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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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A raiz do problema é outra. E a da solução também

O Brasil acumulou 252 bilhões de dólares em balança comercial entre 2002 e 2012. Ou seja: exportamos quase R$ 1 trilhão a mais do que importamos, graças à soja, à carne, ao minério de ferro e ao petróleo. Isso enriqueceu o governo, e nos deu uma oportunidade histórica. A oportunidade de justamente acabar com a nossa […]

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Atualizado em 21 dez 2016, 09h49 - Publicado em 15 mar 2015, 23h44

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O Brasil acumulou 252 bilhões de dólares em balança comercial entre 2002 e 2012. Ou seja: exportamos quase R$ 1 trilhão a mais do que importamos, graças à soja, à carne, ao minério de ferro e ao petróleo. Isso enriqueceu o governo, e nos deu uma oportunidade histórica.
A oportunidade de justamente acabar com a nossa dependência de soja, de carne, de minério de ferro, de petróleo. O governo tinha caixa de sobra para começar uma transformação no país: fomentar a tecnologia, emprestar a juros baixos para os empreendedores com projetos inovadores. E sólidos. Significava aplicar o lucro dos dividendos do petróleo em empresas que fazem fibra de carbono (o derivado mais nobre do óleo). Significava usar o lucro do ferro cru para nos dar capacidade de construir trens modernos. Significava reinvestir dinheiro da soja na produção de chips. Coisas com valor agregado, que fazem as economias rodarem com as próprias pernas, sem precisar rezar para que a China volte a pagar caro pelo nosso extrativismo bruto.
Mas não. Pegaram o lucro da carne e deram para a Friboi gerar empregos nos Estados Unidos ¬– e mais mansões e aviões particulares pro Wesley e pro Joesley. O lucro do ferro foi para meia dúzia de empreiteiras fazer estádio aqui, porto lá fora e pagar os bilhões que elas doam por fora para as campanhas com juros de cartão de crédito rotativo. O lucro do petróleo virou prejuízo, e não só por causa da corrupção, mas porque estuprou a indústria do etanol, e deixou o Brasil na rabeira do desenvolvimento de carros elétricos – coisa em que, como no etanol, éramos pioneiros.
E na hora de ajudar empreendedores, o o governo virou sócio de Eike Batista. Boa parte das empresas X tinham participação societária do BNDES. Além de Eike ser Eike, até a mentira dele era retrógrada: bombar mais ainda a extração de matéria prima – petróleo, ferro, carvão…
Século 19, em suma. Os gestores do dinheiro público dos últimos anos não entraram nem no século 20, quanto mais no 21.
Mas não. Não acho que a saída desse bueiro é o impeachment. A primeira medida de um governo Temer seria engavetar as investigações sobre os presidentes da Câmara e do Senado. E até por isso a maior parte do Congresso deve estar feliz com o panelaço de hoje. Michel Temer no Alvorada seria a Valhala, o oásis de 80 virgens, o jardim do Éden dos ladrões de gravata italiana.
Vamos protestar. Ficar quieto é pior. O Brasil tinha a fama de ser um dos países com povo mais bovino. Está deixando de ter – e que se dane a cor da pele ou a conta bancária dos batedores de panela. Achincalha-los por não serem pobres é fanatismo religioso: camelos às vezes passam por buracos de agulha. Destruí-los por serem brancos é racismo. Um racismo tão arcaico e vil quanto o praticado todos os dias por brancos contra negros. Se é para acabar com esses arcaísmos, que não usemos o racismo como arma.
Porque a única forma de a confiança no Brasil voltar é passar uma borracha em todos os nossos arcaísmos, que vão do racismo e da tolerância com a corrupção até o vício em commodities do qual a nossa economia padece. Que usemos a nossa capacidade de protestar, de mostrar que estamos vivos, para construir algo novo. Não para destruir a democracia que conquistamos.

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