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Raul Seixas: A verdade do Universo

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 31 out 2004, 22h00

Autoproclamado o “primeiro artista de iê-iê-iê pós-romântico”, Raul Seixas cravou a desilusão da nossa classe média nas paradas com um dos maiores hits de 1973, a balada folk “Ouro de Tolo”. O sucesso transformou o produtor meticuloso em um ídolo pop, dali em guru/filósofo e dali em um mito do rock nacional. Para muito além das lendas, conheça o que realmente se passava na cabeça de Raulzito em três entrevistas históricas, em três momentos diferentes de sua carreira

Quando ganhou as rádios com “Ouro de Tolo”, vendendo 60 mil singles em poucos dias, Raul Seixas já podia se considerar um veterano.

Aos 27 anos (três a menos do que Celly Campello, por exemplo), o baiano de Salvador já tentava a sorte no Rio de Janeiro havia meia década. Apadrinhado por Jerry Adriani, Raul chegou com sua banda soteropolitana de iê-iê-iê (Raulzito & Os Panteras), um explosivo fracasso surgido quando ninguém mais queria saber de jovem guarda. Aceitou um convite para trabalhar como produtor na CBS, onde compôs e coordenou discos de gente tão diversa quanto Trio Ternura, Renato & Seus Blue Caps, Tony & Frankie, Leno e outros.

Por força do trabalho, descobriu o capixaba Sérgio Sampaio. “Acreditei tanto nesse cara que ele me convenceu a voltar a ser artista”, diria anos depois. Durante uma viagem da cúpula da CBS, Raul aproveitou os estúdios da casa e registrou um disco absolutamente caótico chamado Sociedade da Grã-Ordem Kavernita Apresenta: Sessão das Dez, gravado ao lado de Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star. Acabou demitido.

Em 1972, sem nada a perder, inscreveu-se no VII Festival Internacional da Canção com um curto-circuito entre baião e rock chamado “Let Me Sing, Let Me Sing”, que defendeu vestido de couro preto, como o Elvis de 1968. Rapidamente, foi contratado pela central de malucos que era a gravadora Philips. Raul já sabia tudo de estúdio, já sabia como manipular o gosto médio brasileiro e como provocar o público.

“Ouro de Tolo”, balada triste à moda de “Sentado à Beira do Caminho” e “Detalhes” (hits recentes de Roberto e Erasmo), com uma letra verborrágica à moda de Bob Dylan, era um sucesso esperado.

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Antes do single, Raul já chamara a atenção ao aparecer no Programa Silvio Santos falando sobre discos voadores. Depois, saiu com seu parceiro, o letrista Paulo Coelho, pelo centro do Rio de Janeiro, cantando “Ouro de Tolo” 40 vezes, cercado por uma multidão de curiosos. E ainda topou trocar o “Corcel 73” da letra original por “carrão 73”, porque a Globo não queria fazer “propaganda gratuita” da Ford.

Assim, não espantou o sucesso da canção, nem que seu primeiro álbum-solo, Krig-Ha, Bandolo!, lançado em julho de 1973, tenha sido um hit nacional, emplacando outros clássicos como “Mosca na Sopa”, “Al Capone” e “Metamorfose Ambulante”, além de divulgar a imagem do cantor como ícone popular. A entrevista a seguir foi realizada no auge desse sucesso inicial e publicada em novembro de 1973 na revista Pop.

Como você define sua música?

Minha música é vendável, consumível, para ser entendida por todo mundo. Não adianta dizer as coisas para grupos pequenos, fechados. Minha música entra em todas as estruturas.

Se você tivesse de classificar sua música, como faria?

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Sou o único no Brasil que faz o iê-iê-iê realista, pós-romântico. É uma visão nova das coisas.

Você considera a televisão importante para divulgar seu trabalho?

Numa certa medida, sim. Mas não dá para apresentar o trabalho como um todo. A gente não consegue se mostrar como é, frustra um pouco, sabe? De agora em diante, só vou fazer programas especiais.

Então o palco seria o lugar ideal para você mostrar seu trabalho?

É isso, adoro o palco. As luzes me fascinam, é um negócio mágico. A comunicação direta com o público é emocionante. Nos shows, a gente pode fazer um trabalho mais criativo, criando em cima das coisas que já fez.

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E a música popular brasileira, Raul, como vai?

Hoje, felizmente, não existe mais a preocupação em classificar rumos e tendências. Cada um faz seu trabalho individualmente. Existem os trabalhos de Gil, Caetano, Macalé, Sérgio Sampaio, Milton Nascimento, Luiz Melodia, Novos Baianos, Gonzaguinha…

O que você acha dos trabalhos de Caetano e Gil?

Prefiro não falar sobre isso, não seria honesto. Se alguém tiver de falar, que sejam eles mesmos. Só posso dizer que eles sabem muito bem o que estão fazendo.

Você foi influenciado por eles?

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Sim, eles são maravilhosos, foram eles que me deram o “primeiro tapa”. E tem também o Luiz Gonzaga, que eu sempre curti muito. É um negócio incrível, forte, comunicativo. Ficou, determinou as coisas pra mim.

Fora do Brasil, quem você considera mais importante na música pop?

John Lennon, o único cara que faz um trabalho concreto e objetivo nos Estados Unidos. Acho que a Yoko Ono abriu muito a cabeça dele.

Além dele, você se liga em alguém mais?

Gosto muito do Frank Zappa e seu grupo, Mothers of Invention, gosto do Genesis e do John McLaughlin – tremendo guitarrista. Sou muito ligado também nos Rolling Stones, que eu amo. Amo toda aquela zoeira que eles fazem. Mick Jagger é incrível, não existe. Fico imaginando Jagger e Lennon juntos, não dá nem pra pensar… o mundo virava de cabeça pra baixo. Eu procuro fazer alguma coisa parecida com o trabalho deles. Eles me influenciam na medida em que eu acredito e entendo o que eles fazem.

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Raul conheceu o mochileiro-escritor-teatrólogo-compositor carioca Paulo Coelho após ler um texto sobre discos voadores publicado na revista hippie A Pomba. A parceria entre os dois renderia grandes clássicos do rock nacional, como “Tente Outra Vez”, “Medo da Chuva” ou “Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás”. Segundo um antigo amigo de Raul, o professor de inglês Cláudio Roberto (depois também seu parceiro em canções como “Maluco Beleza”), a influência de Paulo Coelho passou a nortear os passos do cantor. “Raul abraçou toda a megalomania, todo o sonho de poder de Paulo e isso fez muito mal a ele.” O cantor foi levado pelo escritor a conhecer uma ordem filosófica baseada na Lei de Thelema, desenvolvida pelo bruxo inglês Alester Crowley. O entusiasmo da dupla com a organização antideísta os levou a submeter diversas letras aos instrutores – uma delas, “Sociedade Alternativa”, praticamente repete o chamado Livro da Lei, outras, como “A Maçã” e “Tente Outra Vez”, seriam creditadas a Mauro Motta, por quem eram discipulados na Astrum Argentum (AA).

A obsessão dos dois em construir “uma verdadeira civilização thelêmica”, evidentemente, trouxe problemas com a Censura. Logo no show de lançamento de Krig-Ha, Bandolo!, a polícia apreendeu o gibi/manifesto A Fundação de Krig-Ha e o queimou como “material subversivo”. A Censura começou a cercar. A letra de seu single “Como Vovó Já Dizia” teve de ser mudada.

Um ano depois, finalmente, Raul e Paulo foram detidos para interrogatórios. Foram torturados durante seu período de maior fixação esotérica (e de maior envolvimento com drogas) e no auge da idéia da criação de uma sociedade alternativa. “Gita”, escrita nessa época, foi seu maior hit, vendendo 600 mil exemplares e puxando o álbum de mesmo nome para torná-lo o maior êxito de sua carreira.

Depois da prisão, da tortura e do exílio, tudo mudou. O álbum mais místico e impenetrável de Raul, Novo Aeon (1975), foi um fracasso comercial. As drogas e o ocultismo renderam experiências sobrenaturais confusas das quais nem o cantor nem o escritor nunca falaram abertamente. Veio a decepção com a AA e o encerramento da parceria. Paulo Coelho se converteu ao catolicismo – o que sedimentaria o caminho para que ele se tornasse um dos escritores mais famosos do mundo. Raul, por seu lado, foi se afastando do sucesso popular e se transformando em um personagem folclórico do rock brasileiro. A entrevista abaixo flagra o cantor rememorando a música e o ambiente das mudanças mais radicais de sua vida. Foi conduzida por Sonia Maia e publicada na revista Bizz em março de 1987.

Falando um pouco sobre MPB, o que foi significativo na época?

O tropicalismo foi importante, deu uma guinada na MPB. Não adianta você pichar, dizer que não deu, porque deu. E foi um movimento consciente, os meninos eram inteligentes.

Como era a sua relação com os empresários? Quais as dificuldades que você enfrentava?

Quando estive com o Guilherme Araújo (1973/74), fui destacado para ser mais um baiano. Era baiano, mas não era dos baianos. Os empresários cuidavam dos livros, economicamente falando, e me passavam para trás. Jogavam tudo que era meu no imposto de renda deles. Esse negócio começou a me dar bronca. Tentei outros caras, mas os lugares em que ia tocar não me contentavam. Era muita feira de gado. Os empresários me passam para trás porque sou muito ingênuo nessa coisa de dinheiro. Muitas vezes eu fazia arbitrariedades porque sabia que não ia receber.

O que aconteceu nos bastidores do Festival Internacional da Canção de 1972?

Eu ia tirar a segunda colocação nesse festival com “Let Me Sing, Let Me Sing”, e o pessoal federal estava atrás da coxia dizendo que se eu ganhasse estava frito. Nunca tinha visto isso. Fiquei apavorado! Eu não podia ganhar! Isso porque o júri, segundo eles, era anarquista – Rogério Duprat, Guilherme Araújo, Nelsinho Motta. Peguei o terceiro lugar.

Desde o começo você apostava na fusão do rock com a música regional brasileira.

Nasci numa época fértil da música no Brasil. Tinha bossa nova, chachachá, Luiz Gonzaga, Trio Los Panchos, Yma Sumac. Quando resolvi escancarar, escancarei tudo de vez. E com o rock, porque morava ao lado do consulado e andava com os americanos. Era um negócio fabuloso, uma cultura fascinante, e juntei tudo numa coisa só.

Fale um pouco da sua parceria com Paulo Coelho.

Posso dizer que existia uma briga cultural com ele, para ver quem ganhava. Eu era o melhor amigo do inimigo, e vice-versa. Depois, houve um certo desgaste no relacionamento. Mas sempre foi uma boa parceria, saíram obras lindíssimas.

Em 1973, você se envolveu com ocultismo. Você chegou até a ser expulso dessa sociedade esotérica…

Além de ser expulso da AA, fui posto para fora do país. Essa sociedade simpatizou com a música “Sociedade Alternativa” e com o trabalho que estávamos fazendo na época, que era uma reestruturação de todos os valores. Mas isso acarretou muitos prejuízos para mim. Essa mudança de valores não foi completa porque o governo não gostou. A AA me deu um terreno enorme em Minas Gerais para construir a Cidade das Estrelas, meu sonho na época. Tipo colocar o antiadvogado, o antiguarda, o antitudo… Mutação radical de valores mesmo.

Você já disse que a Sociedade Alternativa nunca começou nem terminou, que ela sempre existiu.

Ela sempre existiu, desde o tempo do Egito antigo. Inclusive o filósofo e estudioso Aleister Crowley, que é o papa maior dessa entidade, se baseou nos papiros egípcios, uma coisa de Osíris, Íris e Hórus – pai, mãe e filho. E ele descobriu um segredo terrível.

Qual era o segredo?

Não sei, porque era neófito. Só na quarta iniciação eles contavam o segredo (risos). Por isso disse que nunca começou nem terminou. O que é, é. E sempre será.

Conte os detalhes de sua expulsão do Brasil, em 1974.

Veio uma ordem de prisão do Exército e me detiveram no Aterro do Flamengo. Me levaram para um lugar que não sei onde era. Imagine a situação: estava nu, com uma carapuça preta. E veio de lá mil barbaridades. Tudo para eu dizer os nomes de quem fazia parte da Sociedade Alternativa, que, segundo eles, era um movimento revolucionário contra o governo. O que não era. Era uma coisa mais espiritual. Preferiria dizer que tinha pacto com o demônio a dizer que tinha parte com a revolução. Então foi isso, me escoltaram até o aeroporto.

Chegaram e literalmente mandaram embora?

“Literalmente” é choque no saco. Fui torturado no governo Geisel. Fiquei três dias num lugar desconhecido, apavorado.

E te largaram nos Estados Unidos?

Sim, mas eu tinha família lá, era casado com uma americana. Primeiro, fui para a Geórgia e comprei um Cadillac ano 57, cor-de-rosa, do tempo do Elvis. Chegamos a Nova York e fomos morar no Greenwich Village. Ali é brabeza. Uma noite fui parar numa rua sem saída. E lá vi um palhaço – bonito, todo vestido pomposamente – comendo lixo. Ele me ofereceu. O lixo americano é bem mais saudável, tem uma porção de coisas. Fiz a festa.

E os óvnis?

Em 1973, comecei a falar nisso e ninguém me levou a sério. Aí me encheram tanto que parei, estava cansado de dar murro em ponta de faca. Compus “Ouro de Tolo” porque realmente vi um disco voador. Foi um toque estranho mesmo, me senti impelido. Eu vomitei a música. Foi na Barra da Tijuca e durou uns 10 minutos. E eu sou cético, agnóstico

Ao longo da década de 80, Raul enfrentou toda sorte de dificuldades – brigando com a imagem de “guru” que o aprisionava, com a indústria do disco, com a saúde debilitada, com o alcoolismo, com a diabetes, às vezes com seu próprio público. Fechou-se em sua nostalgia e passou a ser visto como uma figura romântica, saudosa dos bons tempos do “verdadeiro rock’n’roll”. Depois de quatro anos afastado dos palcos, vivendo sozinho em um pequeno apartamento no centro de São Paulo, o ex-Camisa de Vênus Marcelo Nova convidou o ídolo para uma série de 50 shows celebratórios por todo o Brasil. Em 21 de agosto de 1989, na véspera de ver lançado o disco de canções inéditas que gravaram em conjunto (A Panela do Diabo), Raul Seixas morreu, de parada cardíaca. Nascia o mais forte mito da história da música brasileira. Na entrevista a seguir, conduzida por Luísa de Oliveira e publicada na revista Bizz em março de 1986, Raul reafirmava sua convicção no rock’n’roll original e explicava por que acreditava que o estilo morrera em 1959.

Quando você começou a ouvir rock’n’roll?

Eu tinha 9 anos e morava perto do consulado americano. Andava muito com o pessoal de lá e foram eles que me apresentaram Little Richard, o primeiro que fez minha cabeça, Howlin’ Wolf, Bo Diddley, Chuck Berry… Aos 10 anos já tocava nos Relâmpagos do Rock. Tínhamos um amplificador que era um rádio de válvula adaptado pelo meu pai. Isso em 1954, 55, ninguém sabia o que era rock. Eu tocava e me atirava no chão, imitando o Little Richard, como via nos filmes americanos. E sempre notava que as primeiras filas ficavam vazias. É que as mães pensavam que eu era epiléptico. Tocamos assim até 1966, quando fui gravar Raulzito & Seus Panteras.

Como era o rock baiano na época?

Eram poucos os conjuntos… The Gentlemen, Os Minos, em que tocava o Pepeu. Mas o pessoal que vinha do Rio ouvia falar de um tal grupo baiano que mais entendia de rock’n’roll. Assim, acompanhamos todo mundo da jovem guarda: Ed Wilson, Roberto Carlos, Wanderléa, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso. Mas eu gostava mesmo era dos Jet Blacks.

Qual era a visão do povo em relação ao rock?

A bossa nova surgiu com o chachachá, e o rock’n’roll, com uma influência do calipso. Era chique tocar bossa nova e o chachachá era permitido. Com o rock era outra história: eu tinha de ir até o clube das empregadas para dançar com elas. A empregada lá de casa era minha fã. Chegou uma vez para a minha mãe e disse que tinha dançado comigo. Minha mãe quase morreu… E eu ia dançar também com o pessoal da TR, uma transportadora de lixo. Era a moçada que curtia rock. Não se falava disso na sociedade. Rock era coisa de empregada. Lembro que a gente tocava num lugar chamado Cinema Roma – era o templo do rock. E no Teatro Vila Velha se apresentavam os intelectuais: Caetano, Gil, Tom Zé, Maria Bethânia, que faziam bossa nova.

Você era marginalizado por isso?

Se era… Freqüentava o Iate e o Tênis, que eram os clubes mais metidos a besta de Salvador. Chegava de camisa vermelha, com gola levantada e ficava num canto tomando cuba-libre enquanto os outros dançavam. Mas não me importava, me achava importante, tipo “tô revolucionando tudo”.

E como você vê o rock nas décadas seguintes?

Pra mim, ele morreu em 1959. Rock’n’roll era um comportamento, James Dean, todo um momento histórico. Aí veio o caos, quando as indústrias não podiam mais parar de fabricar discos. Quando entrou a década de 60, botaram Chubby Checker para cantar “Hava Naguila”, inventaram o hully gully e o twist. O movimento já tinha passado.

Tem um escrito seu muito interessante, “Duas palavras sobre a Revolução Pop”…

Digo isso na música “A Verdade Sobre a Nostalgia”, do disco Novo Aeon: “Mamãe já ouve Beatles, papai já desbundou/ com meu cabelo grande/ eu fiquei contra o que eu já sou”. Não é isso? Esse movimento todo foi por água abaixo porque o sistema se utilizou disso e os jovens não notaram que estavam comprando roupa hippie. Como os punks comprando roupa punk, raspando a cabeça e cantando músicas que o sistema comercializa. Não é assim que se entra. Tem de entrar em buraco de rato. Não como esses conjuntos que a Globo faz, que são meteoros e são “sucumbidos”. As coisas pré-fabricadas não duram.

Para muita gente, você sempre teve fama de irresponsável. Considera isso uma injustiça?

Sou teimoso e todos querem que eu seja certinho. Não, sou chato mesmo, “mosca na sopa” até hoje. Sou mais anárquico do que irresponsável, mas sei jogar direitinho, com uma boa dose de cautela. Se você mover uma peça errada, dança.

1973

JANEIRO

• O ditador Ferdinand Marcos assume a Presidência das Filipinas.

MARÇO

• Sai Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, que ficaria nas paradas de sucesso por 741 semanas, um recorde até hoje.

• As tropas americanas deixam o Vietnã.

ABRIL

• Estréia o programa Globo Repórter.

• O reggae chega ao Primeiro Mundo com o lançamento de Catch a Fire, de Bob Marley.

MAIO

• A Censura proíbe a execução da música “Cálice”, de Chico Buarque, durante o festival Phono 73, organizado pela gravadora Philips. Os microfones dele e de Gilberto Gil, que cantavam a música, são desligados.

• A Censura Federal proíbe a exibição de dez filmes em todo o país, entre eles o brasileiro Toda Nudez Será Castigada e várias produções estrangeiras.

• O Secos & Molhados começa a gravar seu primeiro LP, que, lançado poucos meses depois, se tornaria o maior sucesso comercial do rock brasileiro dos anos 70.

JUNHO

• Sai Krig-Ha, Bandolo!, primeiro álbum- solo de Raul Seixas.

AGOSTO

• Estréia o programa Fantástico, da TV Globo.

SETEMBRO

• O stone Keith Richards é preso na Inglaterra com posse de várias drogas, além de armas e munição ilegais.

• O presidente Salvador Allende é morto e Augusto Pinochet torna-se ditador no Chile.

NOVEMBRO

• Os Estados Unidos lançam o Mariner 10, em missão de objetivo científico, rumo a Marte.

DEZEMBRO

• Estréia nos Estados Unidos o filme O Exorcista, que desencadeia uma febre de produções de horror.

• Vários artistas, encabeçados por Jards Macalé, apresentam o show Banquete dos Mendigos, no Rio, em homenagem à Declaração Universal dos Direitos do Homem. O disco com a gravação do show é censurado.

O personagem: Sérgio Sampaio

Magrelo, feio e de pavio curto, Sérgio Sampaio tinha muito brilho e nenhuma disciplina. Estourou no FIC com “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua”, que vendeu 500 mil cópias. Seria um começo, mas Sérgio esparramou-se numa rotina de pó, álcool e noites sem dormir. Faltava aos compromissos de divulgação do disco. Pior: quando dava as caras na TV, sua aparência assustava as pessoas e os discos vendiam menos. Raul Seixas foi seu grande amigo célebre. Foi ele que o tirou das pensões imundas e o levou para a própria casa, além de lhe arrumar um emprego na CBS. Eles continuaram próximos até o fim da vida de Raul. Sampaio era cachoeirense e seu ídolo foi o conterrâneo Roberto Carlos. “Meu maior sonho é compor para o rei”, dizia. Até que um assessor do cantor pediu algo “nos moldes do ‘Bloco’”. Sampaio devolveu uma pedrada, “Meu Pobre Blues”, um texto ácido sobre a fase “adulta” do rei. Óbvio que Roberto nunca mais lhe pediu nada. Sampaio deu forma aos discos Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua (1973), Tem Que Acontecer (1976) e Sinceramente (1983), testemunhas da queda de um homem. Um herói expulsando os demônios com toda a clareza do pensamento. Um espetáculo trágico. O fim foi doloroso, uma luta entre as crises de pancreatite e a vontade de retomar a música. Infelizmente, em 1994, a doença venceu.

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