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4 desafios para a astronomia no século 21

Por Ana Carolina Prado
Atualizado em 21 dez 2016, 10h12 - Publicado em 12 abr 2011, 23h03

Há 50 anos, o soviético Yuri Gagarin se tornava o primeiro ser humano a ir para o espaço. O cosmonauta, à época com 27 anos, ficou 108 minutos em órbita a bordo da nave Vostok 1, que deu uma volta completa ao redor do nosso planeta. Sim, foi ele quem disse a famosa frase “A terra é azul”. Mas nem tudo foram flores: a nave não tinha condições para fazer uma aterrissagem segura e Yuri Gagarin teve de saltar de dentro dela para chegar ao solo com um paraquedas. De qualquer forma, esse feito corajoso mostrou à humanidade que era possível sim ir para o espaço e foi o pontapé definitivo para a corrida espacial que culminou com a chegada do homem à lua. Muita coisa aconteceu então – já temos, por exemplo, informações concretas sobre estrelas longínquas e já se conhecem mais de 400 planetas diferentes, coisa inimaginável 10 anos atrás. Mas a astronomia possui muitos desafios para o século 21. Listamos 4 deles.

1- Possibilitar viagens espaciais mais longas

Se você sonha em fugir da Terra e viver alguns anos no espaço, temos uma má notícia. Seu corpo não aguentaria. Pelo menos não com a tecnologia que temos hoje. Além de problemas como a falta de gravidade, que o corpo humano teria dificuldade em suportar, o espaço apresenta um nível muito grande de radiação, como os raios cósmicos, que pode facilmente atravessar a nave e provocar doenças como o câncer. “As pessoas costumam ficar no máximo um ano em estações espaciais. A radiação normal do espaço é muito alta e prejudicial. A própria NASA acha que, se o homem fosse para Marte, viagem que levaria vários anos, ele chegaria com graves doenças”, explicou Valter Luiz Líbero, físico responsável pelo Setor de Astronomia do Centro de Divulgação Científica e Cultural da USP. Então, um dos maiores desafios para este século será tornar possível fazer viagens mais longas e a distâncias maiores para que, quem sabe, o homem possa começar a pensar em colonizar outros planetas.

2- Provar – e entender – a existência de matéria escura e energia escura

Ok, isso você já sabe: o universo está em expansão. Isso é compreensível depois de uma explosão como o Big Bang. O problema é que, depois de um tempo, a tendência é que a velocidade dos corpos vá diminuindo com o tempo. Mas não é o que está acontecendo: as galáxias estão se afastando cada vez mais rápido. A explicação que os cientistas encontraram para isso está na existência de uma energia que esteja empurrando tudo para longe. Essa energia sem brilho nenhum – por isso chamada de escura –  estaria em todo lugar: na rua, na sua casa, na redação da SUPER. Mas só teria efeito em distâncias astronomicamente grandes.

A matéria escura, que tem esse nome porque também não pode ser vista, seria constituída por elementos que ainda não conhecemos e teria uma massa exercendo efeito gravitacional sobre outros corpos celestes. Sua existência é deduzida do efeito que exerce em outros corpos celestes. Por exemplo: quando se calcula a velocidade de rotação do sol, obtém-se um valor menor do que seria esperado tendo em vista a ação da gravidade de outros corpos celestes por perto. O que poderia explicar essa diferença seria a existência de uma massa, invisível para nós, que estivesse influenciando essa atividade.

Mas, embora haja candidatos a matéria escura por aí, ninguém conseguiu provar a existência de um nem de outro. A astronomia tem o desafio de conseguir detectar e medir essas duas entidades. Isso ajudará a entender a estrutura fundamental do universo e permitirá descobrir como ele irá evoluir. Há grupos de pesquisadores trabalhando em equipamentos que conseguiriam detectar a energia escura. “Mas provavelmente vamos levar algumas dezenas de anos para conseguir algum progresso”, acredita Líbero.

3- Decodificar a mensagem dos neutrinos

Neutrinos são partículas aparentemente sem massa e sem carga que permeiam o universo. Mas os cientistas acreditam que elas carregam consigo informações preciosas do local de sua origem. Neutrinos produzidos no interior de outras estrelas, por exemplo, podem informar sobre sua origem e seu fim, o que ajudaria a entender melhor o nosso próprio sol. Eles não devem ter uso prático nenhum, mas são mensageiros dos fenômenos que os criaram. Já existem grandes projetos internacionais estudando o fluxo dessas partículas na Terra. É esperar para ver o que encontram.

4- Descobrir de onde vêm os raios cósmicos


Raios cósmicos são partículas como, por exemplo, prótons, mais pesadas que os neutrinos, com uma energia tão grande que, ao se chocar com a atmosfera da Terra, arrebentam moléculas de gases como oxigênio e nitrogênio e produzem o que os cientistas chamam de chuveiro de partículas. “Nem o LHC (o maior e mais potente acelerador de partículas do mundo) tem toda essa energia”, explica Líbero. Falta descobrir de que corpos celestes esses raios estão vindo e como eles são formados. Diferentemente dos neutrinos, os raios cósmicos interferem diretamente sobre a vida na Terra: eles podem estar ligados à incidência de raios e à interferência na transmissão de dados pelas telecomunicações. Ponto para o Brasil nessa: o Instituto de Física de São Carlos da USP (IFSC) participa do único observatório do mundo que estuda raios cósmicos de alta energia, na Argentina.

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