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E se o homem mais rico do mundo doasse tudo?

Caso se livrasse de uma vez de seus bilhões, Bill Gates implodiria o sistema financeiro mundial. E o mundo. Mas sua história não seria esquecida: passaria a cada geração de sobreviventes.

Por Amarílis Lage
Atualizado em 31 out 2016, 19h04 - Publicado em 2 dez 2015, 14h15

”Era uma vez, há muito tempo…”
”Há quanto tempo, vovó?”
”Muito, muito tempo. Milhões de anos.”
”Milhões? Caramba… Posso contar até um milhão? Um, dois, três…”
”Depois você conta, meu amor. Agora vamos prestar atenção na historinha, tá? Como eu ia dizendo… Era uma vez um reino muito bonito, mas também com muitos problemas. Havia pessoas pobres e outras ricas. Na verdade, havia muita gente pobre e pouca gente rica. Mas, entre os ricos, havia um homem, William, que era o mais rico de todos, e também muito generoso.”
”Já sei! Era o rei!”
”Não. Ele era um empresário e todos o conheciam como Bill. Ele ainda era adolescente quando começou a criar um negócio chamado programas de computador – os registros mostram que tinha algo a ver com janelas. E, aos 59 anos, tinha acumulado uma fortuna de 80 bilhões de dólares.”
”Dólares? Quanto é em blattodeas? Vamos calcular?”
”Depois você calcula, querido. Onde eu estava mesmo? Ah, sim. Todos os anos, o homem mais rico do mundo destinava parte da fortuna para ajudar os menos favorecidos. Ele e sua esposa, Melinda, criaram a maior fundação filantrópica que existia.”
”Já sei! A Melinda era uma princesa e comeu uma maçã com inseticida!”
”Não, era formada em ciência da computação e sei lá se gostava de maçãs. Posso continuar? Bom, a fundação, que tinha o nome dela, chegou a investir 30 bilhões de dólares em educação e saúde. O tesouro era usado para combater as doenças que atingiam os mais pobres do reino, como tuberculose, malária…” 
”Malária? Nunca ouvi falar disso. Vamos pesquisar!”
”Pelo amor de santa Blattaria: ca-la-do. Quem fala agora sou eu. Quer dizer, era Bill. Todo ano, ele reunia seus seguidores e fazia um discurso. E, no último, estava bem otimista. Lembrou que todos os indicadores apontavam para um mundo melhor. Fez uma previsão ousada: disse que, em 20 anos, não haveria mais pobres no reino. Mesmo assim, no dia em que completou 60 anos, Bill foi para o jardim de sua mansão e ali ficou durante horas, meio triste. Queria fazer mais, ver o resultado de seu trabalho. Mas como? Naquela noite, durante o baile de aniversário, surgiu com um sorriso diferente. E anunciou uma decisão de estremecer as antenas: ia doar todo o dinheiro que tinha. Todo, até o último centavo. E ninguém foi capaz de dissuadi-lo. Só tinha um problema: a maior parte da fortuna de Bill estava em ações das empresas mais valiosas do mundo.”
”O que quer dizer ‘ações’?”
”Shhh! Para doar todo seu dinheiro, Bill tinha que vender essas ações, e aí entrou em cena uma das leis mais antigas da história: a da oferta e demanda. Quando Bill colocou todas suas ações no mercado, o valor delas despencou. Os outros acionistas, assustados, trataram de vender as suas também, antes que o preço caísse ainda mais. E, quanto mais gente colocava suas ações à venda, mais o preço caía. Afinal, quem iria comprar papéis que mais ninguém quer? Num reino que já enfrentava frequentes crises econômicas, a queda vertiginosa das ações das maiores empresas só trouxe pânico. O mundo financeiro entrou em colapso. E aí, meu netinho, teve início uma longa, profunda e catastrófica depressão.”
”Vovó, tem certeza de que é uma história infantil?”
”Como a instabilidade econômica é mãe da instabilidade política, armou-se o caos. Todos os grupos queriam o poder. E usavam todas as armas de que dispunham – incluindo bombas que voavam de um canto a outro e destruíam tudo ao redor. Bombas nucleares. Bum! Bum! Bum! Não havia mais reino, nem Bill, nem bilhões. Apenas morte, devastação, horror, gritos e ranger de dentes.”
”Manhê! A vovó está me assustando de novo!”
”Só sobreviveram as baratas, nossos ancestrais. Após milhões de anos de evolução, aqui estamos. E todos foram felizes para sempre. Fim.”
”Mamãe, por favor!” 
”Ok, ok. Só falta a moral da história. Vamos lá: o que aprendemos com o que a vovó contou?”
”Para sobreviver… só com sangue de barata!”
”Respeite sua vó. Já pra cama.”
”Mamãe… Já disse para não contar essas histórias para o Gregor. Quem vai cuidar depois, se ele tiver mais uma daquelas noites de sonhos intranquilos e acordar aos berros, achando que virou humano?”

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