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A felicidade absoluta

Uma vida próspera, saudável e feliz - mas com um lado sinistro. Mais ou menos como o mundo em que vivemos.

Por Alexandre de Santi (edição: Bruno Garattoni)
Atualizado em 23 out 2020, 10h24 - Publicado em 26 nov 2015, 15h30

Livro: Admirável Mundo Novo
Autor: Aldous Huxley
Ano: 1932
Por que ler? Previu um mundo em que todos são felizes, jovens e belos. Mas há um lado sinistro por trás disso tudo. Mais ou menos como hoje.

Tinder para achar o par perfeito, loucuras por um iPhone, obsessão com a beleza, a juventude e a felicidade que gere lindos selfies. Estamos apaixonados pela nossa imagem, por novas tecnologias e por comprar, comprar, comprar. Pode parecer bem contemporâneo, mas em 1932 Aldous Huxley alertava para os perigos do consumo desenfreado e do hedonismo que parecem preencher o vácuo espiritual deixado pela decadência das religiões. Huxley construiu um mundo em que todos são felizes e alienados, mas não graças a Deus ou a conquistas pessoais, mas à obra de um Estado que mantém a população satisfeita por meio de um condicionamento feito do nascimento à morte. Uma mistura de sonho e pesadelo numa só realidade.

O ano é 634 depois de Ford, uma referência, é claro, à revolução provocada pelo sistema de produção em massa criado pela montadora de automóveis. Um governo totalitário controla tudo, mas a população encara a dominação com naturalidade. Não há guerras, injustiça social, família ou velhice – só ordem, satisfação e juventude. Os indivíduos são programados genética e psicologicamente pelo Estado a serem quem são, a gostarem de suas vidas e a consumirem desenfreadamente, graças a um treinamento feito desde o nascimento em laboratórios. Até que um dos personagens, Bernard Marx, viaja a uma reserva de selvagens que vivem sob os costumes do passado. Lá, encontra Linda, uma ex-civilizada dada como morta, e seu filho John, um jovem que lê Shakespeare e que quer aprender mais sobre a vida. Bernard decide apresentá-los à sua civilização e ocorre um enorme choque cultural de consequências devastadoras.

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Nós acondicionamos as massas a detestarem o campo – disse o diretor em conclusão -, mas, simultaneamente, as condicionamos a adorarem todos os esportes ao ar livre.

Huxley escreveu o livro em 1931, após a crise de 1929, época em que o nazismo e o stalinismo estavam em ascensão e o estilo de vida americano era o modelo para o mundo. Mas ele previu algo ainda inédito em termos de dominação: que a ditadura do futuro seria algo sem violência, com esvaziamento do indivíduo, a alienação e a aceitação do absurdo. Admirável mundo sempre igual – e cada vez mais complexo.

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