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E se ninguém morresse?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h38 - Publicado em 2 set 2010, 22h00

Paula Soares

Viver para sempre não é sonho assim tão distante. Já tem muito cientista ambicionando a imortalidade – e com resultados significativos. Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas da Espanha injetaram uma enzima em ratos que, ao melhorar a eficácia da divisão celular, aumentou em 50% a expectativa de vida das cobaias. Outros investigam as células-tronco e têm esperança de que elas ajudarão na renovação eterna das células. Mas, não importa por qual caminho vier, assim que o remédio da imortalidade estiver desenvolvido, ele será privilégio de gente milionária. Já existem remédios que custam R$ 1 milhão ao ano (como o que trata uma síndrome rara, em que o sistema imunológico destrói os glóbulos vermelhos do doente durante a noite), e talvez uma pílula da vida eterna não saísse por menos dinheiro. Ainda assim, uma parte dos 9 milhões de milionários do mundo toparia comprar o medicamento. E, daqui a 20 anos, quando a patente do remédio expirasse, o genérico da pílula da imortalidade ficaria acessível a todos. Isso quer dizer que, em poucas décadas, mais da metade das pessoas que morrem todos os anos de doenças cardíacas ou câncer – males que serão evitados com o remédio da imortalidade – deixariam de bater as botas. São 32 milhões de pes-soas ao ano que continuarão vivinhas – e superpovoando o planeta. Com tanta gente, dificilmente escaparíamos do controle de natalidade, da legalização do aborto, da crise ambiental e da escassez de alimentos. Mas nem tudo seria desgraça. Num planeta de imortais, à beira de um colapso ecológico, é possível que as soluções ambientais surgissem mais rapidamente. Afinal, quando a ameaça de destruição deixar de ser um problema só para as gerações futuras, todos vão ter de se mexer. Ninguém vai querer estar vivo quando o mundo acabar, certo?

Tudo novo de novo

Os imortais vão encarar um planeta lotado e trabalho duro para sempre

1. Remedinho mágico
Nos primeiros anos, só os ricos vão usufruir da pílula da vida eterna. Sem mortes por doenças cardíacas ou cânceres, males diretamente ligados ao envelhecimento, o planeta deixaria de perder anualmente 32 milhões de pessoas – e ainda receberia os 150 milhões que já vêm naturalmente ao mundo todos os anos.

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2. Bilhões de vizinhos
Se hoje já exploramos o planeta além da sua capacidade de renovação, com os imortais, o jeito seria controlar a natalidade e liberar o aborto. Assim como nos países populosos, cada casal só poderia ter um filho. Irmãos, tios e primos seriam extintos. Mas as famílias aumentariam: conviveríamos até o fim da vida com avós, bisavós e tetravós.

3. Mão na consciência
Com o acréscimo dos imortais, o desastre ecológico será inevitável. Mas a ameaça pode ser boa. Se todo mundo estiver vivo quando o planeta entrar em colapso – ou seja, quando o futuro distante se tornar realidade -, é possível que a cons-ciência ambiental e a preservação do planeta sejam levados a sério.

4. Vai trabalhar
A previdência, que sustenta os velhos com o trabalho dos jovens, já está em crise com o envelhecimento da população. “Se todo mundo viver 100 anos com aposentadoria, vai ficar caro”, diz o professor de economia da PUC-SP, Antonio dos Santos. Ou seja, as pessoas vão viver para sempre – mas também vão passar o resto da eternidade trabalhando.

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5. Uma mente sem lembranças
O cérebro humano tem limite de armazenamento. “Hoje já esquecemos de informações que não usamos quando aprendemos coisas novas”, explica o gerontologista Aubrey de Grey. Nos imortais, aconteceria o mesmo: séculos inteiros seriam apagados da memória limitada. Vão viver, mas não vão lembrar para contar a história.

6. Adeus, deus
“Há tempo de nascer e tempo de morrer”, diz a Bíblia. A Igreja não aprovaria uma droga que prolongasse a vida por tempo indeterminado. E não espere manifestações só dos católicos. Sem a ameaça de morte, para muita gente não faria sentido se manter religioso – até porque as religiões se baseiam na ideia de recompensar o ser humano no pós-morte.

7. Reinvenção constante
Com tanto tempo nas mãos, os humanos vão querer novas experiências. Engenheiros se tornarão médicos, que se tornarão bombeiros, que vão ser astronautas. O mesmo vai acontecer com os casamentos. O “até que a morte os separe” não vai fazer sentido. Ex-mulheres e ex-maridos vão pipocar por aí – e haja pensão para pagar todo mundo.

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8. Cansei dessa vida
Depois de séculos, ser imortal será um fardo. Quem já viu de tudo não terá motivo para continuar vivo. Sem essa motivação, o ciclo natural da vida será tentador. O suicídio seria uma alternativa. Mas o mais provável é que as pessoas simplesmente parassem de tomar o remédio da juventude e voltassem a envelhecer.

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