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Estudo revela quanto tempo levou o “parto” do Sistema Solar

Antes, no lugar da sua casa, havia apenas uma imensa nuvem de hidrogênio. Mas a gravidade deu um jeito nisso – e demorou mais tempo do que você imagina.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 jan 2023, 18h18 - Publicado em 13 fev 2017, 17h48

Tudo começou há 13,8 bilhões de anos, no Big Bang. A explosão que deu origem ao universo soltou muito gás — e só isso. Essa matéria toda logo começou a se organizar, e assim surgiram galáxias como a sua, a Via Láctea. Mas ela não veio de fábrica com o Sol e a Terra já no devido lugar.  

 4,6 bilhões de anos, muito depois do Big Bang, tudo em que você poderá pôr as mãos na vida, de suas roupas à superfície de Marte, ainda era apenas uma nuvem de poeira e gás hidrogênio muito, muito grande. Nela já estavam contidos os átomos que formariam eu, você e todo o Sistema Solar

A palavra “nuvem”, tão leve, não dá uma noção exata da quantidade de gás que estava em jogo: era tanta massa que toda essa matéria, antes difusa, entrou em colapso por causa da própria gravidade. Primeiro a mistura cósmica foi achatada, como uma pizza ou um LP. Então esse disco girou, e seu centro se aqueceu tanto e acumulou tanto gás que deu à luz o Sol. Da matéria prima que sobrou saíram os oito planetas conhecidos e milhares de outros pequenos astros. 

Não foi um parto fácil: entre o colapso da nuvem lá no começo e o momento em que Júpiter e Saturno engordaram o suficiente para garantir o equilíbrio gravitacional do Sistema Solar — momento em que nosso endereço cósmico ficou com a carinha que conhecemos hoje — 4 milhões de anos haviam se passado. Foi essa a descoberta de um artigo científico publicado semana passada na Science, que contou com a participação da pesquisadora brasileira Maria Zucolotto, do Museu Nacional, no Rio de Janeiro.

Sem dúvida é um parto longo para os padrões de um mamífero. Mas, para os padrões da cosmologia, o Sistema Solar não poderia estar mais dentro da média: a observação de nebulosas da nossa vizinhança indica que a formação de um sistema estelar leva entre 2 milhões e 6 milhões de anos.

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A chave para a descoberta está em rochas muito, muito antigas chamadas “angrites” em inglês — uma referência à cidade de Angra dos Reis (RJ), onde foi encontrado, em 1896, um meteorito cheio delas. Elas são rochas basálticas, ou seja: lava resfriada. A diferença é que a lava em questão se cristalizou há 4,55 bilhões de anos, um piscar de olhos depois da formação do Sistema Solar.

Além da mera idade, as angritas são ótimas para a ciência por outro motivo: elas são cheias de urânio, que é um ótimo relógio biológico. Com o tempo, o metal radioativo decai e vira chumbo, e a química sabe exatamente qual é esse tempo — o que dá uma estimativa muito boa da idade delas.

Com um dado cronológico tão preciso em mãos, os cientistas então analisaram a intensidade do campo magnético a que foram submetidas essas rochas anciãs em vários períodos da formação do Sistema Solar. Angritas que estiveram imersas em gás — um indicador de que a nuvem de formação de astros ainda estava lá — denunciaram campos magnéticos de 5 a 50 teslas. Já angritas mais jovens, com 4,563 bilhões de anos ou menos, não flutuaram na nuvem, encarando apenas 0,6 tesla. Sinal de que, naquela altura, o Sistema Solar já tinha saído do forno. 

 

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