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Urbanismo: Um apelo irresistível

A virada do século assinala o momento em que passa a existir mais gente nas cidades do que no campo. É nelas que a humanidade prefere morar.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h46 - Publicado em 30 set 1987, 22h00

Igor Fuser

Muitos moradores das cidades são tomados, de vez em quando, por uma intensa nostalgia do tempo em que os seres humanos preferiam os hábitats rurais. É a síndrome do “eu quero uma casa no campo”, título de uma canção da década de 70 que se tornou um clássico da música popular brasileira na voz de Elis Regina (1945-1982). O cotidiano estressante das grandes metrópoles, com a poluição, a insegurança e o trânsito infernal, é de fato um convite para sonhar com “carneiros e cabras pastando”, como diz a música. Mas a própria Elis nunca tentou tornar realidade seu devaneio bucólico. Nasceu, viveu e morreu na selva de pedra.

Na virada do Terceiro Milênio, mais da metade da população mundial mora em cidades. No Brasil essa proporção atinge 78%. A tendência vem desde que os primeiros agricultores trocaram suas tendas por povoamentos permanentes, há mais de 5 000 anos, e se manifesta em todas as culturas.

A maior cidade do mundo em 1492, quando Colombo chegou à América, era Tenochtitlán, capital do Império Asteca e atual Cidade do México, com 300 000 habitantes.

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Por que será que a humanidade, sempre que tem a chance de escolher, prefere o corre-corre urbano ao sossego campestre? A resposta é simples: a cidade propicia aos seus moradores uma existência mais gratificante do que o campo. É lá que os produtores encontram mercados para seus serviços e suas mercadorias. Essas trocas geram riqueza. Os centros urbanos também são o cenário mais favorável para que as pessoas se encontrem. Daí resultam as novas idéias, que fazem o mundo andar para a frente. Foi nas cidades que nasceu a escrita e que se desenvolveram os valores da liberdade e da igualdade.

Com tantas vantagens, é natural que elas também concentrem uma quantidade enorme de problemas. Em todos os países, políticos, técnicos e cientistas estão queimando pestanas em busca de alternativas para os impasses do crescimento urbano desordenado. Ninguém sabe como serão as cidades daqui a 100 anos. Mas, se a História permite fazer alguma previsão, é possível dizer, com certeza, que o movimento em direção às cidades continuará. O homem é, por excelência, um animal urbano.

O inventor do bulevar

Quando assumiu em 1852 o cargo de prefeito de Paris, por nomeação do imperador Napoleão III, o barão Georges-Eugène Haussmann (1809-1891) deparou com um abacaxi urbanístico dos mais espinhosos – o labirinto de vielas medievais que dominava o centro da cidade. Além de ser um foco de doenças e de criminalidade, o gueto parisiense praticamente inviabilizava a circulação de veículos. Haussmann demoliu o casario miserável e construiu, no lugar, um conjunto de doze bulevares, grandes avenidas formando uma estrela ao redor do Arco do Triunfo. Hoje as avenidas largas e retas fazem parte da paisagem de qualquer metrópole. Mas, no século XIX, eram uma novidade assombrosa. Em dezessete anos na prefeitura, Haussmann criou um modelo de urbanismo moderno imediatamente copiado no mundo inteiro. A mudança atendeu a necessidades econômicas (a rápida expansão dos negócios nas vias recém-abertas), estéticas (Paris jamais seria tão bonita sem os bulevares) e até políticas – um dos objetivos da construção dos largos corredores era o de facilitar a passagem das tropas para esmagar insurreições populares, muito freqüentes naquela época.

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