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Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 1 set 1991, 01h00

Tratado da Esfera, Johannes de Sacrobosco, UNESP/Nova Stella Editorial/Museu de Astronomia do Rio de Janeiro, São Paulo, 1991

Pouco se sabe sobre o autor, o monge inglês John Hollywoord, tradicionalmente conhecido como Johannes de Sacrobosco. A não ser que ensinou na Faculdade de Artes da Universidade de Paris de 1230 a 1255 e escreveu, provavelmente em 1220, o célebre Tratactus de Sphera, texto básico de Astronomia que foi adotado nas universidades medievais européias por mais de trezentos anos – até ali, o ensino da Astronomia era restrito aos mosteiros e catedrais. Havia três razões principais para isso: a primeira era a da contemplação da perfeição e da eternidade dos céus; a segunda era ilegítima, pois se relacionava com as previsões astrológicas; a terceira era a da datação das festas da Igreja.

Porém, no final do período medieval, quando a navegação começou a aventurar-se “por mares nunca dantes navegados”, outra razão apareceu para justificar as lições de Astronomia: demarcar a posição do viajante na Terra, por meio da altura dos astros no céu. Daí a importância histórica da obra de Sacrobosco para os descobrimentos marítimos ibéricos a partir de meados do século XV e a tradução que o matemático português Pedro Nunes (1502-1578) fez para a língua portuguesa no início do século XVI. O livro agora lançado no Brasil traz essa tradução acompanhada de uma versão adaptada e também reproduz a edição original quinhentista.

O pioneiro tratado de Sacrobosco parte da geometria da esfera enumerando as esferas do céu e suas evoluções em torno da Terra imóvel – parte elementar do sistema do mundo, constituída pelos quatros elementos: Terra, Água, Ar e Fogo. Todos corruptíveis. Acima da terra esta a região celeste lúcida que por eterna e perfeita é “livre de toda mudança”. A partir daí, o autor passa a tratar dos movimentos das nove esferas celestes, correspondentes aos planetas conhecidos na época: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno e ainda: o das estrelas fixas e do derradeiro céu, o “firmamento”, como ele chama.

São dois esses movimentos: o primeiro, em torno do eixo dos pólos ártico e antártico, do oriente para ocidente. O segundo é contrário ao primeiro e faz-se obliquamente do Equador, ao longo do zodíaco. Este último é repartido em doze partes iguais, correspondendo a cada uma delas os mesmos signos do zodíaco da antiga astrologia. Em seguida, Sacrobosco define os círculos que dividem a Terra em cinco zonas: duas glaciais, duas temperadas e uma tórrida. Valendo-se do poeta latino Ovídio (43 a.C. – 17 d.C) que escreveu nas Metamorfoses: “a que está no meio não é habitável por quentura, duas delas estão cobertas de neve e as outras que estão entre essas são temperadas pela mistura do quente com frio”, o autor sustenta que não há habitantes nem nas zonas glaciais nem na tórrida.

No entanto, o tradutor Pedro Nunes, em nota à margem, desmente a autoridade de Sacrobosco baseado na “visão direta” dos navegadores portugueses escrevendo: “As navegações portugueses nos mostraram que não há terra tão destemperada por quente nem por fria em que não haja homens”. Depois de explicar como nascem e se põem os signos do zodíaco, como se sucedem os dias e as noites e como os climas se estabelecem nas diversas partes da Terra, o monge Sacrobosco trata dos movimentos dos planetas e das origens dos eclipses do Sol e da Lua. Termina descrevendo as correlações trigonométricas entre declinação, altura equinocial e o rumo em que o Sol nasce.

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Foram justamente essas correlações que permitiram aos navegantes determinar sua posição no mar. Apesar desse processo o geocentrismo, anterior à revolução copernicana, ele vale até hoje, pois na moderna Astronomia de posição a Terra é considerada o centro das coordenadas celestes. Para os que se dedicam ou pretendem dedica-se à história das ciências ou se interessam de modo geral pelas navegações e descobertas portuguesas, o livro de Sacrobosco é obrigatório.
Milton Vargas

O engenheiro Milton Vargas é professor emérito da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

 

 

 

 

Infecções na História 

Infectio, Dr. Werner Schreiber e Friedrich Karl Mathys, Roche São Paulo, 1991.

Em comemoração dos seus sessentas anos de atividades no Brasil, a Roche, tradicional fabricante de produtos químicos e farmacêuticos, está distribuindo aos clientes, autoridades, médicas e governamentais e biblioteca de faculdades de Medicina 2500 exemplares de um livro que conta a história e a evolução das doenças infecciosas como, por exemplo, à cólera, a peste, a malaria e a Aids. Fotos antigas, charges e reproduções de quadros de pintores famosos como o belga Pieter Bruueghel e o italiano Domenico Gargiulio ilustram os 29 bem-cuidados capítulos que compõem a obra, dedicada a todos aqueles que se interessam por Medicina e História.

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Coisas do demônio 

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Bruxaria e História, Carlos Roberto Figueiredo Nogueira, Editora Ática, São Paulo, 1991

O autor, professor de História Medieval da Universidade de São Paulo, retoma um tema polêmico: a prática da magia. A partir daí, analisa e diferencia os conceitos de bruxaria, feitiçaria e magia e os situa historicamente, mostrando sua importância na formação do cristianismo, essas práticas, que faziam parte do comportamento dos europeus e tinham função específica dentro de cada comunidade, passaram a ser reprimidas pela Igreja, que as considerava coisa do demônio.

 

 

 

 

 

 

 

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