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Roger Penrose

Física quântica, a mente humana e por que você não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h45 - Publicado em 31 out 2006, 22h00

Gabriel Attuy

A pergunta “por que eu não posso estar em dois lugares ao mesmo tempo?” não tem uma resposta fácil no âmbito da física quântica; em escala subatômica, um corpo pode, sim, ocupar mais de uma posição simultaneamente. Por que o mesmo não pode acontecer com corpos maiores – você, por exemplo? O cientista inglês Roger Penrose acredita que achou a resposta num dos fenômenos da física clássica: a gravidade. Nascido em 1931, Penrose é autor de algumas teorias controversas e usa a Teoria Quântica para explicar, por exemplo, o processo da consciência humana. Agraciado com o título de sir, Roger Penrose é professor emérito de matemática da Universidade de Oxford. Conheça melhor esse cientista renomado na conversa a seguir.

Toda a sua família é formada por cientistas dotados de cérebros privilegiados. Como eles influenciaram sua carreira?

Meu pai, Lionel Penrose, era cientista e membro da Sociedade Real (academia que reúne a elite científica do Reino Unido). Seu campo era a genética, mas tinha grande interesse pela matemática. Ele também adorava enigmas e quebra-cabeças, e o xadrez era seu passatempo favorito. Ele transmitiu seus interesses a mim e aos meus irmãos Oliver e Jonathan. Oliver tornou-se professor de matemática e membro da Sociedade Real, enquanto Jonathan foi 10 vezes campeão britânico de xadrez.

Você manteve uma parceria com o famoso cientista Stephen Hawking. Como você tem visto as mais recentes descobertas no campo da cosmologia?

Trabalhei junto com Stephen quando ele estava no início de sua carreira como pesquisador, na década de 1970. Depois nossas opiniões passaram a divergir em alguns pontos sobre princípios quânticos e buracos negros. Atualmente, uma das discussões que mais me empolgam na física é se o Universo teve ou não uma fase de inflação após o big-bang. Eu tive uma idéia maluca cerca de um ano atrás, que considera que o big-bang foi precedido por uma fase de expansão do Universo muito similar à nossa situação atual.

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A física quântica mostrou que pequenas partículas podem ocupar lugares distintos ao mesmo tempo. Você desenvolveu uma teoria em que isso não acontece com objetos maiores. Como explicar isso?

Segundo minha teoria, a energia necessária para que um corpo mantenha um campo gravitacional em mais de uma posição (o termo utilizado na física é superposição) é muito grande para que objetos com massa significativa consigam se manter nesse estado. Já as partículas, que têm uma massa muito pequena, ficam em superposição tempo suficiente para serem observadas.

Seu livro The Emperor´s New Mind causou polêmica ao dizer que a consciência é resultado de interações quânticas dentro dos neurônios. Como a física quântica pode explicar a mente do ser humano?

Eu devo ressaltar que o meu ponto de vista sobre a base física do processo de consciência é ainda mais radical do que isso: acho que os fenômenos quânticos são relevantes no processo de consciência, mas não acredito que apenas isso seja suficiente. Existem fortes evidências de que a própria teoria atual da mecânica quântica precisa ser modificada! É essa teoria renovada que precisaremos para explicar a consciência humana em termos físicos.

É possível entender a consciência humana sem levar a física quântica em consideração? Os psicólogos deveriam estudar a física?

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A consciência humana nunca será entendida se não considerarmos a física quântica. Mas mesmo a teoria atual não é suficiente para explicar o processo. Por outro lado eu certamente não estou dizendo que os psicólogos devem também estudar a física. Existem questões muito mais humanas que são de seu interesse, onde simpatia, empatia e compreensão são mais relevantes.

Você também afirma que os computadores atuais não podem ter uma verdadeira inteligência artificial. Os tão falados computadores quânticos poderão finalmente ser verdadeiramente “inteligentes”?

Não. Apenas os componentes quânticos não serão suficientes. O que nós entendemos hoje por “computador quântico” utiliza somente mecânica quântica padrão e, portanto, poderia somente produzir os mesmos resultados que um computador convencional, apesar de que mais rapidamente.

Você também criou vários padrões matemáticos bizarros. De onde surgiu esse interesse por figuras não convencionais?

Eu não tenho idéia.Talvez a minha família tenha tido influência. Meu pai usava uma gravata no lugar do cinto para segurar suas calças! Outro que me influenciou foi o artista holandês M.C. Escher. A primeira vez que eu me deparei com o seu trabalho fiquei fascinado com as visões “impossíveis” que ele maravilhosamente retratava. Então eu decidi produzir alguns dos meus próprios objetos impossíveis. Fiquei impressionado também por seu uso de formas animais para mostrar padrões de repetição em simetrias matemáticas.

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Padrões

Uma das descobertas mais conhecidas de Penrose são os padrões matemáticos chamados de “Penrose tilings”. Trata-se de figuras geométricas que podem cobrir completamente uma superfície plana. Por serem aperiódicas (não repetitivas), essas figuras jamais são iguais umas às outras. Um dos pontos fascinantes desse padrão é que ele não pode ser reproduzido em computadores. Seus estudos em geometria também levaram Penrose a desenvolver diversos “objetos impossíveis”, que consistem em figuras bidimensionais que, de uma determinada perspectiva, parecem desafiar as leis da física, mas são impossíveis de ser reproduzidas em 3 dimensões.

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