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8 fatos surreais sobre nossos primos chimpanzés

Chimpanzés são nossos descendentes. Humanos são uma subespécie de chimpanzé. E já fizemos sexo com eles

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 3 abr 2018, 12h13 - Publicado em 26 abr 2012, 22h00

Verdade nº 1: Chimpanzés também são gente

Eles têm mais genes em comum com você do que com um gorila, por exemplo. A diferença entre a composição do nosso DNA e a do DNA deles é de 1,6%, enquanto do deles para o dos gorilas fica em 2,6%. Parece pouco, mas significa muito: nós somos parentes mais próximos dos chimpanzés do que eles são de qualquer macaco.

A semelhança genética é tamanha que nem seria um absurdo tão grande dizer que o Homo sapiens é só mais um tipo de chimpanzé – tanto que Jared Diamond, um dos pesquisadores mais influentes de hoje, disse exatamente isso: que somos “o terceiro chimpanzé”. Os outros seriam o próprio Pan troglodytes – nome científico desse nosso irmão arbóreo – e o bonobo, primo bem próximo do Pan troglodytes (e nosso também). E isso é só o começo do que as pesquisas mais recentes têm a dizer sobre os chimpanzés.

Não é pouco – e significa mais ainda.

Verdade nº 2: Eles “vieram do homem”

Pense no seu avô. Agora no pai do seu avô. Agora no pai dele. Esse sujeito que provavelmente viveu no século 19 é o seu 3º avô. Seu 250 000º avô, por essa linha de raciocínio temporal, pisou na Terra há 6 milhões de anos. Entre os tata(…)tataranetos desse cidadão está você, o resto da humanidade e todos os 200 mil chimpanzés vivos. E o mais interessante: esse ancestral comum era mais “humano” do que chimpanzé, o que permite afirmar, com certa licença poética, que “eles vieram do homem”. Não conhecemos fósseis desse ancestral, mas alguns cientistas estimam que ele era parecido com este hominídeo aqui, o Ardipithecus ramidus, de 4,4 milhões de anos.

Sim, ele tem “cara de macaco”, mas há detalhes bem humanos ali: primeiro, ele era bípede, enquanto os chimpanzés são quadrúpedes; segundo, os dentes caninos não são longos e afiados como o dos chimpanzés, mas gentis como os nossos. Ou seja: os chimpanzés são só uma versão especializada do nosso ancestral comum com eles – especializada em viver nas árvores e em matar com mais eficiência.

Verdade nº 3 – Eles fazem guerras

Que bandos de chimpanzés brigam entre si, não é novidade. Mas descobertas recentes mostram que essas lutas são mais estratégicas do que se imaginava: como os humanos, eles guerreiam por território. E roubam as fêmeas do inimigo. “Vimos que as vítimas preferidas são machos. Testemunhamos a morte de apenas uma fêmea [de um total de 21 baixas ao longo de uma década]”, diz John Mitani, antropólogo da Universidade de Michigan que coordenou essa pesquisa em Uganda. Nessa Guerra dos Dez Anos acompanhada por Mitani e seus colegas, um dos grupos era sempre o agressor. Para eles, valeu a pena, já que seu território de 30 km2 ficou um quarto maior, aparentemente graças ao declínio populacional da concorrência. Outra tática: em vez de combates em campo aberto, os agressores preferem tocaias. Se um bicho do grupo rival tiver o azar de ser achado sozinho ou com só um ou dois companheiros, acaba sendo linchado pelos patrulheiros. Segundo Mitani, o combate letal entre grupos ocorre também no caso de carnívoros sociais, como leões, lobos e hienas. “Mas, até onde sei, essa tomada de território que vemos entre os chimpanzés não tinha sido descrita para essas espécies.”

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Verdade nº 4 – Eles adotam bebês

Perder a mãe ainda novinho é praticamente uma sentença de morte para a maioria dos filhotes de mamíferos, mas não para bebês chimpanzés da Floresta Nacional Taï, na Costa do Marfim. Pesquisadores liderados pelo suíço Christophe Boesch registraram a adoção de quase 20 desses órfãos, ao longo de 27 anos. Só a minoria dessas adoções foi uma iniciativa de parentes do bebê – em metade dos casos, veja só, quem adotou o filhote foi um macho.

Bebês chimpanzés dependem exclusivamente de leite materno durante os primeiros 20 meses de vida, em média. Mesmo depois de desmamados, passam vários anos recebendo comida da mãe e viajando encarapitados nas costas dela. No caso do grupo da Costa do Marfim, as fêmeas Totem e Nabu, que ainda mamavam, receberam leite de Tita e Malibu, suas mães adotivas. A pequena Gia, de menos de 3 anos, virou a protegida do macho Porthos, que a carregou para cima e para baixo durante um ano e meio e a protegeu mesmo durante um perigoso encontro com membros de outro grupo. E outro adulto, Fredy, passou 4 meses compartilhando seu ninho com Victor, que perdera a mãe antes de completar 3 anos.

Para Christophe Boesch, a explicação para as boas “taxas de adoção” em Taï é um tanto sombria: “A alta predação favorece a maior solidariedade dentro do grupo”, afirma. Os predadores, por sinal, são dois: os leopardos e os humanos.

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Verdade nº 5 – Eles pagam por sexo

Só não dá para usar o termo “prostituição” porque as damas que recebem o pagamento não são profissionais. A moeda de troca: carne fresca. A responsável pelo achado é a pesquisadora Cristina Gomes, do Instituto Max Planck, na Alemanha. Ela analisou 262 relações sexuais entre 5 machos e 14 fêmeas ao longo de 4 anos, na Costa do Marfim. Nessa região da África, os chimpanzés costumam suplementar sua dieta com carne de macaco (de outras espécies). Os machos são os principais responsáveis por caçar os macaquinhos, mas não comem a picanha sozinhos – dividem os despojos com fêmeas do bando. Cristina detectou que os machos que fornecem essa iguaria para as fêmeas dobram suas chances de levá-las para a moita mais tarde. Estatisticamente, o efeito da carne é bem mais impactante do que compartilhar outros tipos de comida, catar piolhos da fêmea ou mesmo defendê-la durante brigas. E nem é preciso trazer carne para a geladeira toda hora: uma única vez pode ser o suficiente, aparentemente porque as fêmeas se lembram da boa ação mais tarde.

Verdade nº 6 – Nós já fizemos sexo com eles (ou quase isso)

A ideia é defendida por alguns dos principais cientistas do Projeto Genoma, como Eric Lander, do MIT. Foram justamente análises sofisticadas do genoma de chimpanzés e humanos atuais que revelaram a Lander e cia uma situação estranha: duas grandes “camadas” diferentes de genes compartilhados entre as espécies. A camada mais antiga de genes, com diferenças mais marcantes de humanos para chimpanzés, indicaria uma separação evolutiva bastante remota entre as espécies, que teria acontecido em torno de 10 milhões de anos atrás. A segunda camada, no entanto, tem semelhanças bem maiores, indicando uma separação há 6 milhões de anos. A ideia é que essa variação se deva a uma separação paulatina das duas espécies. Após um “divórcio” há 10 milhões de anos, indivíduos das duas linhagens continuaram cruzando entre si. E só 4 milhões de anos depois a separação teria se consolidado.

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Verdade nº 7 – Eles usam mais ferramentas do que a gente imaginava

Os melhores engenheiros entre os símios vivem numa região conhecida como Triângulo de Goualougo, na República do Congo. Os chimpanzés que habitam essa área de 250 km2 desenvolveram quase 30 formas diferentes de usar ferramentas, um recorde para a espécie (e para todo o mundo animal). Em muitos casos, esses usos envolvem kits especialmente preparados: eles combinam até 3 instrumentos para atingir um determinado fim – geralmente arranjar comida. As vítimas mais comuns são cupins e abelhas. Para atacar cupinzeiros, os macacos de Goualougo usam, primeiro, um bastão, arrombando a entrada do ninho com movimentos circulares. A seguir, o chimpanzé atacante emprega um galho relativamente mole, cuja ponta foi previamente modificada de modo a ficar desfiada, como se fosse uma escova. É que, quanto mais pontas no galho, mais cupins acabam mordendo as “cerdas”, o que turbina o jantar do primata. Para obter mel, outra fonte apreciada de calorias, eles também usam 3 instrumentos. O primeiro é um galho grosso e forte para abrir o primeiro buraco na colmeia. Depois, um galho um pouco mais fino é usado para alargar essa abertura. E um graveto mais fino completa o serviço, fazendo o papel de talher. Embora a matéria-prima usada pelos bichos seja perecível, eles podem reutilizá-la por vários meses, deixando seus bastões “no jeito” perto de cupinzeiros, conta a bioantropóloga americana Crickette Sanz, que estuda os macacos de Goualougo.

Verdade nº 8 – Eles podem ter consciência da morte

Quem já enfrentou a morte de um parente próximo sabe como é terrível. Este foi o fardo da chimpanzé Rosie, nascida num zoológico de Stirling, na Escócia. A mãe dela, Pansy, morreu de causas naturais (a chimpanzé tinha mais de 50 anos, era idosa para a espécie), Rosie passou a noite seguinte praticamente em claro, sem sair de perto do cadáver. Nas semanas seguintes, ela não conseguia comer direito. Reações parecidas – sono inquieto, falta de apetite, silêncio – afetaram os companheiros de Rosie, o macho Chippy e a mãe dele, Blossom. As reações dos primatas foram filmadas e analisadas por pesquisadores da Universidade de Stirling. Para os cientistas, o caso sugere que os bichos possuem algo parecido com a consciência humana da morte, como a necessidade de ficar de luto e até reações de frustração e raiva diante do problema – Chippy chegou a agredir o cadáver da fêmea morta na manhã seguinte, aparentemente inconformado com a perda. O relato, por enquanto, é isolado, mas indica que mesmo as emoções que consideramos mais “humanas” estão presentes em animais complexos como os chimpanzés – e que o desumano aí é chamá-los de “animais”.

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Para saber mais

O Terceiro Chimpanzé
Jared Diamond, Record, 2011

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