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O que faz cada lado do cérebro?

A maior parte das tarefas funciona em esquema de mutirão.

Por Reinaldo José Lopes
Atualizado em 3 Maio 2019, 12h21 - Publicado em 1 Maio 2011, 22h00

Conselho para quem tem manuais do tipo Desenhando com o Lado Direito do Cérebro: encaminhe o livrinho para reciclagem. Faz tempo que os neurocientistas sabem que ninguém desenha só com o lado direito – só se faltar o esquerdo.

Hoje é muito questionada a tese de que os hemisférios cerebrais possuem uma divisão de tarefas rígida. Algumas funções específicas realmente são privilégio da esquerda ou da direita, mas tudo indica que muitas tarefas funcionem em um esquema de mutirão, em que o papel de cada área varia dependendo da necessidade.

Essa ideia de que cada metade do cérebro pode tanto cobrar escanteio quanto correr para cabecear se baseia em casos de pacientes com lesões cerebrais graves que realizam atividades supostamente ligadas às áreas perdidas.

Considere, por exemplo, o caso de dois rapazes acompanhados pela neurocientista Mary Helen Immordino-Yang, da Universidade do Sul da Califórnia. O adolescente argentino Rico e o jovem americano Brooke (nomes fictícios) literalmente perderam metade de seu cérebro: Rico teve o hemisfério direito cirurgicamente retirado para controlar a epilepsia e Brooke tirou o esquerdo como prevenção a uma doença autoimune. Tanto Rico quanto Brooke continuam sendo capazes de andar, falar, raciocinar e interagir socialmente – o que seria impossível se houvesse uma divisão absoluta de tarefas entre os hemisférios cerebrais. A fala, por exemplo, é uma função quase sempre atribuída ao lado esquerdo do cérebro. Seria um caso de plasticidade cerebral em ação, com pedaços do órgão antes destinados a determinada função tomando o lugar dos que estão faltando.

“O que nós estamos vendo é que a atividade dos neurônios é sempre probabilística”, diz Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro da Universidade Duke (EUA). “Não são sempre os mesmos neurônios que produzem a mesma ação. A atividade cerebral flutua.” Se essa observação se confirmar em mais estudos, o neurocientista diz que será preciso derrubar de vez a ideia de hemisférios especializados. Resta saber se as convicções dos cientistas são tão flexíveis quanto o cérebro deles.

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É de ladinho que eu lhe acho

Saiba as funções cerebrais ainda atribuídas a hemisférios específicos – e quais já são dadas como bilaterais:

Como dois e dois
Tudo indica que os aspectos mais importantes da manipulação de números estão relacionados com o hemisfério esquerdo do cérebro. Ou seja, você pode até não ser muito bom de matemática, mas a capacidade está lá.

Faz sentido
São do lado esquerdo as faculdades mentais responsáveis por elaborar um raciocínio de forma clara, assim como as que ajudam a recordar uma sequência de acontecimentos.

Lado direito do corpo
O controle neuronal de cada metade do corpo é invertido. Assim, destros têm seu “braço de escrever” controlado pelo hemisfério esquerdo.

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“Falta só um milhão”
A parte mais sutil da fala – tons de voz denotando ironia ou humor, a ênfase em uma determinada palavra – é processada neste lado.

Você vem sempre aqui?
Reconhecer rostos é uma habilidade importantíssima para espécies sociais como nós, e parece que o hemisfério direito é crucial para isso.

Função picasso
Os tais “manuais para desenhar com o lado direito do cérebro” se baseiam em pesquisas que indicam que as capacidades artísticas parecem estar relacionadas à metade direita. Claro, a coisa não é tão simples: se você for raciocinar sobre seu desenho, já está apelando para o lado esquerdo.

Lado esquerdo do corpo
Aqui, também vale o efeito espelho: canhotos controlam mãos e pés preferenciais com o lado direito do cérebro.

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DOIS HEMISFÉRIOS
A fala e o raciocínio lógico, antes atribuídos ao lado esquerdo, e o reconhecimento de imagens e capacidade musical, antes tidos como exclusivos do direito, são hoje comprovadamente trabalho para dois hemisférios.

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