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Sete dicas de Marie Kondo para você arrumar sua bagunça

Guarde as coisas que você não usa numa caixa; se você não tocar nela por um ano, jogue fora. Veja essa e outras técnicas para se livrar do entulho

Por Silvia Lisboa
Atualizado em 3 fev 2017, 16h16 - Publicado em 2 fev 2017, 19h16

A japonesa Marie Kondo não enxergava o chão da casa do cliente. Era preciso cuidado para não pisar em revistas e papéis e não esbarrar nas torres de livros que subiam a escada e as paredes da sala até o teto. A guru em organização, que ainda não era fenômeno mundial com o livro A mágica da Arrumação, levou dois anos para ajeitar a casa. Pode ser que a solução mais rápida fosse doar tudo. Ou fazer armários e diminuir o risco de alguém ser nocauteado por clássi­cos da literatura japonesa. Mas não resolveria o problema. As soluções matariam o cliente de tristeza pela perda súbita do acervo ou só trocariam o problema de lugar, deixando a bagunça mais organizada.

Arrumar a casa parece um problema trivial, mas não é. O cliente mais difícil de Kondo é um caso extremo de um enrosco que atinge todo mundo. E você já deve ter sentido dificuldades parecidas com a dele. Somos geneticamente programados para coletar e guardar qualquer coisa que possa um dia ser útil. Nossos antepassados nunca sabiam se precisariam daquele toco de galho para fazer fogo ou do osso de um animal que poderia virar adorno ou ferramenta. Na dúvida, juntavam tudo. Especialmente comida, um artigo difícil de conseguir no passado longínquo. E continuamos bem parecidos com nossos ancestrais.

A boa notícia é que tem um monte de gente criando métodos para ajudar a organizar a bagunça de casa – e da vida. Uma rápida pesquisa na Amazon retorna mais de 2 mil obras sobre organização do lar. Um dos mais badalados – e radicais – manuais de arrumação é justamente o de Marie Kondo, que propõe acabar com o círculo vicioso da bagunça ao “arrumar direito e de uma só vez”. Pode soar vago, mas KonMari – seu apelido, que dá nome ao método – afirma que a maioria das pessoas acha que é organizada, mas, na verdade, só sabe esconder o caos dentro de armários e caixas organizadoras.

O método começa com uma ordem: o primeiro passo para arrumar a casa é desapegar. Faz sentido: quando você tem muita coisa, provavelmente enfrenta problemas para guardá-las. Ou provavelmente recorre a caixas que ficam em locais de difícil acesso, apenas deixando o entulho longe da vista. Marie propõe um critério para o descarte que parece misticismo: “este item me faz feliz?” Se a resposta for sim, guarde-o, mas num lugar aparente. Se a resposta for não, descarte-o. Parece simples, mas não é. “Às vezes, todos os itens são afetivos, e o desapego se torna muito complicado”, diz a organizadora pessoal Priscila Sabóia. A sugestão da brasileira é que a organização sempre deve começar por itens fáceis de descartar, como potes sem tampa ou meias rasgadas. Assim, quando chegar a hora de enfrentar roupas de parentes e brinquedos do filho pequeno, o bagunceiro já treinou um pouco de desapego. “É como andar de bicicleta. No início, você pedala devagar, cheio de medos. Quando aprende, vira automático e não se esquece mais”, compara Priscila.

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(Thales Molina/SUPER)

Kondo sugere outro meio para o mesmo fim: um descarte radical e rápido muda a mentalidade. Enxergar todas as suas roupas expostas sem apertos no armário estimula o novato organizador a nunca mais entulhá-lo de novo. “O segredo é fazer uma mudança drástica e repentina a ponto de levar a uma mudança interna igualmente drástica. Não se consegue o mesmo impacto se o processo for gradual”, defende, na obra que parou na lista de best-sellers do The New York Times. O tempo que demora para organizar a casa é outro aspecto que entra na mira da japonesa neurótica – como ela mesma se qualifica. Arrumar um pouco a cada dia, descartar um item diariamente ou dividir a organização em etapas apenas dá mais espaço para que a procrastinação se instale. Eis, enfim, os sete mandamento da senhorita Kondo:

1. Faça a arrumação acompanhado, dividindo tarefas entre amigos ou familiares.

2. Defina espaços acessíveis para itens de uso corriqueiro, como chaves e controle remoto.

3. Se você não usa um objeto, jogue fora. Na dúvida, guarde em uma caixa etiquetada com a data em que guardou. Se levar mais de um ano para abrir, despeje.

4. Devolva o objeto ao seu lugar imediatamente após usá-lo.

5. Mantenha sua mesa de trabalho sempre limpa.

6. Jamais alimente pilhas de papel. Descarte rápido e guarde só papéis realmente úteis.

7. Arrume seu local de trabalho ao fim do dia. Isso dá um sentimento de realização.

Não ter é poder

No país de Marie Kondo, é normal viver num apartamento de 18 m2, o equivalente a um cômodo no Brasil. Desde cedo, os japoneses se acostumam a viver com menos – é claro que nem todos são organizados, senão Marie Kondo não teria alcançado o status de popstar. Mas uma coisa é certa: grandes espaços favorecem o consumo e a acumulação. O milionário americano Graham Hill percebeu que tinha virado acumulador após vender uma startup de tecnologia e enriquecer antes dos 30. Comprou uma casa de 300 m2, um carrão e dezenas de gadgets. Como não tinha tempo de mobiliar a casa, contratou um personal shopper. Quando terminou a decoração, mudou-se para um loft no descolado bairro do SoHo, em Nova York, e a vida foi ficando mais complicada. Até que Hill se apaixonou por uma espanhola e decidiu acompanhá-la de volta ao país de origem dela. O casal viveu em um minúsculo flat e rodou o mundo com uma mochila. O namoro chegou ao fim e ensinou a Hill que ele não precisava de muito para viver. Voltou à Nova York e criou o LifeEdited, startup que quer demonstrar como a tecnologia e o design podem ajudar a viver em pequenos espaços. Hill comprou um apartamento de 37 m2 com versatilidade para abrigar um jantar para dez pessoas, ter um quarto de hóspedes reversível e home theater. A cama fica escondida na parede. Quando ele a guarda, surge um sofá. Mesa e cadeiras são dobráveis.

A edição proposta por Hill não é barata. Um repaginação de um apê como o dele pode custar US$ 300 mil. “O primeiro apartamento LifeEdited era um protótipo e nós não estavávamos mesmo pensando em economizar”, reconhece. Mas ele rebate: “Às vezes as pessoas não reconhecem a economia que estamos propondo”, lamenta. E arrisca um cálculo. “Aqui onde eu moro o custo do metro quadrado vale US$ 15 mil. Imagine que eu compre uma cama que pode ser guardada na parede e de dia vira um sofá que custa US$ 10 mil. É uma dinheirama para um móvel, sem dúvida. Mas essa cama ajuda a criar um quarto separado e me dá 10 m2 de funcionalidade no apê que valem, no final das contas, US$ 100 mil bem aproveitados. É uma economia sem paralelo”, diz. Morar em pequenos lugares força o sujeito a pensar duas vezes antes de comprar algo. E, ao comprar, pensar se aquilo não vai virar mais um item encostado que vai iniciar aquela reação em cadeia que gera acúmulo, excesso, procrastinação e stress, fazendo o caos do armário virar uma representação da vida.

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