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Cientistas usam Twitter para prever surtos de gripe em tempo real

Surtos de gripe nos EUA, Itália e Espanha conseguiram ser antecipados em até seis semanas - graças às mensagens de 140 caracteres

Por Guilherme Eler
10 Maio 2017, 11h51

Se você é do tipo que, ao sentir qualquer dorzinha no corpo já corre para contar aos fãs do Twitter, saiba que a ciência lhe tem um grande apreço. Ok, tudo que você posta nas redes sociais é informação, e pode ser usado por alguém para um fim que não seja bisbilhotar a vida alheia – que o digam os cientistas que usaram o Flickr para prever enchentes. Mas quando o assunto é o influenza, um mero post no site do passarinho azul já pode ligar o sinal de alerta. A partir de dados que os usuários compartilham por lá, os pesquisadores da Northeastern University, nos EUA, conseguiram desenvolver um método para acompanhar em tempo real o surgimento de epidemias de gripe no país.

Testado para a detecção da gripe comum, o modelo foi capaz de prever a evolução da doença com até seis semanas de antecedência. Esse tempo de vantagem pode ser suficiente para que regiões endêmicas se preparem para lidar melhor com surtos ou epidemias. Podem entrar no pacote medidas como a criação de campanhas de prevenção e mobilização de recursos públicos – além de dar um toque para a população lavar melhor as mãos e não ficar pegando sereno por aí, pelo menos enquanto o vírus estiver com a corda toda.

Mas não é como se os pesquisadores abrissem a rede social e dessem de cara com o número de pessoas que estão espirrando no momento por todo Estados Unidos. Para que se consiga acompanhar o andamento da doença, os posts dos usuários são combinados com outros fatores relacionados à epidemia. Entre eles, estão o período de incubação da doença, a taxa de imunização, o número de pessoas que alguém infectado pode contaminar, e as mutações que formaram novos tipos de vírus.

“Temos mais casos de gripe nesse momento no Texas ou em Nova Jersey? Em Seattle ou São Francisco? O Twitter, que consegue incluir [nos posts] a localização fornecida por GPS, pode servir para determinar isso. Ao observar quantas pessoas estão tuitando sobre seus sintomas ou o quão mal elas estão por conta da gripe, podemos ver como isso afeta cada área dos EUA”, disse Alessandro Vespignani, um dos líderes do projeto, em um pronunciamento oficial.

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A técnica, em si, não é nova. Outros trabalhos de pesquisadores por todo o mundo também já propuseram o Twitter como ferramenta para mapear o vírus da gripe. Como este, apresentado em uma conferência chinesa, este, de pesquisadores italianos, ou este outro, também de uma universidade norte-americana. Mas enquanto essas análises anteriores consideravam períodos fechados de tempo para análise, o método da equipe de Vespignani conseguiu encontrar uma forma de oferecer cobertura em tempo real – ou bastante perto disso.

A ideia foi lançada em novembro de 2013 a partir de um desafio do CDC (sigla em inglês para Centro de Controle de Doenças e Prevenção, que tem sede nos EUA) que buscava ideias para a previsão dos surtos de gripe. A partir daí, o grupo identificou surtos da doença entre 2014 e 2016 – nos Estados Unidos, Itália e Espanha.

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Semanalmente, a tarefa dos pesquisadores era identificar os parâmetros-chave da doença a partir de dados que conseguissem pescar no mar de mensagens de 140 caracteres. Depois, tinham de comparar os resultados com informações de órgãos oficiais como o CDC, e organizações de saúde dos três países.

Tais dados conseguiram traduzir com precisão o andamento da doença nas últimas quatro semanas, porém os pesquisadores consideravam também um delay de sete dias. Esse seria mais ou menos o tempo que você levaria para se dar conta de que está meio mal, correr ao médico e ganhar o diagnóstico de infeccção pelo influenza – para aí sim contar a novidade aos seguidores.

Analisando como evoluiam os casos confirmados, podia-se prever o andamento da doença. Isso inclui dados como a semana em que a epidemia iria atingir seu pico e a quantidade estimada de pessoas gripadas, com uma precisão de até 90% – tudo isso, seis semanas antes de todo mundo estar falando do bendito surto de gripe que está afetando o país.

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Para Vespignani, a ferramenta é interessante por possibilitar também o uso de outras fontes de dados como referência, melhorando ainda mais os resultados. Serviços como o intranet, mapa colaborativo da gripe que é popular na Europa, poderiam atuar nesse sentido. O fato é: ninguém sabe dizer o que você está sentindo melhor do que você próprio. “O que está acontecendo?”, pergunta que o Twitter propõe para seus usuários compartilharem um status, no fim das contas, não é uma pergunta tão retórica assim.

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