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Em mais de 1/3 dos bairros de SP, moradores morrem antes de aposentar

Em 14 dos 36 bairros onde se morre mais cedo, não há um único leito hospitalar disponível - seja público ou privado.

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 mar 2024, 11h34 - Publicado em 1 set 2016, 20h30

Quase 12 milhões: esse é o número de habitantes de São Paulo. Além de ser uma das cidades mais densamente povoadas do país, é uma das mais desiguais – embora nem sempre dê para ver isso logo de cara. Por isso, na última quarta (31), a Rede Nossa São Paulo publicou o Mapa da Desigualdade de São Paulo, um documento que reúne dados sobre desigualdade em vários aspectos, com pesquisas do IBGE e da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.

O relatório mostra um lado curioso de São Paulo. A capital, por exemplo, não facilita para quem depende do sistema público para a leitura. 88,5% dos bairros de SP tem menos de um livro infantojuvenil para cada criança nas bibliotecas municipais. Quando você cresce, fica pior. Se todos os adultos de São Paulo fossem até a biblioteca, o resultado seria caótico: só 5 dos 96 distritos tem mais de um livro por habitante.

O documento traz outras informações tristes sobre diferentes indicadores nos bairros da cidade, como expectativa de vida, mortalidade infantil, homicídios e por aí vai.

Reunimos alguns desses dados:

MORREM CEDO

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Dos 96 distritos da cidade de São Paulo, 36 têm a expectativa de vida inferior à 65 anos. É nessa faixa que os homens que trabalharam por pelo menos 15 anos ganham direito de pedir aposentadoria por idade – mas, em um terço da cidade, o cidadão médio não vai ter a chance de gozar do benefício.

Bairros tradicionalmente mais pobres estão no Top 3 de Piores Tempos Médios de Vida na capital paulista. No Jardim Ângela, Anhanguera e Cidade Tiradentes, essa medida não chega aos 55 anos. O contrário também é verdadeiro: vive-se mais de 78 anos em apenas cinco distritos de São Paulo. Todos eles são associados historicamente a moradores mais abastados: Perdizes, Moema, Jardim Paulista, Pinheiros e Alto de Pinheiros.

Dá para comparar bem pelos dois extremos. No Alto de Pinheiros, a mais alta expectativas  cidade, os moradores vivem até os 79,67 anos. Enquanto isso, na Cidade Tiradentes, vive-se até 53,85 anos. É uma diferença de pouco mais de 25 anos – praticamente uma geração inteira.

E COMO MORREM?

A mortalidade precoce nessas regiões começa cedo. Dos 12 distritos com os índices mais altos de mortalidade infantil, 8 fazem parte do grupo em que a expectativa de vida não passa dos 65. No Parque do Carmo, por exemplo, a cada mil bebês, 19 morrem antes de completar um ano.

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Já em Pinheiros, onde o tempo médio de vida é de 79,15 anos, a mortalidade infantil é a mais baixa da cidade: 1,59 mortes a cada mil crianças nascidas no ano passado.

E essa não é a única causa de morte que puxa os indicadores para baixo: a violência também contribui. Todos os 12 bairros com recordes de homicídios na cidade fazem parte dos 36 nos quais se morre antes da aposentadoria. A cada 10 mil moradores do distrito de Marsillac (onde se vive até os 60 anos), quase 5 pessoas são assassinadas. No Brás, são 3,92 homicídios em uma população que já morre, em média, aos 62.

SEM QUALIDADE DE SAÚDE

Outro problema parece ser a falta de saúde de qualidade para quem vive nos bairros com expectativa de vida menor. Em 14 dos 36 bairros onde se morre mais cedo, não há um único leito hospitalar, seja público ou privado. Se o atendimento de uma emergência exige uma internação, lá vai o doente se deslocar pela cidade para encontrar um leito.

Isso não é exclusividade dos bairros pobres – em Alto de Pinheiros, por exemplo, também não há leitos para a internação. No total, são 31 bairros sem leitos hospitalares. Ainda assim, os bairros com menor expectativa de vida correspondem a quase metade desse número.

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Já na Bela Vista, onde a expectativa de vida passa dos 73 anos, a concentração de hospitais é muito maior: são 46 leitos a cada mil habitantes – grande parte deles, particulares. Por outro lado, quando se trata não de hospitais, mas de Unidades Básicas de Saúde (UBS), surpreendentemente, o bairro com a quantidade recorde em São Paulo é Marsillac – aquele nº 1 em homicídios – onde há dois postos públicos de atendimento básicos para cada dez mil habitantes.

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