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A Catástrofe veio mesmo do céu

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h52 - Publicado em 2 ago 2009, 22h00

A queda do cometa Shoelmaker-Levy 9 em Júpiter, em julho passado, reaqueceu o debate sobre o que teria provocado a extinção em massa dos dinossauros na Terra, há 65 milhões de anos. Os sucessivos impactos dos 21 fragmentos do cometa sobre a superfície do planeta gigante mostraram que as conseqüências de uma colisão como essa – a primeira assistida pelos astrofísicos – podem ser muito mais devastadoras do que se imaginava.

A idéia de que os dinossauros tenham desaparecido devido à queda de um gigantesco meteoro não é nova. Ela foi apresentada em 1980 pelo geofísico americano Luiz Alvarez, da Universidade da Califórnia. E, ao longo destes anos, foi reforçada por provas contundentes. A primeira delas vem do subsolo. É que quanto mais fundo se cava, mais antigas são as camadas de terreno encontradas. A camada geológica que corresponde ao fim do período Cretáceo (há 65 milhões de anos) e início do período seguinte, o Terciário (de 65 milhões aI, 7 milhão de anos atrás), apresenta uma faixa de 60 centímetros em que não há nenhum fóssil de dinossauros. É a evidência de que eles sumiram repentinamente.

Se tivessem desaparecido por causa de mudanças ambientais, isso apareceria nos fósseis: em vez de acabar de repente, eles escasseariam ao longo das camadas de solo. Também não há sinais de grandes mudanças ambientais: o estudo do fundo dos oceanos demonstra que não houve nenhuma alteração climática marcante nos últimos 20 000 anos antes do fim do Cretáceo.

E não foram só os dinossauros que sumiram há 65 milhões de anos. Metade das espécies existentes na época foram eliminadas. Desapareceram também criaturas que dependiam da luz solar, como os plânctons e vegetais, que fazem fotossíntese. Isso indica um fulminante corte no fluxo da luz. O que poderia ter causado esse corte, além de uma espessa nuvem de poeira recobrindo todo o planeta? E o que poderia ter levantado toda essa poeira, senão um imenso meteoro?

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A hipótese de Alvarez tem outro ponto a favor: no mundo inteiro, no limite da faixa sem fósseis, há um centímetro de subsolo extremamente rico em irídio – elemento abundante nos asteróides – numa concentração cinqüenta vezes maior que na crosta terrestre.

Daí, os pesquisadores concluem que esse excesso só pode ter vindo do céu: o asteróide responsável pelo rastro de irídio teria um diâmetro entre 6 e 14 quilômetros. Corpos celestes desse tamanho não são raros. Apenas na chamada família de Apollo, um grupo de meteoros que cruza a órbita da Terra, existem cerca de sete asteróides dessa dimensão.

Faltava só achar o local da queda do meteoro. Existem algumas pistas: a velocidade de um asteróide dessa família, ao bater na Terra, seria de 20 quilômetros por segundo, ou seja, nada menos que 72 000 quilômetros por hora. Com tal velocidade, ele deve ter aberto uma cratera de mais de 200 quilômetros de diâmetro. Onde está ela?

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A principal candidata é uma cratera em ruínas, em torno do povoado mexicano de Puerto Chicxulub, na península de Yucatán (veja globo ao lado).
Nesses milhões de anos, ela foi encoberta por uma camada de sedimentos de mais de 100 metros de espessura. A cratera só foi encontrada por um levantamento gravimétrico feito por satélite. Ao passar sobre as bordas da cratera, o satélite acusou que a força de gravidade era maior ali, graças à maior concentração de massa. Foi assim que se encontraram, embaixo da pilha de sedimentos que escondem Chicxulub, um anel de 180 quilômetros de diâmetro, cercado por outros dois: um, de 240 quilômetros e o terceiro, de 300 quilômetros.

A companhia estatal mexicana de petróleo Pemex colheu amostras do subsolo e trouxe à tona rochas derretidas, ressolidificadas. Tudo indica que elas foram expostas a um calor extremo e, depois, resfriadas – como aconteceria na queda de um asteróide.Mais recentemente, os trabalhos publicados pelos geólogos, a partir do ano passado, reforçam ainda mais a suspeita sobre Chicxulub. Eles estimam a idade da cratera com tremenda precisão: 64,98 milhões de anos – coincidência quase perfeita com a data da grande extinção do Cretáceo.

Cada vez mais forte, a hipótese de Alvarez levanta outras discussões. É provável, por exemplo, que o meteoro não tenha vindo sozinho. Além do irídio, a camada geológica do Cretáceo contém pequenas esferas de quartzo fundido, também com idade de 65 milhões de anos. Alguns pesquisadores acham que elas foram produzidas por sucessivos choques de meteoros- como aconteceu com os estilhaços do ShoemakerLevy sobre Júpiter. Resta saber, agora, onde estariam as outras crateras.

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