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Baixinhos: os mais discriminados

Ser pequeno hoje é tão desvantajoso quanto era na época das cavernas: os mais altos são maioria entre executivos e têm mais chance de ganhar eleições

Por Alexandre Carvalho dos Santos
Atualizado em 31 out 2016, 18h51 - Publicado em 15 jan 2011, 22h00

Se você vivesse numa tribo de trogloditas, provavelmente o seu chefe seria o cara mais alto do bando. Naqueles tempos selvagens, de muita porrada e pouca conversa, quem tivesse um físico mais imponente levava vantagem. Tanto que, na maioria das sociedades que vivem hoje da caça e da coleta, como os nossos antepassados viviam, a palavra correspondente a “líder” significa “homem mais alto”. E os líderes realmente são os mais altos. Até hoje.

Um estudo recente mostrou que quase todos os executivos-chefes das 500 maiores empresas dos EUA poderiam jogar basquete profissional ou alcançar aquele vidro de azeitona em cima do armário. A média de altura entre eles chega perto do 1,85 m, enquanto a do homem americano é de 1,75 m. E olha só: na população dos EUA, apenas 3,9% dos homens têm mais de 1,88 m, já entre os mandachuvas quase 30% chega lá em cima. Outras pesquisas mostram que, em qualquer lugar, os mais altos têm salários maiores, independentemente da qualificação. Uma delas, feita pela Universidade de Hannover, na Alemanha, concluiu que as pessoas ganham o equivalente a R$ 60 por mês a mais para cada centímetro de vantagem. Parece pouco? Que nada: isso dá R$ 25 200 de vantagem ao final de uma carreira de 35 anos. Ou R$ 500 mil de diferença entre uma pessoa de 1,90 m e outra de 1,70 m. Comprar um sapato plataforma no começo da vida profissional, por esse ponto de vista, pode valer por um MBA.

E pode valer a Presidência de um país também. Se John McCain (1,68 m) prestou atenção ao histórico das eleições no último século, descobriu que tinha menos chances contra Barack Obama (1,87 m) do que imaginava. Os EUA não têm um presidente com menos de 1,80 m desde Jimmy Carter (1,75 m) e não elegem ninguém com menos de 1,70 m desde Benjamin Harrison (1,68 m), que ocupou o Salão Oval em 1888. Das 26 eleições que houve nos últimos 100 anos, o candidato mais alto venceu 19. Uma goleada de 73%.

Claro que tudo isso é baseado em médias gerais – trata-se de uma tendência, não de uma regra inabalável. Tanto que não faltam baixinhos entre os mais poderosos e infuentes da história: Lênin, Winston Churchill, Martin Luther King, Charlie Chaplin, Hitchcock… nenhum chegava ao 1,70 m. E Hitler tinha pouca coisa a mais que isso. Gandhi parou no 1,60 m, e estimam que a altura real de Alexandre, o Grande, fosse de 1,50 m. Napoleão Bonaparte também era um tampinha, mas o ponto é: se Alexandre ou Napoleão tivessem de passar por uma eleição direta ou uma entrevista de emprego, talvez o mundo ocidental fosse diferente hoje.

Por quê?
A razão para isso está gravada a ferro e fogo no nosso cérebro. Não adianta lutar contra. No fundo, ele vive na Pré-História, já que passamos mais de 95% da nossa existência lá, governados mais pelo instinto que pela razão. E o instinto diz que que alguém com o perfil do Superman (Christopher Reeve tinha 1,93 m) transmite uma imagem de energia e segurança que não identificamos naqueles com quem a natureza economizou.

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E a discriminação automática não vale só para a estatura mas para outra característica que sinaliza vigor: uma cabeleira farta. Voltando à Casa Branca, nenhum careca chega lá desde Dwight Eisenhower, há mais de 50 anos. Talvez não seja mera coincidência que Lula tenha perdido uma sequência de eleições presidenciais para homens mais altos (Collor, FHC) e só tenha se dado bem contra carecas (Serra e Alckmin). E, mesmo que isso não faça sentido, pelo menos daria uma boa publicidade para a finasterida, aquele remédio anticalvície que o Romário usa e apareceu num exame antidoping (pelo jeito, baixinho e careca não dá, nem para alguém tão bem-sucedido quanto um Romário).

Repita no espelho
Vale dizer também que, para ter sucesso na vida, não importa só a imagem que os altos e cabeludos passam para os outros; a imagem que eles construíram de si mesmos também conta. E mais do que parece. 

Um estudo da Universidade da Pensilvânia demonstrou que adultos altos que eram baixos na adolescência faturam a mesma coisa que os baixos. E o contrário vale: baixinhos que eram considerados altos na infância tendem a acabar ganhando tanto quanto seus colegas altões. É claro que o seu chefe não imagina que altura você tinha no pátio da escola. O negócio é que, se você era alto lá, tem uma chance maior de ter recebido de presente uma característica que os empregadores valorizam muito: a autoestima elevada. Segundo o estudo, adolescentes que aprendem a pensar em si mesmos como líderes não perdem esse raciocínio ainda que parem de crescer. Quer dizer, podem virar Danny DeVittos (1,52) com autoestima de Schwarzenegger (1,88). E isso sempre ajuda.

Mesmo assim, o tamanho puro e simples ainda é tão determinante quanto nas tribos de caçadores de 200 mil anos atrás. Afinal, entre DeVitto e Schwarzenegger, qual deles se elegeu governador da Califórnia? E entre McCain e Obama, qual deles jogava basquete no colegial? Pois é.

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