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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Caso Bob Dylan: Nobel não é assistência social

Intelectual dizendo “quem deveria ganhar o Nobel” equivale a jornalista esportivo palpitando sobre como o Neymar deve comemorar quando faz gol – coisa que alguns deles até fazem mesmo. Um texto bem compartilhado do New York Times dá a entender que a função do Nobel é social – que quem já foi reconhecido pela humanidade […]

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 dez 2016, 08h50 - Publicado em 14 out 2016, 17h18

bob-dylanIntelectual dizendo “quem deveria ganhar o Nobel” equivale a jornalista esportivo palpitando sobre como o Neymar deve comemorar quando faz gol – coisa que alguns deles até fazem mesmo.

Um texto bem compartilhado do New York Times dá a entender que a função do Nobel é social – que quem já foi reconhecido pela humanidade como gênio não deveria ganhar. Tá certo. Vamos premiar só quem está na sarjeta, então. A peça também diz que o prêmio deveria ter ido pra algum escritor de país pobre. Opa. Eu, como escritor de país pobre, adoraria que isso virasse critério, já que com a grana do Nobel dá pra comprar um bom apto de dois quartos em Higienópolis e passar o resto da vida tomando negroni à tarde na Praça Vilaboim. De resto, exigir cota em prêmio é tão imbecil quanto dar automaticamente um título de campeão brasileiro pro Asa de Arapiraca pelo magnífico trabalho que o Asa faz junto aos menores carentes de Arapiraca (caso o time faça algum mesmo).

Depois, o texto do NYT conclui que o Nobel foi pra ele pra “se aproximar das novas gerações, que não lêem mais”. Que novas gerações? Bob Dylan escreveu a parte mais relevante da obra dele há 50 anos. E que “não lêem mais”? Pelo amor. Nenhuma geração na história da humanidade leu mais do que a dos jovens de agora.

Qual é o Harry Potter da geração passada? E quem é o George R.R. Martin dos nossos avós? Tava todo mundo lendo Dostoiévski, por acaso? Não: tava todo mundo assistindo o Programa da Hebe.

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Se os suecos tivessem a ideia deliberada de agradar os mais jovens, sabe-se lá em nome de quê, davam o prêmio pra J.K. Rowling e pronto (no que não fariam mal – existe mérito literário em criar uma mitologia idolatrada por 1 bilhão de pessoas). Mas não: premiaram um poeta que publicou sua obra em forma de música. E que é ostensivamente reconhecido como o maior letrista vivo. Ponto para os suecos.

Mas o legal mesmo é outra coisa: ver o resto do mundo reclamando de um não-escritor sendo reconhecido como grande escritor, pq aqui no Brasil isso é tão carne de vaca que ninguém nem reclama mais. FHC, Sarney e Marco Maciel, todos membros da Academia Brasileira de Letras, que o digam.

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