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Basta uma chance para alguém se tornar corrupto, diz estudo

Pesquisadores holandeses descobriram que a corrupção, geralmente, não surge aos poucos

Por Marina Demartini, de Exame.com
13 fev 2017, 15h49

Pesquisadores da Universidade de Amsterdã, na Holanda, podem ter respondido uma questão que deve rondar a cabeça da maioria dos brasileiros nesses tempos de Lava Jato: uma pessoa se torna corrupta repentinamente ou gradualmente? Segundo os resultados obtidos pelos especialistas, qualquer indivíduo que se deparar com uma oportunidade pode cometer atos severos de corrupção.

Os cientistas queriam saber se a lógica do “Slippery slope” (Ladeira escorregadia, em inglês) estava correta. Este argumento é muito usado em debates em que uma das partes afirma que, se algo relativamente inofensivo for permitido, poderá ser iniciada uma tendência que resultará em algo moralmente impensável.

No caso desse estudo, os pesquisadores queriam saber se as pessoas agem de maneira antiética, sem planejamentos, antes de, finalmente, cometerem um grande ato de corrupção. “Apesar de ter um apelo teórico e intuitivo, essa noção foi pouco testada empiricamente”, afirmam os especialistas na pesquisa.

Para saber se essa teoria estava correta, os cientistas pediram para os voluntários participarem de uma experiência chamada de Jogo do Leilão. Nele, dois jogadores recebem um orçamento de 50 créditos em cada rodada (são cinco no total) e precisam fazer lances para ganhar o prêmio final de 120 créditos. Um terceiro indivíduo premia o vencedor. Caso ambos acertassem as apostas, o lucro seria dividido.

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Na versão criada pelos holandeses, os dois jogadores ganharam o papel de presidentes de empresas de construção. Já o terceiro jogador se tornou o funcionário público que precisava administrar o leilão.

Como os dois presidentes ganhavam o mesmo valor inicial e tinham a chance de apostar todos os créditos de uma vez, a estratégia correta por parte dos dois jogadores seria fazer a aposta máxima para que o funcionário público dividisse o prêmio igualmente. No entanto, para complicar a vida dos voluntários, os cientistas adicionaram um elemento nessa conta: o suborno.

Em um dos cenários, os voluntários tiveram a opção de primeiramente subornar o funcionário com um banquete – considerada uma corrupção de nível baixo – garantindo uma vantagem de 50% das rodadas do leilão. Depois, eles poderiam pagar uma viagem luxuosa – suborno severo – para garantir todas as rodadas.

No segundo cenário, os participantes poderiam pagar a viagem de primeira, sem a necessidade de subornar o jogador com o banquete.

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Ambos panoramas foram replicados em quatro versões do experimento, sendo que em um deles os créditos eram convertidos em uma pequena quantia em euros. Em todos eles, os voluntários foram mais propensos a se envolver em corrupção severa quando essa opção foi apresentada abruptamente em vez de gradualmente.

O que surpreendeu os cientistas é que os jogadores reconheciam que a corrupção mais pesada era uma falha ética. “Nossas descobertas apontam para um novo fator psicológico — a sequência de decisões”, afirmaram. “Um único ato severo, diretamente apresentado aos participantes, poderia ser mais fácil de justificar do que um processo de duas etapas.”

Assim, o que os pesquisadores sugerem é que as pessoas acreditam que um único ato requer menos planejamento e intenção do que comportamentos repetidos. Ainda é preciso fazer mais estudos sobre o assunto, porém os cientistas esperam que essa pesquisa ajude na criação de ferramentas que minimizem a corrupção em vários setores da sociedade.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Exame.com

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