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Terremoto em Los Angeles: o perigo está em toda a parte

A última demonstração de força do mundo subterrâneo mostra que ele era menos conhecido do que se pensava e precisa ser melhor vigiado.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 28 fev 1994, 22h00

Flávio Dieguez, Tony Pequeno

Terremotos não são novidade no Estado americano da Califórnia. Somente neste século, e apenas entre os que superaram o nível 6 da escala Richter (com força para derrubar paredes) foram dezoito tremores. Mas o que atingiu Los Angeles em janeiro passado foi diferente e acrescentou uma apreensão à angústia cotidiana no Estado. Isso porque veio de onde menos se esperava, da obscura falha de Frew, que é horizontal, e não vertical, como muitas outras que fraturam o subsolo californiano.

E nunca se havia registrado um terremoto originado nessa falha, fato que preocupou os sismólogos americanos. Eles perceberam que não adianta concentrar esforços num único foco de tensão, como vinham fazendo até agora. Aparentemente, há perigo em toda a parte, na Califórnia. “Crescemos acostumados com a idéia de que a ameaça viria da falha de San Andreas”, diz o geólogo Kerry Sieh, da Universidade da Califórnia. Ele se refere à própria mãe das falhas, que rasga o subsolo a ponto de deixar marca à superfície de mais de 1 000 quilômetros.

Vigiada por um sem-número de cientistas, dia e noite, com os mais refinados instrumentos, ela acabou deixando à sombra outros acidentes subterrâneos. Agora, não apenas Sieh, mas diversos outros cientistas acreditam que é preciso dirigir a atenção para todo um emaranhado de falhas até agora desconsiderado. Estaria havendo uma proliferação de falhas na Califórnia, por meio de ramificações de outras? Algumas estariam acordando, tornando-se ativas após longo período de quietude? São perguntas sem resposta — que agora parece importante responder.

Afinal, o abalo gerado na falha Frew, a 15 quilômetros de profundidade, quase sob a cidade de Northridge, no Vale San Fernando (cerca de 30 quilômetros de Los Angeles), alcançou magnitude 6,6, causando a morte de umas 40 pessoas. Um imenso bloco de terra, com dimensão de dezenas de quilômetros, deslocou-se inteiro para o norte, em pelo menos 1 metro. Também elevou-se em alguns centímetros aumentando um pouco a altura do monte São Gabriel, na extremidade do Vale de San Fernando.

No total, a quantidade de energia estocada sob a terra pelas tensões geológicas, e liberadas durante o abalo, foi equivalente à da explosão de sete bombas atômicas como a que atingiu Hiroshima. A área de Los Angeles, comparada a outras partes da Califórnia, é particularmente rica em falhas horizontais — na verdade, inclinadas, esclarece o brasileiro José Berrocal, da Universidade de São Paulo, que diz se chamarem falhas de impulso. Em San Fernando, em 1971, uma delas produziu um terremoto de magnitude 6,6 que provocou a morte de 65 pessoas. Mas seja qual for o tipo das falhas, pouco se sabe sobre elas, nessa região. Elas poderiam estar sendo“alimentadas” por tensões da falha de San Andreas, que se desvia para leste e passa a 50 quilômetros de Los Angeles.

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O abalo de janeiro foi o quinto a ocorrer ao norte da cidade, com magnitude acima de 5, desde 1987, diz a pesquisadora Lucy Jones, do instituto U. S. Geological Survey. Não é bom sinal, diz Jim Mori, da mesma instituição. Imaginava-se que a maior probabilidade de terremoto devastador, com magnitude acima de 8, estava na cidade de Parkfield, bem mais ao norte. Suas chances eram cotadas em 90%. Mas a credibilidade de tais números, após a demonstração da falha de Frew, caiu para perto de zero.

 

 

 

Para saber mais:

O mundo se agita
(SUPER número 10, ano 4)

Vozes do inferno
(SUPER número 1, ano 7)

Montanhas de fogo
(SUPER 12, ano 7)

Radiação, calor, movimento
(SUPER número 3, ano 9)

1 000 léguas subterrâneas
(SUPER número 8, ano 10)

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