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Perigo nas ondas de rádio e TV

As antenas de transmissão de televisão e rádio instaladas na avenida Paulista serão alvo de uma pesquisa para medir o nível de radiação sobre as pessoas que moram ou trabalham na região.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h32 - Publicado em 31 Maio 1992, 22h00

Consideradas por muitos um autêntico cartão-postal de São Paulo, as antenas de transmissão de televisão e rádio da Avenida Paulista serão alvo de uma pesquisa para medir o nível de radiação sobre as pessoas que vivem ou trabalham na região. Preocupada com os efeitos da poluição eletromagnética, a Prefeitura encomendou ao Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo a medição da radiação produzida por ondas de rádio e televisão, chamada não-ionizante.

Prevista para julho, esta não é a primeira medição desse tipo feita em São Paulo. Em 1986, a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb) revelou que a intensidade média das radiações em cada centímetro quadrado era de 0.006 milésimos de watt (mW). Em alguns pontos de maior concentração, como o 14º andar do edifício Gazeta, onde ficam as torres de transmissão da Rede Globo e da TV Gazeta, foram registrados 0,336 mW. Parece pouco comparado a energia de uma lâmpada comum, de 100 watts. Só que uma lâmpada, no máximo, pode queimar os dedos de quem a toca. Já a radiação não-ionizante penetra no corpo e pode ter efeitos sutis, ainda pouco conhecidos.
Na época, existiam menos de dez antenas no eixo Paulista-Heitor Penteado. Hoje, com doze de radio e televisão, e mais de uma dezena de antenas de rádios particulares (usadas para a transmissão de dados entre empresas), os numeres devem ser bem maiores. Dizer se ha perigo ou não e uma tarefa ingra-ta. –“Não existe norma brasileira que estabeleça o máximo permitido de dose de radiação, e as normas internacionais divergem muito” diz a pesquisadora Tânia Moraes, do IEE.

Para os padrões adotados nos Estados Unidos, onde o máximo permitido é de 1 milésimo de watt por centímetro quadrado, uma pessoa poderia viver tranqüilamente no 14º andar do edifício Gazeta, pois estaria sujeita a menos da metade da intensidade limite. Se a norma soviética fosse adotada, no entanto, a pessoa estaria recebendo uma dose de radiação eletromagnética 336 vezes superior ao valor seguro, ou seja, 0 001 mW/ cm2. A diferença exagerada entre o nível americano e o soviético se deve ao modo diferente de considerar os efeitos da radiação.

Para os soviéticos, a rnínima interação entre a radiação e o organismo é considerada indesejável, já os americanos só a julgam danosa quando é grande o suficiente para provocar aumento de temperatura nos órgãos internos explica o engenheiro Eduardo Berruezo do instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo. Em altas doses, as radiações nao-ionizantes podem causar sobreaquecimento principalmente no cérebro e nos testículos. Segundo Berruezo, “se o aquecimento for maior ao do que a capacidade do organismo de dissipá-lo, então podem ocorrer danos a saúde”. Outros efeitos, constatados por cientistas russos, mostram que, mesmo em baixas intensidades, as radiações causam aumento da pressão arterial, alterações nos sistemas reprodutor, imunológico e nervoso de animais.

Ha quem discorde ao alarme em torno das antenas. Uma das mais experientes pesquisadoras brasileiras, Emico Okuno, do instituto de Física da USP, analisou dezenas de trabalhos estrangeiros sopre efeitos biológicos das radiações: “Os estudos são muitos, mas não há conclusões definitivas.” O que há de comprovado são os efeitos nocivos das grandes doses. Em nenhum país houve a desativação de antenas por excesso de radiação mas a tendência e a construção de torres únicas para suportar todas as antenas, afastadas dos bairros mais povoados, como ocorre em Brasília e em Montreal, no Canadá.

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