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Quando refrigerante era usado como anticoncepcional

Por Carol Castro
Atualizado em 14 nov 2023, 17h00 - Publicado em 8 set 2015, 19h39
Uma criança estende um copo para um homem, que o enche com um refrigerante.
(Catherine Falls Commercial/Getty Images)

As armas contra gravidez não eram compradas em farmácias em Porto Rico. Vinham das gôndolas dos mercados. Dentro das embalagens de Coca-Cola. Nos anos 1980, após fazer sexo, um casal que não quisesse ter filhos chacoalhava bem a garrafa da bebida, ainda fechada, para fazê-la jorrar. O líquido voava direto para dentro da vagina. Era o ácido carbônico quem deveria fazer a faxina por lá: exterminar todos os espermatozoides vivos. Na falta de outros métodos contraceptivos à venda, a mulherada toda se banhava em Coca-Cola.

Foi por essa época que a médica americana Deborah Anderson desembarcou na ilha caribenha. E ficou surpresa ao saber da história do refrigerante. Colocou a lenda à prova. Separou quatro tipos de Coca-Cola e despejou cada um deles em tubos cheios de espermatozoides. Bastou um minuto para a Coca Diet acabar com todos eles. Já as outras versões da bebida foram bem menos eficazes, deixaram quase metade dos espermatozoides vivos. Mas não importava, havia ali uma prova: a lenda não era falsa. Podia não ser o método mais seguro do Universo, mas até que funcionava. E pelo menos na Coca Diet dava para confiar sem medo.

Ou não.

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Intrigada com os resultados, dois anos depois, outra equipe médica repetiu o experimento. Tomaram todo o cuidado para copiar com exatidão cada passo dos primeiros pesquisadores. Esperaram por uma hora, mas nenhum dos seis tipos de Coca, nem mesmo a Diet, foi capaz de eliminar mais do que 70% dos espermatozoides. Era o fim de um sonho gaseificado para os porto-riquenhos.

É que nem mesmo a ciência consegue ser assim tão exata. Por mais que tentem refazer um estudo como se fosse uma reprise, algo geralmente sai diferente. Os segundos cientistas não se deram conta, mas colocaram uma quantidade de refrigerante bem menor do que a equipe de Anderson. Ainda assim, não fosse esse “erro”, qualquer outro pequeno detalhe poderia ter alterado o resultado: desde a concentração de espermatozoides até a temperatura ambiente. Se dentro de um laboratório tantos fatores influenciam, imagine, então, na complexidade do organismo humano.

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Torcer para o ácido carbônico acabar com todos os espermatozoides é uma aposta de sorte. Não à toa, nenhum dos grupos jamais aconselhou o uso desse excêntrico (e falho) anticoncepcional – até porque, para recomendar, precisariam testar o método em seres humanos, não em tubos recheados de sêmen.

A ciência costuma aprontar dessas. Prova, anuncia, confirma outra vez, conta ao mundo todo sobre a mais nova descoberta. E depois diz tudo ao contrário. É comum. Estudos e experimentos malfeitos ou equivocados acontecem o tempo todo, assim como existem cientistas com interesses escusos, patrocinados por empresas ou pela indústria farmacêutica.

Uma pesquisa feita na Inglaterra, por exemplo, concluiu certa vez que 52% dos britânicos tinham bafo. A descoberta surgiu de um órgão bem (pouco) isento: um fabricante de pastas de dentes. Nunca sabemos ao certo de onde vêm as pesquisas que lemos nos portais de notícia. Como resultado, você recebe uma enxurrada de experimentos com resultados discrepantes sobre o mesmo tema. Entender como funciona a ciência pode ensinar você a entender também o que vale a pena – e o que é só piada ou maluquice.

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