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Atualizado em 31 out 2016, 18h45 - Publicado em 1 mar 1990, 01h00

As diabruras científicas do sucessor de Darwin

O polegar do panda, Stephen Jay Gould, Livrari Martins Fontes, São Paulo, 1989

Flávio de Carvalho

Um paleontólogo que gastasse seu tempo estudando a evolução de Mickey Mouse deveria ser levado a sério? Pois é justamente disso que trata Stephen Jay Gould, 48 anos, num dos capítulos deste seu livro provocativo. O ensaio que dá título à obra mexe com outro assunto igualmente esdrúxulo: o que tem a ver o sexto dedo do panda com seu peculiar modo de vida, condenado a ficar sentado doze horas por dia comendo brotos de bambu? Os dois ensaios, longe de serem exemplos de futilidade científica, são marcos rigorosos de um estilo de pesquisa e entendimento da evolução natural. Jay Gould é considerado hoje o mais brilhante sucessor do naturalista Charles Darwin, criador da Teoria da Evolução. Professor de Zoologia Comparada na Universidade Harvard, Estados Unidos, amealhou uma coleção de prêmios de dar inveja a qualquer cientista e tem ainda o título de “gênio” concedido pela Fundação MacArthur. Ainda assim, é pouco conhecido no Brasil. Seu outro livro editado no país, Darwin e os grandes enigmas da vida, nunca passou da primeira edição.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, Gould foi best-seller em fins do ano passado com seu oitavo livro, Wonderful life, uma obra demolidora para o humano orgulhoso que se considera o centro da criação. Em O polegar do panda, Gould explica e defende a perturbadora idéia de que a evolução não tem nenhuma direção privilegiada e que não há nada na Biologia que dê sentido à existência humana. Ao lado essas grandes questões filosóficas, no entanto, Gould se dá ao luxo de esmiuçar o significado de assuntos aparentemente triviais como a já citada evolução do rato Mickey. Ele era um ser “malévolo” e de aparência adulta quando foi criado por Walt Disney na década de 30, observa o autor. Agora é um personagem bonzinho e de aparência infantil. A evolução às avessas de Mickey, que nasceu velho e se tornou jovem, é uma metáfora que Gould explora para explicar o que é neotemia, uma característica que distingue os humanos. Os homens são neotêmicos porque preservam na idade adulta traços fetais, o que nenhuma outra espécie consegue. Mantêm até o fim da vida, por exemplo, a capacidade de fazer novas conexões neuronais. Daí sua facilidade em aprender coisas ao longo da existência e transmiti-las às gerações seguintes. A evolução de Mickey Mouse, no cérebro de Gould, é uma fábula rigorosa para mostrar por que a humanidade evoluiu do domínio do fogo, há 1 milhão de anos, à conquista da Lua.
Em seus dois livros editados no Brasil, Gould discorre com raro brilho sobre questões atraentes como o absurdo do racismo, a falsa idéia da criminalidade como herança genética – ou o que se poderia chamar a solidão da experiência sexual humana em escala biológica. Uma vaca, por exemplo, aloja em seu intestino perto de 10 bilhões de bactérias (quase o dobro do número de humanos no planeta) que se reproduzem sem praticar o sexo tipo macho e fêmea. Manipulados desse modo, os paradoxos da evolução ajudam a diminuir o arrogante topete humano quanto à sua posição no Universo. Mas não é só ao leigo que Gould pode agradar. Entre os especialistas ele é considerado o paleontólogo que corrigiu uma grande falha da teoria de Charles Darwin. Influenciado por uma moda intelectual da época, Darwin acreditava que a evolução seguia um curso contínuo, lento e gradual. Assim, seria de esperar que a Arqueologia reconstituísse a árvore genealógica da vida na Terra desde a mais primitiva bactéria até o homem, sem saltos nem movimentos bruscos. Isso não parece acontecer na realidade. Gould é o autor da teoria do “equilíbrio pontual”, que dá conta dos enormes saltos registrados na evolução das formas de vida. Sua hipótese permite explicar de que forma espécies dominantes, como a dos dinossauros, sumiram em tempo relativamente breve, enquanto outras, como os mamíferos, apareceram do nada para dominar planeta.

A Biologia, no entanto, não é o limite da inspiração de Gould. Considere o seguinte problema: você está numa rua escura com seu irmão quando surge um monstro pavoroso pronto para engolir quem passar pela frente. Você foge sorrateiramente ou dá um grito de alerta que pode salvar o irmão mas pôr em risco sua vida, na medida em que chama a atenção da criatura sobre si? Em Darwin e os grandes enigmas da vida, Gould esclarece como o segundo comportamento, altruísta, pode ser bom tanto para a espécie como para o indivíduo – um exercício de estilo literário que consegue usar questões prosaicas para grandes revelações de princípios científicos.

 

 

 


Guia da natureza

O naturalista amador, Gerald e Lee Durrell, Livraria Martins Fontes, São Paulo, 1989

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O casal de ingleses Gerald e Lee Durrell escreveu este livro para orientar os interessados em se tornar naturalistas. Trata-se de um guia completo sobre o assunto, que além de conter belas ilustrações conduz os candidatos aos caminhos da natureza, começando no jardim de casa e avançando por florestas, desertos, costas rochosas e montanhas, com uma descrição da fauna e da flora que caracterizam essas regiões. Gerald e Lee ensinam a caçar borboletas, a atrair mariposas, como e quando retirar um ninho de pássaros etc. Oferecem ainda uma idéia do que vem a ser História Natural e apresentam os mais importantes naturalistas. Talvez não seja coincidência o fato de os autores terem nascido na Inglaterra, país de reconhecida tradição naturalista.

 

 

 

Tempos de Galileu

Em torno a Galileu, José Ortega y Gasset, Editora Vozes, Petrópolis, 1989

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Doze palestras do filósofo espanhol (1883-1955), pronunciadas na Universidade Central de Madri, no ano de 1933, tendo como tema Galileu Galilei, considerado o pai da ciência moderna, e a evolução do pensamento europeu no período de 1550 a 1650.

 

 


Revendo a Reforma

Nascimento e afirmação da Reforma, Jean Delumeau, Livraria Pioneira Editora, São Paulo, 1989

O autor, historiador e professor do Collège de France, faz uma introdução completa à Reforma protestante, analisando suas causas, a crise da Igreja romana, o ambiente histórico em que tudo aconteceu, no século XVI, as lutas religiosas que se seguiram na Europa e a vida e doutrina de reformadores como Martinho Lutero e João Calvino. Delumeau refuta as teorias que ligam o movimento à ascensão da burguesia e à crise da Igreja, e propõe que se procurem os motivos essencialmente religiosos que deram origem à Reforma.

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Retratos urbanos

As melhores fotos, Cristiano Mascaro, Sver & Boccato Editores, São Paulo, 1989

Terceiro livro da coleção “As melhores fotos”, dedicado ao trabalho do paulista Cristiano Mascaro. Quarenta e cinco fotos em branco e preto registram a arquitetura e o espaço urbano de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, São Luís, Salvador, Belo Horizonte e Cuiabá, além de paisagens e retratos de anônimos cidadãos.

 

 

 

Nobres e cavalheiros

A sociedade cavaleiresca, Georges Duby, Livraria Martins Fontes, São Paulo, 1989

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A superioridade dos cavaleiros nos séculos XII e XIII, especialmente na França, e a maneira pela qual a idéia de nobreza se juntou à de cavalaria são algumas das questões analisadas pelo historiador francês Georges Duby, uma autoridade em mundo medieval.

 

 

 

 

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