Os animais saem de férias
Enquanto você lê esta matéria, milhões de bichos passeiam pelo planeta
Texto Fabio Marton
As férias de janeiro ainda não chegaram, mas tem gente que já “pegou a estrada” faz tempo. Ou melhor, gente não: bichos. Com o final do ano se aproximando, faz frio no hemisfério norte, e milhões de animais estão em plena migração para o sul. O que eles querem aqui? O mesmo que qualquer turista: terras mais quentes, alimentos exóticos e oportunidades de reprodução. Eles têm um arsenal de recursos (os ventos, as correntes marítimas e até o campo magnético da Terra servem como orientação), mas um mistério persiste: afinal, como os animais escolhem suas rotas? A resposta para isso pode estar chegando: nas próximas semanas, entrará no ar o MoveBank.org, um site criado pela Universidade de Princeton que promete um mapa definitivo das migrações animais – a idéia é montar um superatlas online, que seria alimentado em tempo real por biólogos de todo o mundo, e usar as informações para entender o comportamento dos bichos. Mas você não precisa esperar: selecionamos as migrações mais incríveis do reino animal. Boa viagem!
Os viajantes
As espécies que mais “batem perna” por aí
Bobo-pequeno (Puffinus puffinus)
Acredita-se que este pássaro tenha sido encontrado por Pero Vaz de Caminha no dia do Descobrimento do Brasil (ele cita o fato em uma carta). Isso porque os bobos-pequenos fazem um caminho parecido com o do navegador: todo ano, saem da Europa e vêm até a nossa costa.
Andorinhão (Apus apus)
Passa os primeiros 3 anos de sua vida no ar, sem jamais tocar o solo. Come insetos voadores e faz tudo em pleno vôo, inclusive dormir e se acasalar. Por isso, suas pernas são pequenas e atrofiadas. Todo ano, migra da Ásia e da Europa para a África, em busca de um clima mais quente.
Borboleta-monarca (Danaus plexippus)
Insetos não vivem muito. A borboleta-monarca, só dois meses. Por isso, a migração anual dessa espécie, do México para os EUA, é épica: envolve nada menos do que 4 gerações de borboletas. Quando a viagem termina, a última geração recebe um prêmio: vive mais, 7 meses.
Albatroz-errante (Diomedea exulans)
É a ave com as maiores asas (3,5 m de envergadura) e a maior migração de todos os animais: literalmente dá a volta na Terra – no sentido oeste-leste, para aproveitar as correntes de vento. Depois desse percurso, que leva um ano, pára em ilhas perto da Antártida para se reproduzir.
Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea)
É a maior tartaruga do mundo: pode chegar a 3 m de comprimento e pesar quase 1 tonelada. Sua migração também é uma das mais impressionantes. As fêmeas ficam circulando entre a América e a Europa. E, a cada dois anos, voltam à praia onde nasceram para colocar ovos.
Salmão-do-atlântico (Salmo salar)
Tem uma missão árdua: sair da Groenlândia e voltar para os rios onde nasceu, na Europa e na América do Norte, para se reproduzir. Os cardumes precisam nadar contra a corrente até achar um ponto ideal para depositar seus ovos. Boa parte dos peixes acaba morrendo.
Gnu (Connochaetes taurinus)
Anda pela África para fugir da seca: as manadas procuram lugares onde haja mais pasto e a vegetação esteja mais verde. Sua migração é acompanhada pelas zebras, e observada com interesse pelos predadores da região – inclusive os humanos locais, da tribo massai.
Jubarte (Megaptera novaeangliae)
Esta baleia é famosa porque é gigante (tem 13 m de comprimento), roda o mundo inteiro e consegue pular fora d’água. Mas seu feito mais impressionante é outro: ao migrar das ilhas Sandwich até Abrolhos, na Bahia, ela não come nada – e emagrece 10 toneladas.