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Todos os humanos fossem da mesma cor?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 12 mar 2011, 22h00

Maurício Horta

Não haveria intolerância ou o argumento de superioridade racial. Os negros, portanto, não teriam sido escravizados, não haveria existido o apartheid nem o nazismo. Ou seja, a história da humanidade seria completamente diferente. Engano seu. A natureza humana é bem mais complexa que isso: mesmo se todos tivessem a mesma cor de pele, textura de cabelo ou formato de olhos, bastaria que algum povo se destacasse no desenvolvimento técnico e econômico para se sentir superior aos demais. Aí o argumento para o domínio não seria a diferença física, mas, sim, cultural, que justificaria a exploração dos mais fracos pelos mais fortes e daria origem a todo tipo de intolerância. Em algum momento, o conceito de raça apareceria. “Quem quer inventar raças não precisa de nenhum marcador aparente, apenas de uma narrativa”, justifica o sociólogo Demétrio Magnoli, doutor em Geografia Humana pela USP.

E nem é preciso muita imaginação pra exemplificar como isso ocorreria. Em Ruanda, tútsis e hútus não se distinguem por traços físicos, língua nem religião. Mas, para dominá-los, a Bélgica, seu ex-colonizador, criou carteiras raciais que distinguiam os dois grupos. Apoiou a elite tútsi e a jogou contra os hútus. Em 1994, passadas 7 décadas, hútus se vingaram matando meio milhão de tútsis.

“Todas as sociedades têm um elenco de elementos com os quais consegue distinguir-se dos demais pejorativamente. Esse é um dos traços universais da humanidade”, diz o antropólogo João Baptista Borges Pereira, professor da USP e do Mackenzie. Se a evolução não tivesse criado distintos biótipos, a divisão da sociedade seria baseada nas diferenças de língua, religião, ancestralidade ou castas.

Mesmo por caminhos diferentes, no final o mundo estaria dividido, dando origem a disputas por poder, guerras étnicas e, mais adiante, luta por igualdade e movimentos relacionados ao orgulho das minorias. Sim, você já ouviu essa história antes…

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Gente que fez
Os nossos ídolos ainda seriam os mesmos, com algumas adaptações de percurso no meio do caminho

Por uma cultura brasileira

TOM JOBIM
Como entrou para a história – Um dos criadores da bossa nova, que misturava jazz e samba, ritmo associado aos negros.

Como entraria para a história – Um dos criadores da bossa nova, um gênero musical que misturaria jazz, samba e batuques indígenas, uma vez que africanos e índios eram parte de um único grupo: o de ex-escravos. A influência dos nativos e dos africanos seria igualmente relevante na cultura brasileira.

Prêmio Nobel de Medicida

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ELMER MCCOLLUM
Como entrou para a história – Bioquímico que isolou as vitaminas A, B, D e E. Trabalhou para aliviar a fome na Europa pós-1ª Guerra Mundial.

Como entraria para a história – Bioquímico que descobriria que a falta de vitamina D enfraquecia habitantes de regiões com pouco sol (a nossa pele escura dificultaria a absorção da luz solar, fundamental para a síntese da vitamina). Criaria a terapia com ultravioleta.

Igual, mas diferente

COCO CHANEL
Como entrou para a história – Uma mulher à frente do seu tempo. Chanel revolucionou a década de 20, libertando a mulher dos trajes rígidos do final do século 19.

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Como entraria para a história – Uma mulher à frente do seu tempo. Quebraria um tabu ao alisar os cabelos, alterando a natureza dos humanos, que até a década de 20 teriam tido o cabelo enrolado.

Rei do pop

MICHAEL JACKN
Como entrou para a história – Artista que fez a música da minoria negra ser ouvida pelos brancos e, depois, renegou sua origem, mudando de cor.

Como entraria para a história – Artista que fez a música da minoria muçulmana ser ouvida pelos protestantes. Ficaria conhecido como o rei do pop, mas criaria polêmica ao renegar sua origem e virar pastor evangélico.

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Peles iguais, direitos iguais

NELN MANDELA
Como entrou para a história – Representante da luta pela igualdade na África do Sul, onde os direitos eram decididos pela cor.

Como entraria para a história – Representante da luta pela igualdade na África do Sul, onde os direitos seriam decididos pela origem. Comandaria ataques a cartórios e a falsificação de carteiras de identidade para eliminar registros que atestavam a ascendência dos cidadãos.

A força da origem

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BARACK OBAMA
Como entrou para a história – O primeiro presidente negro dos EUA. Foi eleito com um discurso de mudança.

Como entraria para a história – O primeiro presidente latino dos EUA. Passados mais de 100 anos do fim da escravidão, as gerações de africanos e europeus já não se diferenciariam. O problema agora seria integrar os imigrantes vindos do México. E essa poderia ser uma prioridade de Obama, que seria eleito com um discurso de igualdade.

 

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