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Rosacruz: Guardiães do saber oculto

A irmandade mística que pode ter suas raízes no Egito antigo e se espalhou pelo mundo pregando a busca do conhecimento, a tolerância religiosa e a harmonia entre os homens de bem

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 Maio 2018, 13h18 - Publicado em 31 out 2008, 22h00

Texto Eduardo Szklarz

Poucas sociedades precisaram tanto do segredo para sobreviver como a Rosacruz. Na Idade Média, enquanto a Inquisição jogava na fogueira quem ousasse questionar os dogmas católicos, os integrantes da confraria se reuniam a fim de penetrar nos mistérios religiosos mais profundos. Para isso, recorriam a fontes diversas: gnosticismo (que buscava o conhecimento à margem do que dizia a Igreja), cabala (misticismo judaico), esoterismo islâmico, filosofia, mitologia egípcia, astrologia e alquimia.

Era com esse repertório tão vasto que os rosacrucianos acreditavam ser possível sair das trevas da ignorância e caminhar rumo à sabedoria. Diziam que o autoconhecimento era a chave para a “paz do indivíduo” e, a partir dela, o bem-estar da humanidade. Até hoje, os grupos que se dizem herdeiros da Rosacruz pregam a tolerância religiosa, a harmonia e a paz. O que ninguém sabe direito é como essa sociedade surgiu.

ROSENKREUZ

Não faltam teorias para a origem da ordem. Uns dizem que ela foi criada em Alexandria, no Egito, no ano 46, quando o sábio gnóstico Ormus e seus seguidores foram convertidos ao cristianismo. Outros afirmam que a Rosacruz surgiu no século 17, no vácuo da Reforma Protestante. De acordo com a lenda mais popular, no entanto, seu criador foi o monge Christian Rosenkreuz (ou Frater C.R.C.), nascido na Alemanha em 1378. Aos 16 anos, Rosenkreuz viajou ao Oriente Médio e estudou artes ocultas com mestres muçulmanos. Ao voltar para a Alemanha, construiu a Spiritus Sanctum (“Casa do Espírito Santo”), para celebrar seus rituais secretos.

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Rosenkreuz teria morrido em 1484, aos 106 anos, mas sua tumba só foi encontrada 120 anos depois – o que motivou a retomada das atividades da Rosacruz, agora sob a liderança do pastor luterano Johann Andrae. Foi ele quem publicou 3 manifestos que mencionaram a ordem pela primeira vez: Fama Fraternitatis Rosae Crucis (1614), Confessio Fraternitatis (1615) e Núpcias Químicas de Christian Rosenkreuz (1616). Os textos tiveram enorme impacto entre os europeus e não demorou para que os rosacrucianos se espalhassem pelo Velho Mundo.

Para as fraternidades modernas que se dizem herdeiras da Rosacruz, não importa se Rosenkreuz realmente existiu. O importante é o valor simbólico dessa história. Suas andanças pelo mundo, incorporando elementos de várias tradições, aludem à chamada Religião Universal da Sabedoria. Ser cristão, por exemplo, iria além de seguir a figura bíblica de Jesus: faria parte da busca do conhecimento oculto e esotérico.

Dê uma boa olhada na ilustração das páginas 12 e 13. Você verá que o grau 18 da maçonaria é o Cavaleiro Rosacruz. Não se trata de mera coincidência: nos séculos 17 e 18, maçons e rosacrucianos trocaram muitas figurinhas. Eles buscavam uma sociedade tolerante, livre de dogmas e que pudesse se aperfeiçoar à medida que os homens ficassem mais sábios. A estrutura das duas fraternidades também era similar. Mas havia diferenças importantes: a Ordem Rosacruz enveredava pelo cristianismo e por caminhos místicos, enquanto a maçonaria se guiava pelo pensamento racional.

“No século 18, a Rosacruz fazia rituais de admissão usando diversos símbolos. Um deles era um globo de vidro num pedestal que tinha 7 degraus e era dividido em duas partes, representando a luz e a escuridão”, diz Sylvia Browne, autora do livro Sociedades Secretas. “E também usavam 9 copos, simbolizando qualidades masculinas e femininas.”

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Segundo a pesquisadora, a Rosacruz contava com o Colégio dos Invisíveis, espécie de fonte de informação por trás do movimento. Seus integrantes acreditavam que o significado do Universo estava explicado no símbolo da ordem. “Como a flor que brota no meio da cruz, os seres humanos deveriam desenvolver a capacidade de amar de forma irrestrita, compreender as leis que regem o mundo e agir por meio da intuição e da inteligência amorosa do coração.”

HERDEIROS

Hoje, diversas sociedades se declaram descendentes da confraria inicial. Entre elas, a Fraternidade Rosacruz de Max Heindel, a Fraternitas Rosacruciana Antiqua e a Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz (Amorc). A julgar pelo que cada uma diz em seu site na internet, todas procuram despertar o potencial interior do ser humano pela busca da verdade.

A Amorc do Brasil, localizada em Curitiba, garante que seu método de orientação para o autoconhecimento “está à disposição de toda pessoa sincera e de mente aberta”. Já a Fraternitas Rosacruciana, com sede no Rio, afirma que sua finalidade é “buscar a felicidade sem distinção de castas, cor, sexo, nacionalidade ou condição social”.

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Passado nebuloso

A história da Rosacruz segundo a lenda mais popular

1394

Rosenkreuz vai ao Oriente Médio para estudar artes ocultas com mestres muçulmanos.

1484

O fundador da Rosacruz morre na Alemanha (segundo a lenda, aos 106 anos de idade).

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1604

A tumba de Rosenkreuz é encontrada, levando ao ressurgimento da ordem.

1614-1616

Johann Andrae publica manifestos rosacrucianos, os primeiros documentos a citar a ordem.

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Séc. 18

Maçons e rosacrucianos se aproximam enquanto a ordem se espalha por toda a Europa.

Séc. 20

Grupos como a Amorc declaram-se herdeiros dos segredos acumulados pela Rosacruz original.

Para saber mais

• Sociedades Secretas

Sylvia Browne, Prumo, 2008

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