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O colecionador de meteoritos

Há 15 anos, o geólogo espanhol José Vicente Casado procura migalhas do espaço. Conheça um dos 12 caça-meteoritos que existem no mundo

Por Carol Castro
Atualizado em 31 out 2016, 18h51 - Publicado em 25 jan 2012, 22h00

SuperArquivo

O geólogo espanhol José Vicente Casado procura migalhas do espaço: ele é um dos 12 caça-meteoritos que existem no mundo. Com a ajuda de imagens de satélites e de GPS, Casado sai a campo à procura das 50 a 60 rochas que caem na Terra todos os anos. Geralmente, encontra as relíquias nos desertos – a escassez de vegetação facilita a busca – e depois as estuda para entender os mistérios do universo.

Quando começou essa paixão por meteoritos?

Comecei com escavações de dinossauros, nos EUA. E lá, nos museus, conheci os meteoritos, que me pareceram muito interessantes. Primeiro comprei alguns, porque é difícil encontrá-los. Então fiz minha primeira viagem de busca, no México, há 15 anos. Disseram que havia alguns por lá, mas passei 9 dias e não encontrei nada. Foi aí que vi que seria uma tarefa realmente difícil. Levou 5 anos para eu encontrar o primeiro meteorito, mas foi muito emocionante quando aconteceu. Nada que existe no solo me parece tão interessante quanto eles.

Como você traça os próximos lugares a serem vasculhados?

Começo em casa, estudando fotografias de satélites. Mas nunca sei exatamente onde eles vão cair, apenas que caem continuamente desde toda a história da Terra. O que ajuda a definir os lugares de busca é a geologia – é mais fácil encontrar em lugares geologicamente estáveis há muitos anos, sem vegetação, com pouca inclinação e que não tenham rios antigos. Ainda assim, dedico muitos dias à busca e conto com um pouco de sorte. No Brasil existem tantos meteoritos quanto no deserto, mas não dá para ver por causa da grande quantidade de árvores.

Como se diferencia um meteorito de uma pedra comum?

Isso é o mais difícil. Geralmente um meteorito é preto por fora, como se fosse queimado, e por dentro tem uma cor mais clara, branca. Sua estrutura também é única, mas aí é preciso um microscópio para perceber que são diferentes das pedras da Terra. O problema é que algumas pedras daqui apresentam minerais que podem ser confundidos com meteoritos. Mas como trabalho com isso há muito tempo já consigo diferenciá-los.

O que você faz com os meteoritos que encontra?

Não vivo de vendê-los. Aliás, eu diria que 95% dos meteoritos que estão à venda na internet são falsos. Eu os coloco em museus, faço exposições, dou palestras. Também trabalho com um planetário móvel para ver e mostrar as estrelas e ensinar como é o universo. Trabalho ainda para algumas universidades na Espanha, na Califórnia – mas é tudo como freelancer. Somando tudo, consigo 9 mil euros por ano.

Qual a importância desse material para a ciência?

É muito importante. Mandar um satélite ao espaço para compreender o sistema solar custa milhões. Mas, quando caem meteoritos, assim de graça, temos de estudá-los. Não é a mesma coisa, claro: no espaço o asteroide está puro. Ainda assim, quando chega material de graça ao solo você pode compreender como aquele asteroide se formou no sistema solar. Estudando um meteorito, é possível saber de onde veio, quando se formou, como era, quando se chocou com outro corpo, quanto tempo ficou viajando pelo espaço. Mas ainda são poucas as máquinas no mundo que fazem essa análise, só uma ou duas. E cada minuto dessa máquina vale mais do que ganho no ano.

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