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Estudos científicos e reflexões filosóficas para ajudar você a entender um pouco melhor os outros e a si mesmo. Por Ana Prado
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Ter muitos motivos para alcançar um objetivo faz mal para a sua motivação (!)

Por Ana Carolina Prado
Atualizado em 21 dez 2016, 08h51 - Publicado em 14 jul 2014, 15h25

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Uma escola militar acaba de receber uma nova turma de alunos. Alguns deles estavam ali porque sempre tiveram vontade de servir seu país; outros, embora tivessem esse desejo, também foram atraídos pelo status e bons salários. Qual dos dois grupos você acha que seria mais bem-sucedido na escola e na carreira militar? Embora possamos ser levados a acreditar que ter vários motivos para fazer algo seja melhor do que ter um só, uma pesquisa de proporções respeitáveis concluiu que o primeiro grupo foi o que obteve maior sucesso.

O estudo em questão, publicado recentemente no periódico “Proceedings of the National Academy of Sciences”, foi feito por pesquisadores da Universidade de Yale e do Swarthmore College. Eles acompanharam 10.238 cadetes da Academia Militar de West Point dos Estados Unidos por um período de uma década (!), analisando os motivos por que eles haviam decidido ir para lá, sua performance acadêmica e seu sucesso e longevidade na carreira militar.

Realizar esse estudo por tanto tempo permitiu fazer algo que não havia sido muito explorado em outros experimentos sobre o tema: diferenciar os tipos de motivação envolvidos nas ações dos voluntários. “Parece óbvio e inegável que, se a pessoa tem dois ou mais motivos para fazer alguma coisa, ela será mais propensa a fazê-la, e vai fazê-la melhor, do que se só tivesse um”, diz o estudo. “(…) Porém, essa lógica deixa passar o fato de que, na vida real, as pessoas aparecem com múltiplas razões para quase qualquer ação – frequentemente ações muito mais significativas do que aquelas alcançadas por estudos experimentais de motivação”, completa. Além disso, estudos feitos até então envolvem motivos que, além de muitas vezes serem específicos e ligados a fatores externos, são temporários. Portanto, sua aplicabilidade na vida real pode ficar comprometida.

Neste trabalho, os autores diferenciaram dois tipos de motivação: os extrínsecos ou instrumentais, que vêm de fatores externos ao indivíduo, e os intrínsecos, que são internos e ligados a gostos pessoais. Um cara que sonha em ser um astro do rock para ter fama, dinheiro e garotas é movido por motivações extrínsecas; alguém que está nessa principalmente porque ama fazer música é movido por motivações intrínsecas. E ficou comprovado que, embora ter metas seja, de forma geral, algo positivo, ter motivos instrumentais para alcançá-los pode enfraquecer os efeitos positivos da motivação interna, prejudicando a persistência e o desempenho – pelo menos em contextos de educação e carreira a longo prazo.

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Diferentes formas de encarar o trabalho

O artigo dos pesquisadores contesta a ideia popular de que, se formos pagos para fazer uma atividade de que gostamos, passaremos a odiá-la. “A maioria dos contextos em que as pessoas operam oferecem múltiplos resultados para a sua performance. Estudantes diligentes aprendem e também conseguem boas notas. Médicos aliviam o sofrimento das pessoas e também podem conseguir dinheiro e status. Entre os cadetes analisados, persistência e esforço levariam à excelência enquanto oficiais e também a carreiras materiais bem sucedidas. É difícil imaginar uma atividade humana que não tenha consequências instrumentais, materiais”, escrevem eles. Sim, mas vamos combinar aqui que, embora isso possa não ser a razão por que nos levantamos para ir trabalhar todos os dias, ter dinheiro e status trazem privilégios que facilitam a vida. E agora? Eles respondem: “Só porque essas atividades têm os dois tipos de resultados não significa que as pessoas tenham necessariamente os dois tipos de motivação. (…) Nós enfatizamos o impacto negativo de motivos instrumentais sobre os efeitos dos motivos internos, mas, colocando de outra forma, também podemos dizer que motivos internos ajudam a conter o efeito negativo dos efeitos instrumentais”.

Ou seja, depende do que você coloca como o mais importante. A forma como se encara a atividade profissional faz toda a diferença: ela pode ser vista simplesmente como um trabalho, como uma carreira ou como uma vocação. Estudos anteriores concluíram que pessoas que encaram como uma vocação encontram mais satisfação e fazem um trabalho melhor do que os outros dois tipos. E algo importante que difere a “vocação” dos demais é a relativa insignificância de fatores instrumentais para determinar por que as pessoas estão trabalhando. Em vez disso, elas focam no sentimento de realização que obtêm daquela atividade, o que geralmente vem acompanhado da sensação de que se está contribuindo para a vida de outras pessoas de uma forma significativa.

Leia o estudo: “Múltiplos tipos de motivos não multiplicam a motivação de cadetes de West Point”

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