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Diagnóstico: quando o médico diz “isso não é nada”

Às vezes os sintomas não significam que a pessoa esteja doente.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h40 - Publicado em 30 jun 1989, 22h00

Artur Baltrame Ribeiro

Ir ao médico esclarecer o significado de um sintoma é sempre uma situação estressante. Afinal, todos temos, e com razão, medo de doenças. Na maioria das vezes no entanto. somos brindados pelo médico com um “isso não é nada”. Como, nada? Aquela dor tão apavorante não é nada.” aquele inchaço que vai e volta? Nada. também? E, se assim é. por que não me sinto bem? Para decifrar a charada é necessário rever como os médicos se orientam para chegar ao diagnóstico e daí ao tratamento. A partir da descrição que o paciente faz de seus problemas, o médico formula várias hipóteses diagnósticas. O exame físico permite fixar as mais prováveis e, às vezes, afastar a possibilidade de certas doenças.

Em seguida, o médico vai cstabelecer o diagnóstico diferencial. Isto é, vai excluir uma a uma as várias alternativas até chegar a um único diagnóstico. Evidentemente, a primeira preocupação é afastar as hipóteses piores para a saúde do paciente. No processo de acerto diagnóstico é fundamental a realização de exames laboratoriais e radiológicos. Às vezes, porém, o tipo de moléstia não pode ser diagnosticado com precisão por esses métodos e o médico terá de decidir baseado no conhecimento do que chamamos história natural da doença – o seu comportamento, Explico: se na avaliação de um paciente com febre os exames são inicialmente negativos (ou seja, nada revelam de anormal) e em seguida o paciente apresenta tosse e catarro amarelado, a possibilidade de pneumonia se impõe. Aqui, usando de conhecimentos anteriores. o médico pode fazer o diagnÓstico J baseado na história da pneumonia. E muito freqüente entre as mulheres. por exemplo. a queixa de inchaço nos pés. tornozelos e mãos. Diante de pacientes que incham. o médico vai inicialmente afastar a hipótese dc doenças como lesões renais. cardíacas ou hepáticas. Eliminadas tais possibilidades. o diagnóstico é uma condição conhecida como edema idiopático. Idiopático porque a causa real de seu aparecimento não está bem estabelecida. Com base nesse diagnóstico é possível que o medico diga: “ Isso não é nada”.

Pois ele sabe que esse tipo de patologia, por não ser progressive nem comprometer fundamentalmente a saúde, não coloca em risco o pacien¬te. Nesse caso. o paciente apresentou uma queixa objetiva (inchaço) para a qual muitas vezes não há solução defi¬nitiva. Mas a tranqüilidade de saber que não há perigo para a saúde justifica o “isso não é nada”. O que o médico quer dizer é — isso não é nada grave .Outro exemplo, mais comum entre os homens que procuram o médico, é a queixa de dor na região do coração. A preucupação aqui, naturalmente, é excluir problemas cardíacos. Se aexames sofisticados excluem tal patologia, analisam-se outras possibilidades da causa da dor. Por exemplo, ela pode ter origem em uma nevralgia do nervo intercostal, que corre junto das costelas. Desde que essa patologia não traga maiores perigos ao paciente, sendo frequentemente curável em curto prazo, é provável que o médico diga “ isso não é nada”.

Às vezes, nesses casos, não há certeza absoluta do diagnóstico, mas existe grande certeza de não existência de lesões mais graves. O médico, satisfeito porque não há perigo, dirá “isso não é nada”. Na relação médico – paciente, o médico deve sentir quando é apropriado dizer “ isso não é nada”. Deverá avaliar o significado do sintoma para o paciente, o contexto psíquico em que ocorre, antes de rotular a queixa como não sendo uma doença. Um paciente que sofra de disparos do coração não precisa ter, necessariamente, uma causa cardíaca que os explique. Eles podem decorrer, por exemplo, de crises de pânico ( uma doença recentemente reconhecida), que provocam muito mal-estar. Em casos assim, certamente não haverá lugar para o “isso não é nada”.

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