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Quebra-Cabeça, o mundo em sete peças

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h48 - Publicado em 31 jan 2010, 22h00

Luiz Dal Monte Neto

No reino dos quebra-cabeças fragmentados, as normalmente almejam compor um todo preestabelecido. Por exemplo , num puzzle de cartão co milhares de fragmentos, o objetivo é reconstruir uma imagem, que pode ser um retrato, uma paisagem ou uma pintura. No cubo mágico – quem não se lembra dele? – inventado pelo arquiteto húngaro Ernö Rubik , as peças tinham de ser viradas e reviradas à exaustão, para que se restaurasse a ordem original, ou seja uma cor em cada face. Há, contudo, alguns quebra-cabeças que admitem uma atitude aberta: não se sabe a priori qual o resultado que se pretende, mas acabamos descobrindo-o próprio processo, durante sua manipulação.
Um dos mais tradicionais exemplos dessa classe de quebra-cabeças é o Tangram. Ele consiste em sete obtidas a partir de um quadrado, conforme se observa na figura 1. É possível encontrar modelos industrializados, com os mais diversos materiais, nas lojas especializadas, mas é muito fácil improvisar um em casa. Garanto que valerá o tempo investido. O ganho em horas de relaxamento faz o leitor economizar nas consultas ao cardiologista. O quadrado original pode ter o tamanho que se quiser, mas um lado igual a 12 centímetro resultara num conjunto conveniente.

Se o leitor utilizar um material espesso que necessite ser serrados, deve ter o cuidado de desenhar as peças isoladamente. Caso contrario, nas linhas que separam duas delas, a serra comerá um pouco de cada uma , impedindo depois um ajuste preciso entre elas. SEUNDO As lendas, o Tangram teria surgindo casualmente , há milhares de anos. Um filósofo chinês teria derrubado um ladrilho quadrado que se partiu exatamente em sete pedaços. Ao se abaixar para recolher os cacos , ele intuiu que podiam ser dispostos de modo a formarem um retângulo, sem faltar nem sobrar nenhum. Mais alguns instantes, e o retângulo virava triangulo.
Algumas mexidas mais , e eis que surgia a figura de um velho camponês , a de um bicho , a de um barco e tantas outras. Assim , enquanto caia à tarde, o homem descobria assombrado que era possível recriar o mundo a partir de um ladrilho despedaçado. Sem duvida , uma historia tipicamente chinesa , mas pouco provável. As interpretações lendárias da origem do Tangram receberam um forte impulso em 1903, quando o americano Sam Loyd (1841-1911), genial criador de quebra-cabeças, publicou o livro The eighth book of Tan (O oitavo livro de Tan).

Nele, Loyd divulga uma versão fantástica segundo a qual, há 4 000 anos, um homem chamado Tan escrevera sete livros com o objetivo de ilustrar a criação do mundo e a origem e evolução das espécies. O processo da raça humana era explicada como uma trajetória por sete estagio de desenvolvimento , rumo a um misterioso estado , “muito lunático para ser considerado seriamente”, como escreveu Loyd. Claro que ele estava brincado, mas o fez com tanta inteligência , misturando habilmente dezenas de referencias cientificas reais com pura ficção, que seu livro lançou uma névoa duradoura sobre o passado do Tangram. Alguns estudiosos chegaram a acreditar na historia e se emprenharam em pesquisá-la a fundo, inutilmente.

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Tudo indica que esse quebra-cabeça tenha se originado na China, mas em época mais recente. O livro chinês mais antigo que se referência a outro publicado anteriormente. Há também uma gravura de Utamaro , de 1780, retratando dois cortesão queimando as pestanas com as sete peças. Se a origem é duvidosa , o nome não fica atrás, já que os chineses o conhece por chi-chae-pan. A explicação mais razoável seria uma corruptela de uma antiga palavra inglesa , trangam, que, entre outras coisas, queria dizer precisamente quebra-cabeça. Um velho dicionário de 1755 grafou a palavra incorretamente como trangam, o que poderia ter originado o nome atual.
Quando o leitor estiver criando suas próprias figuras ou tentando reproduzir as já conhecidas deve se lembrar da regra de ouro do Trangam: cada figura deve conter as sete peças e somente elas. O paralelogramo ( peça numero 6 na fugura 1) pode ser usado de frante ou de costa (as outras não se alteram quando viradas ao contrario). Não é permitido sobrepor peças ou parte delas. Depois de adquirir pratica, o leitor comprovará a grande possibilidade de criação de formas inéditas, a despeito da enorme quantidade já publicada – existem livros com mai de 1 600 figuras diferentes, recolhidas na mais diversas fontes. Vá colecionando as de sua própria autoria, pois voltaremos brevemente ao assunto.

Luiz Dal Monte Neto é arquiteto e designer de jogos e brinquedos

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