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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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A armadilha paulistana

Alckmin avisou que abuso policial em São Paulo é que nem gay no Irã: não existe. Para o governador, rigorosamente todos os atos da polícia estão de acordo com a Lei – incluindo aí lançar gás lacrimogênio em bar e mandar adolescente desarmado pro Deic (tudo extensivamente documentado). Claro que Alckmin não pode sair desautorizando […]

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 dez 2016, 08h50 - Publicado em 6 set 2016, 18h10
REUTERS | Paulo Whitaker
REUTERS | Paulo Whitaker

Alckmin avisou que abuso policial em São Paulo é que nem gay no Irã: não existe. Para o governador, rigorosamente todos os atos da polícia estão de acordo com a Lei – incluindo aí lançar gás lacrimogênio em bar e mandar adolescente desarmado pro Deic (tudo extensivamente documentado).

Claro que Alckmin não pode sair desautorizando a polícia, já que os atos de vandalismo não são ficção, e sem firmeza não há como coibir isso.

Só tem um problema: ao fechar os olhos para os abusos, Alckmin cria o que os acadêmicos chamam de “armadilha hobbesiana”.

Armadilha hobbesiana é uma situação que leva a “ataques preventivos”. Exemplo: dois países rivais vão se armando cada vez mais, para se defender de um possível ataque do outro. Esse círculo vicioso eventualmente leva um dos lados a atacar sem ser provocado. A retaliação vem, e os dois países se destroem mutuamente, por puro medo um do outro. Pronto: caíram na armadilha.

Em São Paulo está acontecendo basicamente a mesma coisa. Vamos chamar de “armadilha paulistana”. De um lado, a polícia é estimulada a enxergar qualquer protestante como delinquente. Às vezes, a tratar como tal qualquer pessoa que esteja na rua na hora de um protesto.

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Nisso, a polícia tende a atacar quase que indiscriminadamente qualquer sujeito que não esteja usando uma farda – seja esse sujeito um delinquente prestes a tacar um paralelepípedo na porta de vidro de um banco, seja um pai com criança no colo, seja um estudante desavisado saindo da biblioteca.

Então vem o outro lado: as pessoas passam a interpretar, de antemão, que mais hora menos hora a polícia será hostil contra elas. E soltam seu “ataque preventivo”, nem que seja só na forma de gritos de guerra, como vimos nos protestos. Esses “ataques”, ainda que leves, acabam estimulando mais retaliações desmedidas da polícia, retroalimentado a espiral da violência.

O centro dessa espiral é um buraco negro chamado “barbárie” – e acontece quando pessoas comuns passam a achar que a delinquência vale a pena, já que elas vão apanhar de qualquer jeito. Do outro lado, acontece quando a PM acha por bem reprimir geral, já que todo mundo vai acabar cometendo alguma delinquência mesmo. Barbárie.

Ao fechar os olhos para a violência, e, consequentemente, para esse círculo vicioso, Alckmin guia estudantes, trabalhadores e policiais em direção à barbárie. Desnecessário dizer que isso é o oposto diametral do que se espera de um governo.

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