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Poção do amor

Macumbeiros e cartomantes na fila do desemprego? Pode apostar, dizem alguns neurobiólogos

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 18 fev 2011, 22h00

Texto Reinaldo José Lopes

O “boa-noite cinderela”, tão temido nas baladas mundo afora, talvez seja substituído no futuro por um ingrediente bem mais perigoso, que vai interessar muito a quem quer se aproveitar da vítima por longos períodos. Estamos falando de uma poção do amor de verdade, baseada nos detalhes bioquímicos mais profundos das emoções humanas e pronta para produzir paixões instantâneas, ou quase.

A possibilidade desse plano maquiavélico foi defendida recentemente pelo pesquisador americano Larry Young, da Universidade Emory, num artigo na prestigiosa revista científica britânica Nature. Young já tem até os nomes de alguns possíveis ingredientes: os hormônios vasopressina e oxitocina, encontrados em humanos e em vários outros mamíferos.

Coisa de rato

A história da descoberta dessas substâncias ajuda a entender por que elas são candidatas a ingrediente ativo de amarração para o amor. A oxitocina é liberada no organismo em situações como parto, aleitamento materno e cuidado de bebês em mamíferos, fortalecendo a ligação entre mãe e filhote.

A oxitocina interage com o centro de prazer do cérebro, fazendo com que o bicho em questão se mantenha motivado a adotar o comportamento “carinhoso”. Ela também é conhecida como o hormônio da confiança, o que já levou até algumas pessoas a sugerirem o uso da oxitocina na forma de spray durante negociações diplomáticas, em especial as que envolvem países que normalmente se odeiam. (Imagine que maravilha isso faria para israelenses e palestinos. Só seria preciso evitar a participação de diplomatas grávidas nas negociações, porque a oxitocina também leva ao início do trabalho de parto…)

Ora, os cientistas descobriram, ao estudar duas espécies proximamente aparentadas de arganazes (ratinhos do campo do hemisfério norte), que a oxitocina faz com que a fêmea de uma das espécies de roedores crie um forte elo com seu macho. Isso acontece na espécie de arganaz que é naturalmente fiel, ao contrário da outra espécie, que normalmente é promíscua. O hormônio também é liberado em seres humanos durante o ato sexual, em especial quando os seios e a vagina são estimulados, provavelmente como mecanismo para aumentar o elo emocional entre os parceiros (e derrubando o mito de que “sexo sem amor” é totalmente possível).

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Vez dos machos

Voltando aos nossos arganazes, os pesquisadores também descobriram que os machos da espécie monógama desses roedores possuem uma variante específica do receptor da vasopressina, substância quimicamente semelhante à oxitocina. Essa variante do receptor da vasopressina, que funciona como uma “fechadura” química que permite o encaixe do hormônio nas células, faz com que essa substância funcione de maneira específica no sistema nervoso dos bichos, levando ao comportamento fiel.

Ora, o mais maluco é que esse mesmo processo parece acontecer em seres humanos. Estudos genéticos feitos com homens mostraram que, se o sujeito carregar uma versão “estilo arganaz” do receptor da vasopressina, terá muito mais chances de ser um sujeito casado e bom marido do que os rapazes que não possuem essa versão do receptor.

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Não é inconcebível, portanto, que ocorra a criação de uma poção do amor capaz de manipular esse tipo de variável do sistema nervoso dos seres humanos, fazendo as pessoas se apaixonar pelos membros do sexo oposto mais próximo. Resta saber se é possível fazer esse “amor” durar indefinidamente. Ou talvez seja apenas uma questão de dose: basta que o parceiro ou parceira nunca se esqueçam de misturar o treco naquela sua bebidinha…

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