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Para quê servem as ondas gravitacionais

Detectadas novamente nesta semana, as ondas gravitacionais são uma outra forma de luz, que estamos aprendendo a enxergar.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 31 out 2016, 18h59 - Publicado em 17 jun 2016, 19h00

Se ainda havia alguma dúvida sobre as existência de ondas gravitacionais, elas acabaram na última quarta-feira, dia 15. Anunciaram nos EUA a segunda detecção dessas ondas furtivas – produzidas novamente pelo nascimento de um buraco negro gigante (filhote da colisão enter dois buracos menores). Mas para quê servem as ondas gravitacionais? O que dá para dizer é que elas são uma nova luz. Não na forma figurada, na forma real mesmo. Até fevereiro de 2016, quando um grupo de cientistas anunciou a primeira detecção de ondas gravitacionais da história, só existia um jeito de perscrutar o espaço: detectando a luz dos astros, além de outros tipos de onda eletromagnética, como raios gama e infravermelho. Mas era pouco. A verdade é que a maior parte do cosmos não emite nem reflete luz – a começar pelos buracos negros; a terminar, pela matéria escura, provavelmente a coisa mais misteriosa já testemunhada pela humanidade, e que também teima em não interagir com a força eletromagnética.

Isso significa o seguinte: se você chutar uma bola de futebol feita de matéria escura, seus pés atravessarão a bola como se ela fosse um fantasma – o que possibilita um chute é a força de repulsão eletromagnética entre os átomos do seu pé e os da bola; sem força eletromanégtica, não tem repulsão; sem repulsão, não tem chute. O engraçado é que essa “bola fantasma”, feita de matéria escura, teria peso. É que ela produz gravidade, e está sujeita à gravidade, tal como qualquer outra coisa com massa – o Sol, a Terra, o seu corpo. E qualquer coisa que produz gravidade emite ondas gravitacionais.

Bom, a única forma de estudar objetos como buracos negros e matéria escura é “observar” as ondas gravitacionais que eles emitem. Para observar outra pessoa, por exemplo, você detecta com o nervo óptico as ondas eletromagnéticas de luz visível que ela reflete. A partir daí coleta informações sobre o outro indivíduo: fica sabendo o tamanho, o sexo, a cor do cabelo, a simetria facial… Com as ondas gravitacionais é parecido: elas também carregam toda a sorte de informação sobre o objeto que as emitiu – a coemçar pela massa e pela forma dele. Nisso, elas devem descortinar uma nova realidade se para a astrofísica. Mais especificamente, nestas áreas aqui:

 

1. No estudo de Buracos negros

Buracos negros fazem com a luz tal qual Caetano a Leonardo DiCaprio – devoram. Logo, são 100% invisíveis. Só sabemos que eles existem por referências indiretas – basicamente pela torrente de energia que astros em agonia jorram antes de serem engolidos. Mas ondas gravitacionais eles emitem. Ou seja: agora, vai dar para pesquisá-los melhor.

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2. Nas pesquisas sobre o Big bang

Informação A: O evento que mais produziu ondas gravitacionais em todos os tempos foi justamente… o início dos tempos. O Big Bang. Informação B: “Agências financiadoras investirão em novos projetos para observar essas ondas”, diz o astrofísico César Costa, do Inpe. Junte A com B e temos a perspectiva de desvendar mais sobre o Big Bang.

 

3. Na busca pela matéria escura

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Oito em cada dez pedaços de matéria que existem no Universo afora não são feitos de átomos, mas de algum material misterioso que não interage com a luz, só emite ondas gravitacionais. Uma das hipóteses é de que a matéria escura nem exista – e seja só ondas gravitacionais vindas de universos paralelos. Viagem? Talvez, mas a resposta está nas ondas.

 

4. Na unificação da física 

A Teoria da Relatividade Geral explica a força gravidade. A Física Quântica, as outras três forças da natureza: a eletromagnética, que mantém os elétrons orbitando os núcleos dos átomos, a força nuclear fraca, envolvida nos processos de radiação, que é quando o núcleo atômico “se despedaça”devagar, e a força nuclear forte, que mantém os quarks unidos para formar os prótons e nêutrons dos núcleos. Essas três forças dos domínios da Física Quântica são todas transmitidas por meio de partículas: a eletromagnética pelos fótons; a força nuclear forte pelos glúons; e a força nuclear fraca pelos pelos chamados  bósons W e Z”. A gravidade, porém, não tem uma partícula associada a ela (a Relatividade Geral explica a gravidade como uma distorção do espaço e do tempo, e pronto). Por outro lado, a mera existência de ondas gravitacionais é um indício poderoso de que, sim, existe uma partícula “transmissora” de gravidade. Se descobrirem mesmo essa partícula (que os teóricos batizaram de “gráviton”), isso ajudaria a “unificar a física”. É que a Relatividade Geral e a Física Quântica são dois ramos da ciência que não se bicam, por mais que ambos estejam corretos. A eventual descoberta do gráviton faria da gravidade a primeira das quatro forças da natureza a ser explicada ao mesmo tempo pela Relatividade Geral e pela Física Quântica – de forma não-excludente, ou seja, as duas explicações se manteriam válidas. Isso seria uma revolução no conhecimento. E agora, com a confirmação definitiva das ondas gravitacionais, estamos mais perto dessa maravilha do que jamais estivemos.

 
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