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Cientistas descobrem função de parte misteriosa do “DNA lixo”

Finalmente entendemos a importância de "sobras" do código genético que a evolução se recusa a remover.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 jan 2018, 13h06 - Publicado em 23 jan 2018, 18h35

Talvez você já tenha ouvido falar no “DNA Lixo”. Há décadas, os cientistas sabem que apenas uma parte muito pequena do seu DNA é o que chamamos de “codificador”, ou seja, contém os genes responsáveis por carregar as instruções que ensinam nosso corpo a produzir proteínas necessárias para o funcionamento do organismo.

É isso mesmo: somos ensinados a vida inteira que codificar é a principal função do DNA. Mas esse trabalho só é desempenhado por 14% do seu material genético, segundo os cálculos mais recentes. Os outros 86% costumavam ser chamados de junk DNA, ou DNA Lixo.

Mais recentemente, a ciência foi percebendo que esse material genético não era inútil assim: descobriu-se, por exemplo, que parte dele tem o papel fundamental de gerenciar a interação entre genes.

Mesmo assim, para boa parte desses 86%, os cientistas ainda não encontraram função. Daí eles mudaram a nomenclatura, de DNA Lixo para Matéria Escura de DNA. Ou seja: assim como a matéria escura do Universo, não sabemos exatamente para que esses trechos servem, nem como eles funcionam, mas sabemos que sem eles, nossa vida – e o Universo – não seriam os mesmos.

Esse mistério todo acaba de diminuir, pelo menos para o trecho da matéria escura genética conhecido como “DNA ultraconservado”. Esse é o nome dado a 481 sequências específicas de DNA lixo que aparecem, idênticas, em uma ampla gama de animais diferentes: humanos, camundongos, galinhas…

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São trechos, portanto, que não foram alterados ao longo da evolução das espécies. De alguma forma, a seleção natural fez questão de manter esses pedacinhos ali, inalterados em todas as espécies.

A questão, que permaneceu por 14 anos, era: por quê? Se aquele trecho era de DNA não-codificante, que não possuía informação para nossa sobrevivência, porque ele tinha sobrevivido a tantas mudanças? Por que aparecia no material genético de tantos animais?

Agora nós sabemos a resposta: esses trechos são essenciais para o desenvolvimento do organismo.

Descobrimos isso de uma forma meio troglodita, ainda que bastante científica. Usando o CRISP-Cas, uma ferramenta de edição genética, pesquisadores foram lá e eliminaram quatro sequências de DNA ultraconservado, em regiões vizinhas a genes que regulam o desenvolvimento do cérebro. Simplesmente deletaram os quatro trechos e esperaram para ver o que aconteceria com os bichinhos.

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Desde que não tivessem todas as sequências deletadas ao mesmo tempo, a maioria dos bichos sobrevivia. E, aparentemente, eles seguiram a vida normalmente. Eram até férteis. Mas foi só quando os cientistas começaram a dissecar o cérebro dos animais que descobriram a falta que o DNA deletado fez.

As anormalidades neurológicas eram várias: menor volume cerebral, nos casos mais graves; subdesenvolvimento de células cerebrais e até redução no peso corporal dos ratinhos. Regiões do cérebro associadas à formação de memórias também tinham problemas de desenvolvimento.

Se para os cientistas, a pesquisa representa uma resposta há tempos buscada, para a medicina o impacto pode ser ainda maior. Isso porque, como coloca a Scientific American, quando buscamos as mutações responsáveis por doenças hereditárias, geralmente focamos nos 14% do DNA codificante. Mas a pesquisa é um sinal inicial de que faz sentido ampliar a procura em trechos mais subestimados do material genético.

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