemplares, este é um feito e tanto.

6. Nem tudo é alegria: o declínio da venda em banca dos super-heróis

Infelizmente, Mauricio de Sousa é um caso à parte. De resto, nossos gibis de banca vendem cada vez menos. Há vários motivos: o mundo globalizado, a pirataria, a venda digital, a falta de interesse dos jovens, as cronologias enroladas de Marvel e DC – que são os grandes expoentes da produção ocidental.

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Verdade seja dita: os mangás vendem bem e dominam cada vez mais as bancas. Porém, em algum momento perdeu-se a mão com o que vem dos EUA ou até mesmo com o que é produzido por aqui. A luz laranja já está acessa e nuvens negras devem aparecer em 2012.

5. Distribuição digital unindo os EUA ao resto do mundo

Foi justamente dos Estados Unidos que vieram as grandes mudanças de 2011. Não dá para dizer – ainda – que os quadrinhos impressos vão morrer, mas os digitais estão conquistando um público cada vez maior. Para nós, a principal vantagem disso tudo é que agora não mais precisamos esperar um ano para ler o que Marvel, DC, Image, IDW, Dark Horse e afins estão fazendo. No mesmo dia do lançamento, nas sagradas quartas-feiras, basta acessar seu iPad, iPhone, desktop ou celular/tablet com Android para ler aquela aventura do Homem-Aranha no mesmo dia que os gringos. Quanta alegria!

4. Daytripper e a ampliação da presença brasileira no mercado estadunidense

Independente do quanto cresça a atenção dada às HQs independentes, muitos quadrinistas dariam quase tudo para trabalhar com as grandes editoras estadunidenses, Marvel e DC. Para os desenhistas há um campo de trabalho bem consolidado, com muitos artistas nacionais contribuindo para títulos de sucesso. Porém, ainda não aconteceu o mesmo para os roteiristas.

Por isso, a conquista dos gêmeos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá é importantíssima. Pela primeira vez eles conseguiram emplacar um título mensal (que teve dez edições!) não apenas desenhado por brasileiros, mas também roteirizado e estrelado por nós – no caso, o “nós” é o personagem brasileiro Brás de Oliva Domingos, filho de um grande escritor, mas que vive o descontentamento de estar sempre na sombra do que o pai foi. Para se livrar do estigma, Brás abandona o emprego de jornalista e viajar pelo Brasil, tudo com uma narrativa não-linear.

O trabalho rendeu para Bá e Moon vários prêmios, incluindo a trinca mais importante da indústria estadunidense: o Eisner, o Harvey e o Eagle. Apesar de ter saído nos EUA em 2010, a HQ apenas chegou por aqui pelas mãos da Panini recentemente e é um dos pontos altos de 2011.

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3. O relaunch da DC

Antigamente, o mercado estadunidense de quadrinhos vendia milhares de exemplares por centavos. Hoje, quando uma editora consegue emplacar uma tiragem de 100 mil exemplares com uma revista que custa US$ 2,99 ou US$ 3,99, é motivo de soltar rojão. Não que elas se preocupassem tanto com isso. Afinal, o licenciamento de produtos, séries de TV e filmes rendem uma bolada muito maior. Afinal, você acha que a Disney comprou a Marvel por qual motivo?

Mas aí vieram as primeiras nuvens de uma nova crise mundial. No grupo Time Warner, dono da DC, percebeu-se que hora dos velhos gibis renderem dinheiro por eles mesmos. Foi aí que nasceu a idéia de relançar todas as revistas de super-heróis da editora (52, para ser mais exato) como um novo “marco zero”, o que, junto com a atenção da mídia, faltamente resultaria em vendas astronômicas. Tudo isso já a partir de agosto de 2011.

Ainda estamos em dezembro, mas é possível dizer que a iniciativa deu certo no quesito vendas. Em outubro, por exemplo, a DC alcançou históricos 51% de market share, contra 30% da Marvel, segundo a distribuidora Diamond. Batman #1, o mais vendido em setembro, passou dos 230 mil exemplares. É um número comparável ao de exatos 15 anos atrás, quando a DC lançou – com um grande apelo – a edição especial com o casamento entre Superman e Lois Lane (na época, 227 mil exemplares foram vendidos). Isso tudo sem contar as vendas digitais. Muita gente (e eu me incluo nisso!) comprou boa parte dos gibis do relançamento digitalmente.

Há, é claro, muito que se questionar. Leitores mais antigos ficaram chateados com as mudanças, alguns roteiros não agradaram, escolhas pareceram estranhas… Só que não se pode negar que este foi a maior mexida editorial que aconteceu em 2011.

2. O novo Homem-Aranha Ultimate

Esta é outra novidade que chegou em 2011 no mercado dos Estados Unidos – mas que em breve deve ser publicado no Brasil pela Panini e que já pode ser lido digitalmente por aqui. O Homem-Aranha sempre foi um dos personagens mais carismáticos da Marvel e isso pode ser elevado à enésima potência ao que se refere ao Universo Ultimate, que é formado por novas versões atualizadas dos heróis da Casa das Ideias, mas com foco em um público mais jovem. Aqui Peter Parker sempre foi um garoto adolescente, buscando se estabelecer não só como super-herói, mas também como estudante, sobrinho e namorado. Tudo do jeito que o grande Stan Lee fizera nos bons tempos.

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O lendário editor brasileiro Adolfo Aizen, criador da Ebal, já confirmava: as crianças não acompanham mais do que 100 edições de um gibi. Não que o público de hoje seja formado por crianças, mas o sucesso dos mangás e seus arcos fechados mostra o sucesso dessa fórmula. Ciente disso, Bendis deu cabo de Peter Parker após exatas 160 edições e o substituiu por um novo garoto de 16 anos: Miles Morales, meio negro, meio hispânico e totalmente dentro da realidade vivida neste século XXI.

O resultado poderia ser ruim, claro. Mas logo nas primeiras edições Bendis e a desenhista Sarah Pichelli estão mostrando uma fórmula acertada, com um Miles que possui um enorme carisma. É impossível não se identificar com o personagem, seus anseios, medos, frustrações e, principalmente, a euforia ao descobrir que possui os poderes de uma aranha.

1. Você, leitor

Se você leu os dez pontos mais importantes dos quadrinhos em 2011 até aqui, devo dizer então que você também é um dos destaques deste ano. Afinal, não adianta produzir e publicar mais material se não há público para comprar e ler. É possível sentir que este público está crescendo, mas ainda de forma tímida. Sendo assim, é importante que cada um de nós assuma um compromisso para 2012: incentive a leitura entre seus amigos, parentes e conhecidos. Comente sobre uma HQ, dê um gibi, instigue… Se cada um de nós conseguirmos nos próximos 12 meses “criar” mais um leitor, todo o mercado agradece.

Que 2012 seja mercado pela multiplicação dos leitores!

 

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