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Índios brasileiros têm genes próximos aos dos aborígenes australianos

Isso encerra um importante debate na paleoantropologia, com vitória para os brasileiros

Por Fábio Marton
Atualizado em 31 out 2016, 18h59 - Publicado em 23 jul 2015, 18h15

De onde vieram os índios? Essa era uma velha controvérsia na paleoantropologia, que pode ter sido resolvida agora. Um estudo genético acaba de revelar que alguns grupos indígenas brasileiros, como os xavantes, suruís e karitianas, tem parte de seu código genético derivado de uma população australo-asiática, mais parecida com os aborígenes australianos ou os negritos (sério, esse é o nome) de Papua Nova Guiné do que com os siberianos, mongóis e chineses.

A controvérsia se arrastava há mais de 20 anos. Estudos genéticos e achados arqueológicos de mais de um século indicavam claramente que uma leva vinda da Sibéria, através do Estreito de Bering – que há 15 mil anos podia ser cruzado a pé – era a origem de todos os nativos da América, do Canadá ao Chile.

Mas um esqueleto encontrado em 1975 complicou a resposta. Era uma moça que viveu em Minas Gerais há 11.500 anos. Surpreendentemente, quando sua face foi reconstruída, mostrou características australóides, diferente de qualquer nativo-americano moderno. O arqueólogo Walter Neves, da USP batizou o achado de Luzia em homenagem ao fóssil africano Lucy. Neves teorizou que uma primeira leva de imigrantes, também vinda pelo estreito de Bering, chegou à América há 15 mil anos, antes dos paleoíndios, com um fenótipo mais asiático. A teoria foi aceita e bastante discutida no Brasil, mas se mantinha controversa no exterior.

Neves estava certo, ainda que ele acreditasse que esses primeiros povos australo-asiáticos não deixaram descendentes. O novo estudo indica que, sim, eles não só existiram, como deixaram sua marca genética na América, ainda que bem mais modesta que a dos paleoíndios asiáticos.

“Esse foi um resultado inesperado e um tanto quanto desconcertante. Gastamos um tempão tentando fazer o resultado ir embora, mas ele só se tornou mais forte”, afirma o autor David Reich, da Universidade de Harvard. “Mas não sabemos a ordem, a separação cronológica ou a distribuição geográfica [da migração]”.

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Reich e sua equipe, que inclui três brasileiros, batizaram os migrantes australóides de População Y, do termo tupi Ypykuéra, “ancestral”.

Fontes
Genetic evidence for two founding populations of the Americas, David Reich, Maria Cátira Bortolini, Maria Luiza Petzl-Erler, Francisco Mauro Salzano et al, Nature

Genetic studies link indigenous peoples in the Amazon and Australasia, Science Daily

Walter Neves: O pai de Luzia, Revista Pesquisa Fapesp

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