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Acesso universal à banda larga aumentará poluição do espaço

Satélites de internet lançados por empresas como Google e SpaceX nos próximos anos vão poluir a órbita da Terra – e aumentar em 50% o número de colisões

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
18 abr 2017, 19h37

A 7º Conferência Europeia sobre Lixo Espacial começou nesta terça-feira em Darmstadt, na Alemanha. O encontro discute uma questão inusitada: a espécie humana, em meio século de exploração espacial, já conseguiu poluir nossa vizinhança cósmica. Agora, esse lixo todo pode atrapalhar o desenvolvimento das telecomunicações – ou, pior ainda, aumentar por causa dele.

Já há cerca de 750 mil objetos maiores que um centímetro na órbita da Terra, que alcançam uma velocidade média de 40 mil quilômetros por hora. Nesse ritmo, o impacto de qualquer lasquinha libera energia similar à da explosão de uma granada de mão – mais que o suficiente para dar perda total em um satélite operacional. Resumo da ópera? O espaço, antes tão vazio, virou um campo minado. E quem quiser passar por ele precisa ser muito bom de navegação.

Acontece que tem muita gente querendo aprender a navegar. Gigantes da tecnologia como Google, Samsung e a SpaceX têm planos de colocar em órbita, nós próximos anos, pequenas “constelações” de satélites de pequeno porte, que, em teoria, permitirão acesso mundial a internet de alta velocidade sem fio. Musk, sozinho, que uma rede com 4.425 deles.  

Esses planos não são novidade: em 1995 a SUPER já escrevia sobre uma nova geração de satélites artificiais, que voariam em baixas altitudes e seriam a próxima revolução das telecomunicações. Veja aqui.

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No caminho do idealismo está o lixo. Um dos palestrantes do evento, Hugh Lewis – engenheiro aeroespacial da Universidade de Southampton e participante da conferência –, fez uma simulação de computador e previu quantas colisões entre detritos e satélites poderão ocorrer nos próximos 200 anos se os sonhos do Vale do Silício se concretizarem. Conclusão? O número de acidentes aumentará 50%.

E o problema não para por aí: não basta fazer esses satélites sobreviverem ao ferro velho que já flutua em torno de nós. Também é preciso evitar que eles, ao final de sua vida útil, se tornem parte desse ferro velho e virem novos obstáculos.

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Por causa disso, a Agência Espacial Europeia (ESA) recomenda que esses equipamentos sejam mantidos em baixas altitudes. Assim, eles podem cair na Terra depois da aposentadoria e se desintegrar na atmosfera com o atrito – sem poluir o vácuo. Baterias e tanques de combustível também deverão todos ser todos desativados no processo, já que uma explosão acabaria espalhando ainda mais detritos.

Na teoria, essas recomendações são capazes de resolver o problema. Na prática, planejar a desativação desses satélites é muito difícil, principalmente para empresas que não têm tanta experiência no ramo. “No momento, mesmo os voos espaciais financiados com dinheiro público alcançam só 60% de precisão nessa manobra”, afirmou Lewis ao jornal britânico The Guardian. Como eles [empresas privadas] vão fazer melhor sob pressão comercial e com satélites mais baratos? Essa é a nossa preocupação.”

Para o professor, não há margem para erro. “Mesmo uma taxa de sucesso de 90%, que seria muito boa em comparação ao que alcançamos agora, ainda perderíamos de vista centenas de pequenos satélites desativados”, afirmou na palestra. “Em altitudes tão baixas, isso [acúmulo de lixo] não é bom.”

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