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Cuide de seus olhos

Se eles estão funcionando bem, são o principal órgão sensorial, as janelas por onde o cérebro percebe o mundo.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 jan 2018, 16h31 - Publicado em 31 mar 2006, 22h00

Glaucoma, descolamento de retina, retinopatia diabética, catarata e degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Todas essas doenças oculares têm em comum a inquietante propensão de gerar milhões de cegos entre nós, nem sempre em uma idade avançada. Mas, para nossa sorte, a imensa maioria desses casos pode ser detectada e tratada antes que se instale e cause danos irreversíveis. Basta uma visita ao oftalmologista.

Por exemplo, o descolamento de retina (separação da retina da parte de baixo que a sustenta, o que causa a perda progressiva do campo visual) é precedido de rasgos indolores que se manifestam por perda de visão e aparição de brilhos de luz, manchas e riscos flutuantes no campo visual. Nesse estágio, as lesões de desgaste na retina podem ser tratadas com o raio laser ou com a sonda congelada (criopexia), mas um exame regular de fundo de olho com um simples oftalmoscópio teria permitido detectar mais cedo a lesão e simplificar enormemente o tratamento.

Qualquer anomalia ocular não detectada precocemente pode impedir o desenvolvimento da visão e deixar seqüelas para o resto da vida. Por isso, é essencial a prevenção, que deve começar desde cedo. Os olhos dos recém-nascidos devem ser examinados pelo médico para descartar infecções e desordens. Antes dos 5 anos, o pediatra avaliará se o pequeno tem a mesma capacidade de visão em ambos os olhos, um problema refrativo ou um desajuste no alinhamento ocular. A partir dos 5 ou 6 anos, quando as crianças começam a freqüentar a escola, as exigências visuais aumentam. Contar com um sistema visual livre de disfunções binoculares (estrabismo ou não), acomodativas (sistema de foco) ou oculomotoras, assim como um bom processamento da informação visual (percepção visual), são indispensáveis para o rendimento adequado da visão e, por conseqüência, escolar.

Um erro acomodativo, por exemplo, pode conduzir à falta de concentração. Problemas na percepção visual se traduzem em más caligrafia e ortografia, bem como em uma péssima memória visual. As falhas binoculares não estrábicas desestimulam a leitura e o estudo. E as complicações oculomotoras tornam impossível uma boa leitura. Por sua parte, os erros refrativos dificultam a visão do que se escreve e se desenha no quadro-negro, enquanto a lateralidade cruzada inverte letras e números e confunde direita e esquerda.

A detecção precoce desses problemas é fundamental para o correto tratamento. “Não se pode esquecer que a visão infantil não se forma completamente até os 10 anos de idade, o que permite uma solução da doença ocular se ela for detectada a tempo”, diz o médico Enrique Chipont, do Instituto Oftalmológico de Alicante, na Espanha. Óculos, lentes, terapia visual e, em certos casos, cirurgia evitam ou retardam o aparecimento de males maiores.

Além dos exames oftalmológicos, o cuidado com a vista exige alguns hábitos de higiene e comportamento corretos. Por exemplo, a forma de assistir TV e de trabalhar no computador, o tipo de iluminação que usamos para a leitura, a dieta que seguimos, a automedicação – por exemplo, usar colírios sem receita médica – ou os óculos de sol que escolhemos podem afetar nossos olhos. Sobre esse último ponto, os oftalmologistas advertem que os óculos vendidos fora dos centros especializados, como os de camelôs, não reúnem os requisitos mínimos de qualidade para proteger os olhos da radiação solar e podem ser prejudiciais à visão.

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Males evitáveis

Prevenir é mesmo a palavra-chave quando o assunto é manter a qualidade da visão. Uma pesquisa feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que mais de 161 milhões de pessoas no mundo têm a visão reduzida – das quais 37 milhões são cegas. Nada menos do que 75% das ocorrências de cegueira poderiam ter sido evitadas. No caso do glaucoma – o maior causador de cegueira sem cura no Brasil –, a prevenção é bem simples. O transtorno é provocado por um forte aumento da pressão ocular, que costuma ser propiciado por uma eliminação deficiente do humor vítreo, um gel claro que preenche a parte interna do globo ocular. A alta pressão destrói o nervo óptico e, em casos avançados, leva o paciente à cegueira irreversível. “A pressão intra-ocular pode ser medida com exames rápidos e indolores, assim como o estado da retina e do nervo óptico”, diz o médico Daniel Elies, responsável pela Unidade de Glaucoma do Instituto Oftalmológico de Barcelona, na Espanha.

No Brasil, estima-se que existam 900 mil pessoas com glaucoma. Como 80% dos casos não apresentam sintomas, não é raro que o paciente só descubra a doença quando a visão num dos olhos já esteja quase perdida. “Não se pode prevenir a chegada do glaucoma, mas sim a cegueira. Por isso, o diagnóstico precoce e a fidelidade no tratamento são importantes”, diz o oftalmologista Paulo Augusto de Arruda Mello, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Outro fantasma silencioso é a diabete – terceira na lista de causas de cegueira no Brasil. Mais de 10 milhões de pessoas sofrem com ela no país, mas só a metade sabe disso, afirma o endocrinologista Filippo Pedrinola. E tanto os que estão sem diagnosticar quanto os que recebem tratamento correm um alto risco de perder a visão se não forem acompanhados pelo oftalmologista.

O excesso de glicose no sangue engrossa as paredes dos delgados vasos que irrigam a fina membrana retiniana, o que os debilita e, em conseqüência, os torna mais propensos às deformações e fugas de sangue. Em alguns casos, aparecerá um edema que afetará rapidamente a visão. Em outros, a retina deixará de estar irrigada, o que desata o crescimento anárquico de novos capilares. Isso pode acarretar hemorragias e, às vezes, descolamento de retina. Essas lesões poderiam ser evitadas com o controle da diabete, a manutenção da pressão arterial em níveis normais e um exame oftalmológico anual.

Atenção a partir dos 40 anos

Mais complicada é a degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Embora seja considerada a primeira causa de falta de visão em pessoas com mais de 65 anos, ninguém até agora conseguiu explicar por que a mácula, a zona da retina onde reside 90% da visão, se decompõe inexoravelmente. No Brasil, são quase 3 milhões as pessoas acima de 65 anos com DMRI, segundo um estudo publicado no informativo Perfil, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

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A DMRI pode ser detectada pelo oftalmologista mediante o clássico reflexo de fundo de olho, que hoje conta com uma tecnologia sofisticada para estudar milimetricamente a saúde retiniana. Antes que o paciente note as primeiras moléstias, o especialista reconhece alguns depósitos compactos branco-amarelados distribuídos pelo centro da retina, assim como compactações de pigmentos na mácula. Em casos avançados, concretamente na chamada degeneração macular úmida, a angiografia fluorescente permite visualizar a proliferação patológica de novos vasos sanguíneos que só a terapia fotodinâmica é capaz de destruir.

Salvo exceções, essas terríveis doenças oculares iniciam sua evolução depois dos 40 anos. Coincidem assim com os primeiros sinais da presbiopia, mais conhecida como “vista cansada”. Seus sintomas: dor nos olhos ao ler, vista embaçada, extensão dos braços para ler livros e jornais, impossibilidade de focar os objetos por muito tempo. As causas: perda de elasticidade do cristalino e diminuição da capacidade de contração do músculo ciliar para mover os ligamentos dessa lente. Condição fisiológica e não patológica que acaba afetando todo mundo, a presbiopia constitui uma ocasião de ouro para aqueles que sempre adiam a consulta oftalmológica. Obviamente, esses não são exemplos a seguir.

Nem sempre as doenças interferem na acuidade visual. Outros sintomas e manifestações não vinculados à perda de nitidez podem ser um sinal de alerta – por exemplo, a dificuldade em calcular as distâncias e em seguir os objetos em movimento ou a leitura e a escrita deficientes.

Olhe por seus olhos. Se ao longo da vida realizar exames periódicos da visão, você será recompensado durante a velhice. Esteja certo disso. n

Adaptação Patrícia Pereira

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Alimentos que fazem bem à vista

Cinco vitaminas presentes emfrutas e verduras são essenciais parao bom funcionamento dos olhos e para prevenir os problemas ópticos

Vitamina – A

Efeitos: Seu déficit provoca a diminuição da acuidade visual ao escurecer, conjuntiva ressecada, ulceração da córnea e inflamação das pálpebras

Onde se encontra: Cenoura, espinafre, tomate, fígado, gema de ovo, laticínios

Vitamina – C

Efeitos: É importante para prevenir a degeneração macular relacionada à idade (DMRI)

Onde se encontra:  Cítricos e outras frutas, tomate, couve crua, melão, verduras de folhas verdes

Vitamina – E

Efeitos: Potente antioxidante que, combinado a outras vitaminas, pode reduzir o risco de cataratas e de degeneração macular

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Onde se encontra: Maçã, abacate, ameixa, tomate, aspargo, banana, melão

Vitamina – B2 (Riboflavina)

Efeitos: Protege os olhos e preserva das cataratas

Onde se encontra: Verduras, leite, farinha integral, levedura de cerveja

Vitamina – Luteína

Efeitos: Protege os olhos da radiação solar nociva. É eficaz para prevenir cataratas e DMRI

Onde se encontra: Espinafre, abóbora, tomate, pimentão, milho, brócolis

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Como enxergamos

Os globos oculares ficam alojados dentro de cavidades ósseas chamadas órbitas. É por meio deles que recebemos a luz e formamos as imagens. Mas, na verdade, enxergamos com o cérebro.

Os raios de luz que partem de um objeto chegam aos olhos e passam por duas lentes convergentes – primeiro a córnea e depois o cristalino. Essas lentes fazem com que a direção da luz seja alterada para que os raios caiam sobre a retina, onde se localizam os receptores fotossensíveis que codificam esse estímulo luminoso em sinais elétricos que viajam pelo nervo óptico até os centros da visão no cérebro. A quantidade de luz que o olho deve deixar entrar é controlada pela pupila, que se fecha em lugares muito iluminados e se dilata quando na escuridão. O movimento dos olhos é controlado por músculos extrínsecos. O cérebro comanda esses movimentos para que os olhos se dirijam de forma coordenada a um mesmo ponto.

Em todos os lugares

Os olhos exigem atençãopermanente. Veja abaixo os cuidadosque você deve adotar nas situaçõesmais comuns do dia a dia

Na praia

O sal do mar pode causar irritação dos olhos. Lave-os sempre com água doce. Não use lentes.

Na piscina

O cloro da água irrita e pode danificar os olhos. Use sempre óculos de natação adequados e não use lentes.

Em locais ensolarados

Existe uma relação direta entre a radiação solar e a catarata. Use óculos de sol e boné. O reflexo da luz solar pode produzir conjuntivites. Nunca olhe o Sol diretamente.

Em lugares climatizados

Procure evitar a exposição prolongada ao ar-condicionado, que resseca o ambiente e pode prejudicar os olhos.

Em sala de aula

A leitura e a atenção ao quadro-negro podem causar dor de cabeça nas pessoas com problemas de visão. É preciso usar lentes caso exista um problema visual.

Diante da TV

Até hoje não foi demonstrado que ver TV provoque transtornos oculares. No entanto, como medida de precaução, mantenha sempre uma distância prudente e nunca assista TV em ambientes completamente escuros.

Ao se maquiar

Os cosméticos podem causar irritação, alergia e inflamação dos olhos. Use sempre produtos aprovados, sem perfume e hipoalergênicos. Não use cosméticos de outras pessoas e evite as sombras que provoquem alergias. Não aplique cremes muito perto do globo ocular.

Ao praticar esportes

A prática de certos esportes pode colocar em risco a integridade dos olhos. Use sempre um protetor ocular recomendado para o esporte que pratica. Em certas modalidades, como esqui e montanhismo, use sempre óculos de sol para proteger a vista dos raios UV. E utilize sempre cristais de policarbonato quando houver perigo de impacto.

No computador

Não há evidência científica de que o uso prolongado do computador cause danos oculares, embora possa agravar algumas deficiências ópticas e causar a fadiga visual. Para prevenir essas situações, recomenda-se o uso de monitores com boa resolução, que emitam baixa radiação, que tenham incorporado um sistema anti-reflexo ou que incorpore um filtro especial. Trabalhe em local com luz homogênea, situe o monitor a 50 cm dos olhos e nunca de frente ou de costas para uma janela. Descanse 15 minutos a cada duas horas.

 

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