Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Robô vê imagens de satélite e adivinha se lugar é rico ou pobre

Ou pelo menos tenta. Penny, o robô urbanista, ainda comete erros – mas entender como ele pensa vai melhorar a relação entre o ser humano e as máquinas

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
28 jun 2017, 15h49

Não é fácil saber como um robô interpreta o mundo dos humanos. Afinal, nosso cérebro, além de muito mais avançado que a inteligência artificial disponível hoje, também está cheio de pré-concepções sobre o mundo. Considere o seguinte: se você vê um ônibus vermelho de dois andares em uma foto, você sabe logo de cara que ela foi tirada em Londres – e automaticamente associa o clique a um país rico e desenvolvido (mesmo que atrás do veículo apareça um muro encardido, com um morador de rua e uma lata de lixo virada no chão).

Um robô, por outro lado, talvez encare o ônibus pelo que ele é: um simples ônibus. A degradação lá atrás, por outro lado, poderia ser identificada como algo típico de uma cidade mais pobre, como Buenos Aires. Com a pista falsa em mãos, a inteligência artificial acabaria concluindo que está em um lugar que sofre com mais problemas socioeconômicos do que a Inglaterra.

É para evitar enganos e tropeços como esses que especialistas em computação quebram a cabeça para entender como é o olhar das máquinas que eles criam. Volta e meia surge um experimento interessante para colocá-las à prova, e é esse o caso do Penny.

Penny é um robô que observa imagens de satélite das cidades norte-americanas de Nova York e St. Louis, e, a partir delas, conclui quais são as condições socioeconômicas de um quarteirão qualquer. Ele é completamente interativo, então você pode clicar no link aí em cima e levar Penny para um passeio pelos arredores do Central Park – onde, se tudo der certo, ele dirá que a renda média e os indicadores de saúde e educação estão muito bem, obrigado.

Acontece que nem sempre tudo dá certo. De fato, a SUPER posicionou Penny a dois quarteirões do parque mais famoso do mundo (onde o valor do mpode alcançar 300 mil dólares), e o robô cravou com 95% de certeza que aquela era uma área de classe média baixa. Para se certificar do erro, o site compara a previsão eletrônica com as informações disponíveis no censo demográfico dos EUA (que, ainda bem, é feito por seres humanos).

É provável que Penny esteja cometendo o tipo de erro exemplificado no primeiro parágrafo. Mas também há a possibilidade de que ele esteja levando em consideração coisas que meros mortais não são capazes de ver. Segundo os responsáveis pelo robô urbanista, ainda não dá para saber a resposta – é por isso que é tão importante submetê-lo a testes como esse.

Continua após a publicidade

O primeiro passo para entendê-lo é conhecer sua criação. De maneira bem resumida: pesquisadores da Universidade de Carnegie Mellon e da empresa de análise de dados Stamen alimentaram o software com dados do censo demográfico mais recente e imagens de satélite das duas cidades que são parte do experimento. Ele ganhou um tempo para cruzar as duas informações, e aprendeu a associar construções e elementos mais ou menos frequentes aos indicadores de renda de cada local.

“Áreas de baixa renda tendem a ter campos de baseball, terrenos de estacionamento e edifícios grandes, de formato parecido (como projetos de habitação popular)”, afirma o site oficial de Penny. “Em áreas de classe média há mais casas de família e edifícios de apartamentos. Áreas mais ricas, por sua vez, tendem a ter mais espaços verdes, edifícios envidraçados e altos e casas com jardins ostensivos.”

Ou seja: Penny, como nós, criou seus próprios estereótipos. A diferença é que ele não é tão bom em abrir exceções. Quando aparece uma área urbana antiga, com prédios que são quadradões vistos do alto, associa essas construções à pobreza – mesmo que na prática eles abriguem apartamentos luxuosos.

Ainda não chegamos, porém, na parte mais legal do experimento colaborativo: o usuário pode manipular a percepção robótica à vontade, jogando a Estátua da Liberdade no meio do Bronx, região de menor renda, para ver o que Penny acha disso. Na barra inferior, há uma série de itens, que vão de simples árvores a campos de baseball – use quantos quiser.

Continua após a publicidade

Conforme você modifica a paisagem, o algoritmo vai tirando novas conclusões, e te avisa do quanto mudou de opinião graças às alterações. E é aí que suas limitações aparecem de vez. A SUPER posicionou o cursor a quatro quarteirões do Central Park, e logo veio a mensagem: “Penny tem 98% de confiança de que essa é uma área de renda baixa”. Ao adicionar o Empire State Building naquele quarteirão, ele se corrigiu prontamente: “seus ajustes aumentaram em 1% a confiança de Penny de que essa é uma área de renda média baixa.”

(penny/Reprodução)

Bem, ninguém é obrigado a gostar de arquitetura Art Deco. Mas se Penny acertasse o tempo todo, ele não precisaria ser testado online. A ideia do estudo, afinal, não é criar um robô planejador urbano perfeito – e sim entender o quanto a inteligência artificial ainda precisa avançar para chegar lá.

“Nós queremos iniciar uma conversa sobre inteligência artifical, machine learning, cidades, infraestrutura, satélites e big data”, afirmam os pesquisadores.”A maneira como as máquinas entendem essas coisas têm aplicações cada vez mais importantes para a forma como entendemos padrões de urbanização, riqueza e a condição humana.” Em outras palavras, quem brinca com Penny fornece aos pesquisadores dados que aproximam a computação das ciências sociais – e ajuda a tornar as máquinas cada vez mais úteis na vida de pessoais normais.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.