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Como tomar decisões? Use o instinto

Ele está pronto para socorrer quando uma ameaça surgir. E vai trabalhar para manter seu corpo livre de qualquer arranhão, seja lá qual for a consequência

Por Alexandre de Santi
Atualizado em 15 jun 2018, 15h57 - Publicado em 15 nov 2011, 22h00

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Como tomar decisões

(Rafael Quick/Superinteressante)

Todo mundo tem uma espécie de vigilante dentro da cabeça. É o instinto. Atento à preservação do corpo, ele dispara impulsos que nos fazem proteger a vida, buscar alimentos, procurar parceiros, competir. Esse trabalho é basicamente responsabilidade de um sistema, que depende de duas áreas importantes do cérebro: amídala e ínsula. Junto com o resto do sistema, elas carregam impulsos como herança do homem de milhares de anos atrás, que competia por tudo na natureza.

Os tempos mudaram, mas o estado permanente de alerta segue firme (até demais: tomamos susto quando nossa mãe entra no quarto de surpresa, por exemplo). E tem voz nas nossas decisões, mesmo quando estamos diante de escolhas aparentemente racionais. Essa é uma das grandes descobertas da ciência nas últimas décadas: o instinto influencia nossas escolhas constantemente, mesmo quando a gente não quer.

Dirigir é um ato racional. Certo? Você segue a mão da rua, checa se tem algum carro ao lado antes de mudar de faixa, pensa no trajeto mais rápido. Mas isso quando tudo está nos conformes. Se um pedestre ameaça atravessar a rua sem olhar, é preciso reagir com rapidez: você freia, joga o carro para o lado, faz o que pode para impedir o atropelamento. Ainda que isso signifique bater no carro ao lado ou provocar um engavetamento. Na verdade, você nem tem tempo para ser racional. Só age, tentando se proteger e salvar a vida do pedestre.

Se você tivesse um controle remoto para pausar a vida, checaria se o pedestre estava mesmo atravessando a rua ou só procurando um táxi. Mas esse controle não existe. E de bate-pronto só o instinto oferece a agilidade de que precisamos. A amídala e a ínsula enviam impulsos fortes que chamamos de sentimentos, às vezes até de pressentimentos, porque é como se nos ajudassem a farejar o perigo (como no caso do pedestre). Esses impulsos são então interpretados pelo córtex pré-frontal, parte racional do cérebro. Percebemos que estamos com medo ou com fome, por exemplo.

DE MOCINHO A BANDIDO

O instinto pode impedir que você use a razão quando necessário. E comprometer sua segurança. No verão de 1949, bombeiros foram chamados para apagar um incêndio numa colina no estado de Montana, EUA. As chamas estavam muito intensas e acuaram a brigada. Assustados, os bombeiros fugiram. Não ouviram seu líder, Foreman Wagner Dodge, que lhes pedia que ficassem parados. Dodge não correu, apenas queimou o mato à sua frente e se deitou. O fogo chegou até ele, mas passou a seu lado, onde havia vegetação como combustível. Usando a razão, Dodge sobreviveu. Treze de seus colegas morreram por ouvir só o instinto.

No dia a dia o instinto entra em cena em situações banais e cruciais. Se você está dirigindo na estrada e vê um posto, talvez fique com vontade de ir ao banheiro (é o instinto vendo a oportunidade de ajudar o corpo). Mas, se uma pessoa com jeito suspeito também entrar no posto, você dará meia-volta, confiando na sensação que indica um assalto prestes a ocorrer. Em uma festa, se você está à procura de um par, os instintos também vão agir. Você carrega milhares de anos de evolução na arte de buscar o parceiro ideal, mesmo sem saber nada disso racionalmente. Cheiros, jeito de expressar, tudo é avaliado no seu cérebro sem que você perceba. Se uma boa combinação aparecer, o instinto vai lançar estímulos para a parte racional do cérebro. E você se sentirá atraído por alguém.

“Sem o instinto, não conseguiríamos escolher as coisas mais básicas da vida”, diz André Palmini, chefe do Serviço de Neurologia do Hospital São Lucas da PUC do Rio Grande do Sul. Mas é importante lembrar que o instinto zela pela sua integridade no instante em que a escolha aparece. Ou seja: ajuda principalmente nas decisões imediatas. Quando ele escolhe alguém em uma festa, não está dizendo que você deve se casar com ela — isso depende também das outras engrenagens do cérebro, que você conhece ao longo desta reportagem.

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Se já leu sobre as 3 engrenagens, aprenda a usá-las.

O INSTINTO NO COMANDO

O que é: Nosso mecanismo de sobrevivência. Zela pela preservação do corpo, criando impulsos que nos fazem comer, fugir, competir com os outros.

Quando usar: Se não der tempo de recorrer à razão. Como quando você está prestes a causar um acidente — e a reação tem de ser imediata. Só o impulso pode te salvar.

Quando não usar: Quando ele não é crucial para salvar sua vida. Liberar a vontade de bater no colega de trabalho só arrumaria problema, por exemplo.

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