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As 11 descobertas científicas mais importantes de 2016

Inteligência artificial, fósseis com bilhões de anos de idade, segredos históricos do câncer: conheça as pesquisas mais importantes do ano que passou.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 dez 2016, 19h32 - Publicado em 22 dez 2016, 18h46

11) O Ancestral Universal

Todos os seres vivos da terra têm um tataravô em comum e ele se chama Luca. É a sigla para Last Universal Common Ancestor, ou último ancestral comum universal. Pesquisadores da Universidade Heinrich Heine, na Alemanha, reuniram mais de 6 milhões de genes de micróbios para tentar entender como era a composição genética desse ser vivo, que teria existido há 4 bilhões de anos e a partir do qual todas as formas de vida que temos hoje teriam surgido.

Usando computadores para filtrar as bases de dados, os cientistas conseguiram chegar a 355 genes que provavelmente formavam o Luca – o que já indica que tipo de substâncias ele era capaz de produzir e em que ambiente viveu.

O perfil final mostra que Luca era um ser unicelular que não dependia de oxigênio, mas absorvia hidrogênio para sobreviver. A partir dessas características, os pesquisadores concluíram que o habitat dele necessariamente foi um ambiente rico em H2, CO2 e ferro, como as profundezas do oceano. E a descoberta não para por aí: ela é uma forte evidência de que a teoria de que a vida começou a partir de uma “sopa primordial de nutrientes” está incorreta.

 

10) Os fósseis mais antigos do mundo

Fósseis antigos

Cientistas descobriram os fósseis mais velhos de que se tem notícia: são rochas de 3,7 bilhões de anos, encontradas no sudoeste da Groenlândia. Essas pedras idosas são chamadas de estromatólitos e parecem uma couve-flor, porque são cheias de camadas.

Essas camadas são criadas por cianobactérias, que formam colônias e começam a fixar quantidades cada vez maiores de sedimentos. Esse sedimento capturado reage com o carbonato de cálcio encontrado na água do mar – e assim vai formando pedras de limo, que vão se acumulando de pouquinho em pouquinho.

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Os estromatólitos recebem o status de fósseis porque também são um registro da vida microbiana que foi necessária para formar essa estrutura. É exatamente por isso que essa descoberta é tão importante para a ciência: se temos estromatólitos há quase 3,7 bilhões de anos, sabemos que, com certeza, a essa altura as cianobactérias já estavam por aqui.

 

9) O quarto estado da água

A água não precisa estar em estado sólido, líquido ou gasoso, como aprendemos na escola. Basta ela se sentir pressionada o suficiente que surge uma quarta fase, que a física clássica não é capaz de explicar.

Pesquisadores do Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos Estados Unidos, observaram moléculas de água aprisionadas dentro de canais minúsculos em um mineral chamado berilo, que compõe as esmeraldas. Essa H2O é mantida em condições de extrema pressão, um baita aperto.

O que os cientistas encontraram foi o efeito túnel – um fenômeno que só é observado em nível quântico. Normalmente, os elétrons param de se mover quando não têm energia para transpor uma barreira à sua frente. É como pensar em uma bola que precisa de um chute forte o suficiente para subir uma montanha. Mas, no reino da física quântica, há situações em que vemos que essa bola, sem tomar uma bica, atravessa a montanha sem ganho de energia. Na verdade, no mundo quântico, essa bola chega a estar dos dois lados da montanha ao mesmo tempo. Ou dentro da montanha.

Foi esse futebol esquisito que os pesquisadores observaram com moléculas de H2O, só que elas são muito maiores que as partículas quânticas em que geralmente os cientistas encontram o efeito túnel – por isso o “novo” estado da água foi uma das mais estranhas descobertas do ano.

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8) Câncer mais antigo da história

Encontramos o registro mais antigo de câncer de que se tem notícia, em uma caverna na África do Sul. A região é cheia de fósseis e registros dos nossos antepassados e, por isso, é conhecida como Berço da Humanidade.

Estudando o interior de um fóssil de pé humano de 1,7 milhão de anos usando análise 3D, arqueólogos notaram um crescimento estranho de tecido ósseo, que acabou se revelando um antiquíssimo osteosarcoma. A descoberta ajuda a mostrar que o câncer não é exclusividade da modernidade e que a predisposição para ele existe há milhares de anos. O tumor fossilizado ajuda a explicar porque temos tão poucos registros de câncer da Antiguidade para trás – a teoria é que esse fato se deve mais à baixa expectativa de vida do que a “estilos de vida saudáveis”, já que câncer geralmente atinge pessoas de 65 anos ou mais. Osteosarcoma é uma exceção – há 1,7 milhões de anos e atualmente – já que atinge especialmente a crianças e jovens adultos.

 

7) Vida humana tem limite máximo

De acordo com pesquisadores da Albert Einstein College of Medicine, existe um limite máximo para a vida humana – e nós praticamente já o alcançamos. O estudo deles analisou os supercentenários que morreram a cada ano, de 1968 a 2006. Até 1995, a idade da pessoa mais velha a morrer aumentava 0,15 todo ano – ou seja, estávamos vivendo quase 2 meses a mais. Em 1997, morreu Jeanne Calment, com 122 anos, a pessoa mais velha de que se tem registro. Foi justo nessa época que a idade máxima parou de crescer. Na verdade, ela chegou a cair mais de três meses ao ano.

“Temos 95% de certeza que o limite da vida humana fica entre 113 e 116 anos”, contou Brandon Milholland, um dos autores. “Esperamos ver alguém viver até os 125 – mas só uma vez a cada 10 mil anos”. Para expandir o limite da vida humana além desse limite, vai ser necessário um avanço biotecnológico muito maior do que vimos até hoje. “A maioria das intervenções médicas consertam uma coisa de cada vez. Mas, na velhice extrema, tudo está falhando. E isso a medicina atualmente não sabe resolver”.

 

6) Primeiro avião solar a dar a volta ao mundo

Avião solar

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Este caso não é exatamente uma descoberta científica, mas é um marco no desenvolvimento de energias renováveis. O Solar Impulse 2 tornou-se o primeiro avião solar a dar uma volta completa na Terra.

A viagem começou em março de 2015, em Abu Dhabi. Seguiu na direção do Oriente, parando em vários países: Omã, Índia, Myanmar, China e Japão. A partir daí, surgiu o primeiro grande desafio: nunca antes um avião sem combustível havia atravessado um oceano. Deu tudo certo, mas foi um grande esforço para o equipamento, e as baterias foram danificadas pelo excesso de calor. Aí a equipe decidiu adiar a viagem até 2016 e só voltou a voar em 21 de abril deste ano, quando o avião finalmente saiu do Havaí e pousou na região do Vale do Silício.

Não foi fácil dar a volta ao mundo sem combustível. Para começar, o avião era bastante lento, e só alcançava uma velocidade máxima de 80 km/h, menor que a de um carro numa rodovia.

O feito abre espaço para mais pesquisas na área da aviação com energia solar. É isso que os pioneiros suíços estão querendo agora: estudar e melhorar cada vez mais essa forma de energia para, quem sabe num futuro próximo, substituir de vez os combustíveis fósseis – e poluentes – pela energia limpa.

 

5) Zika vírus e microcefalia

Pode parecer que faz muito tempo, mas no início de 2016 o zika vírus era um dos temas mais comentados – e assustadores – da ciência. Isso porque o final de 2015 viu surgir uma epidemia de bebês com microcefalia no Brasil. O surto de zika logo pareceu associado ao fenômeno dos recém-nascidos, mas comprovar a relação das duas doenças exigiu um esforço internacional enorme.

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No fim, um grande estudo que uniu Brasil e EUA conseguiu confirmar que o vírus tinha uma grande impacto no cérebro de fetos, podendo levar à microcefalia. O estudo de sucesso rendeu à pesquisadora brasileira Turchi uma inclusão na lista dos melhores cientistas do ano da revista Nature, mas o medo do zika continuou solto entre os estrangeiros, que ficaram apreensivos durante as Olimpíadas – mesmo que o risco de levar uma bala perdida na Rio 2016 fosse maior do que o de contrair a doença.

4) Inteligência Artificial aprende a jogar Go

Um computador conseguiu superar os maiores campeões humanos do Go, jogo oriental mais complexo que o xadrez. Go parece simples, a princípio, mas tem mais possibilidade que o número de átomos no universo. Peças são colocadas sobre os pontos formados no tabuleiro, se você cerca uma ou mais pedras adversárias, elas se tornam suas. Nenhuma peça se mexe, apenas novas são adicionadas – mas o tabuleiro é enorme e as estratégias, quase infinitas.

O Google criou um computador capaz de superar uma pessoa mas, ao invés de ensiná-lo a seguir as regras, eles ensinaram a máquina a pensar. O jogador robótico, chamado de AlphaGo, tem um software que consegue interpretar padrões em um sistema que tenta simular o aprendizado humano.

O evento foi simbólico, porque o AlphaGo conseguiu simular o funcionamento da mente humana de forma inédita e, para completar, melhorava a cada partida. Suas habilidades não precisam se limitar só ao jogo – o que significa que poderemos ter robôs que “pensam como humanos” realizando todo tipo de função, de análise econômica à atendimento médico, em um futuro não tão distante.

 

3) Extinção das abelhas

Extinção das abelhas

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Depois de anos desaparecendo misteriosamente, as abelhas foram parar, pela primeira vez, em uma lista de espécies de extinção, criada pelo Fish and Wildlife Service, o Ibama americano.

Das 25 mil espécies de abelha, sete estão perto de desaparecer, todas do gênero das abelhas de cara amarela. A situação não está crítica só nos EUA, onde 31% delas desapareceram em um ano, mas também na Europa (53% de queda) e no Brasil (quase 30%) – um sério problema para a agricultura, porque dois terços da nossa comida vêm direta ou indiretamente de vegetais que precisam de abelhas para se reproduzir.

Alguns cientistas acham que é a culpa é da poluição; outros apostam nos pesticidas. Existe, também, uma doença chamada Síndrome do Colapso da Colônia, na qual as abelhas simplesmente abandonam suas colmeias sem que nada de errado aconteça. Mas a síndrome ainda é um mistério, o que deixa os cientistas de mãos atadas.

 

2) Camada de ozônio se recupera bem

O buraco na camada de ozônio acima da Antártida está diminuindo e os aliviados cientistas afirmam que a “culpa” é nossa: o esforço mundial para diminuir a emissão de CFC (clorofluorcarbono) na atmosfera funcionou. Os esforços para banir os gases – que eram usados em geladeiras, desodorantes e sprays de cabelo, sem preocupação – apareceram nos anos 1970 e 1980. Em 1987, o Protocolo de Montreal, assinado por 46 países, selou o destino do CFC. Isso porque químicos britânicos descobriram que o cloro dos sprays reagia com o ozônio da atmosfera e dissipava a camada formada pelo gás que protege o planeta dos raios UV.

Quase 30 anos depois, os cientistas finalmente podem dizer que o acordo mundial funcionou. Uma equipe liderada por Susan Solomon, do MIT, observa a camada de ozônio que cobre a região da Antártida desde 2000. Nesse período, a pesquisadora afirma que o buraco diminuiu mais de 4 milhões de km² e que já existem sinais visíveis de recuperação.

 

1) Ondas Gravitacionais

Imagine que, em um belo dia de trabalho, você descobre uma prova incontestável de que Einstein estava certo. Tudo que você viu foi uma pequena distorção de um raio laser – mas ela confirma o que o pai da Teoria da Relatividade já tinha pensado há um século. O que você faria?

A escolha dos pesquisadores do LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory) foi esperar o necessário para confirmar sem sombra de dúvidas que a descoberta era real. O observatório foi o primeiro a detectar provas da existência de Ondas Gravitacionais – que valeu, inclusive, dobradinha na Retrospectiva 2016 da Super: também foi a maior descoberta astronômica do ano.

A proposta de Albert Einstein, há 100 anos, era simples: a gravidade precisa ser uma força como todas as outras. Se o eletromagnetismo tem suas respectivas ondas eletromagnéticas – na forma de luz, rádio, da conexão de 3G que você está usando para ler esse texto – então a gravidade, que une sistemas e galáxias e mantém nossos corpos bem presos à superfície terrestre, precisaria emitir alguma espécie de onda também.

O problema é que ninguém encontrava sinal deste fenômeno. Suspeitava-se que grandes concentrações de massa se movimentando em alta velocidade resultariam em ondas gravitacionais, deformando a própria estrutura do espaço-tempo. Um cataclisma digno dessas condições era a colisão entre dois buracos negros.

Pois bem: o LIGO conseguiu identificar o rebuliço causado por uma trombada dessas, que ocorreu a 1 bilhão de anos-luz, e foi refletir na Terra em fevereiro deste ano. Dois buracos com massa equivalente a 35 e 30 sóis teriam dado origem a um buracão de 62 massas solares, liberando uma energia equivalente a 3 sóis – e um tsunami gravitacional.

A revelação exigiu cautela: em 2014, um observatório no Pólo Sul disse que tinha encontrado indícios das ondas sonhadas por Einstein e no fim, não conseguiu confirmar o feito. Para não chamar atenção à toa, o LIGO passou cinco meses analisando os dados dos seus detectores à laser (você pode entender como eles funcionam aqui) e guardando o segredo. Em junho, veio o anúncio de uma segunda detecção desse fenômeno, que pode nos ajudar a desvendar o Big Bang e um dos maiores mistérios do Universo: a matéria escura. Foi suficiente para cimentar a descoberta como a maior contribuição de 2016 para a ciência.

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