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Tudo que você nunca quis saber sobre as baratas

Elas estão moídas no seu chocolate, sobrevivem a até um mês sem cabeça e comem seres humanos vivos. A boa notícia: elas não resistiriam a um ataque nuclear

Por Ana Prado
Atualizado em 10 ago 2020, 15h05 - Publicado em 24 Maio 2012, 22h00

Poucos bichos são tão liberais quanto as baratas quando se trata de alimentação. Elas comem praticamente tudo. E isso inclui coisas bizarras como cola, fezes, papel, couro, outras baratas e cerveja azeda quente, que é seu alimento preferido (a única coisa que odeiam é pepino – não se sabe por quê). E elas também curtem comer seres humanos – vivos ou mortos. Sim, elas podem “morder”gente viva (que está dormindo) – sempre nas extremidades: dedão e sola dos pés, unhas e palmas das mãos. Também há relatos de baratas que comem cílios.

Elas não têm dentes, mas usam sua forte mandíbula para raspar as superfícies até deixar buracos doloridos. Também podem se alimentar de restos de comida, especialmente de leite seco na boca de bebês que estão dormindo. As crianças são mais suscetíveis por terem o sono mais pesado, mas adultos também não escapam. Se você é do tipo que curte tomar cerveja e comer salgadinho no sofá e acaba dormindo por lá mesmo, chegou a hora de repensar sua vida.

Abaixo, veja outras curiosidades sobre o inseto mais rejeitado do planeta.

Anatomia inteligente

Casca dura
Para proteger o interior delicado, elas são revestidas por um casco duro de quitina. O formato achatado permite que elas suportem esmagamentos leves sem morrer.

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Creme
A massa branca que sai quando você esmaga uma barata é gordura e protege os órgãos internos. Ela permite que o inseto fique dias sem comer.

Filhotes
A maioria das baratas guarda seus ovos em um recipiente chamado ooteca, que fica dentro do corpo. Algumas espécies seguram os filhotes dentro de si até estarem prontos para ir ao mundo; outras largam a ooteca em um lugar seguro para os ovos eclodirem sozinhos.

Antenada
Dotadas de pequenos pelinhos ultrassensíveis, as antenas das baratas captam odores e podem, dependendo da espécie, detectar a presença de água, álcool ou açúcar nas proximidades.

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Fôlego
A barata respira por 20 aberturas laterais chamadas espiráculos, que levam o ar para o corpo todo. Assim, pode ficar horas sem oxigênio.

Radar
Esses espinhos no traseiro dão informações detalhadas sobre ameaças: percebem movimentos sutis do ar e captam informações sobre possíveis ameaças, como localização, tamanho e velocidade.

As principais espécies

BARATA AMERICANA

Tamanho: 3 a 4 cm
Longevidade: 3 a 4 anos
Habitat: Ambientes escuros como sótãos, porões e esgoto.
Comuns no mundo todo, são maiores, e fazem voos curtos. É a espécie mais resistente: fica 90 dias sem comida e 40 sem água. Acredita-se que tenham vindo da África em navios negreiros.

BARATA GERMÂNICA
Tamanho: 1,2 a 1,6 cm
Longevidade: 1 ano
Habitat: Cozinhas e banheiros, despensa de alimentos, máquinas de café.
Elas têm asa, mas não voam e são as mais comuns nas cidades da América. Vivem até 45 dias sem comida e 14 sem água. Acredita-se que tenham ido para a Europa com os fenícios.

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BARATA DE MADAGASCAR
Tamanho: 5 a 9 cm
Longevidade: 2 a 5 anos
Habitat: No chão de florestas tropicais, principalmente Madagascar.
Esta espécie não é considerada uma praga urbana – na verdade, é até criada como bicho de estimação. São famosas pelo alto assobio que fazem quando se sentem ameaçadas.

Boatos sobre baratas: verdade ou fake news?

Elas resistem a ataques nucleares?
Não. O mito provavelmente surgiu na década de 1960, com o relato nunca confirmado de que baratas teriam sobrevivido às bombas de Hiroshima e Nagasaki. É verdade que, comparadas com não-insetos, elas são resistentes: por terem poucas células que se dividem lentamente, conseguem consertar alguns problemas causados pela radiação. Mas outros seres vivos são muito mais resistentes, como certas algas, musgos e bactérias. E até alguns insetos são mais fortes: enquanto a barata americana aguenta até 20 mil rads (unidade de radiação absorvida), o caruncho de madeira aguenta 48 mil, e a mosca-das-frutas, 64 mil. Uma bomba como a de Hiroshima tem 34 mil rads. Ou seja, elas não sobreviveriam.

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Elas sobrevivem sem cabeça?
Sim. Baratas são sobreviventes. Além de conseguir ficar até um mês sem comer nada e semanas sem ingerir água, o inseto ainda é capaz de sobreviver por até outro mês sem a cabeça. É que suas principais estruturas vitais ficam espalhadas pelo abdômen (incluindo as que permitem a respiração) e, caso percam a cabeça (no sentido literal), um gânglio nervoso no tórax passa a coordenar seus movimentos, permitindo que fujam das ameaças. Como seu corpo tem um revestimento de células sensíveis à luz, ela ainda pode localizar e correr para as sombras a fim de se proteger. Mas, como todos, inevitavelmente um dia acaba morrendo.

Elas estão no chocolate?
Sim. Segundo a Food and Drugs Administration (FDA), o órgão que faz o controle dos alimentos e remédios nos EUA, uma barra de chocolate comum contém, em média, 8 resíduos de baratas. (Um pedaço de 100 gramas de chocolate tinha, em média, 60 resquícios de insetos variados em sua composição.) O inseto entra em contato com o doce ainda durante a colheita e armazenamento do cacau. E mais: pessoas que têm alergia ao chocolate podem, na verdade, ser alérgicas aos pedacinhos de baratas que ficam no doce. O inseto pode causar reações alérgicas em algumas pessoas, como coceira e cãibras, e cortar o chocolate da dieta é justamente um dos tratamentos recomendados a pessoas alérgicas.

Para saber mais
Prato Sujo, Marcia Kedouk, Superinteressante, 2013

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Fontes Lucy Figueiredo, bióloga especialista em baratas da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas – ABCVP, Marcos Roberto Potenza, pesquisador do Instituto Biológico de São Paulo, The Cockroach Papers: a Compendium of History and Lor, de Richard Schweid

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