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A política da tocha – relações diplomáticas nos Jogos Olímpicos de Pequim

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h13 - Publicado em 31 Maio 2008, 22h00

Texto Elis Magarotto

Na reta final para os Jogos Olímpicos de Pequim, o ícone esportivo virou símbolo político: em vários dos lugares por onde passa, a tocha olímpica é perseguida e atacada por manifestantes anti-China. Os organizadores da Olimpíada dizem que tudo não passa de um inocente rodízio entre as nações de cada continente. Mas uma análise geopolítica revela motivos bem mais profundos. Veja alguns exemplos.

LOCAL: São Petersburgo/Rússia.

Motivo: A boa vizinhança.

Passagem: 5 de abril.

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Os dois países já foram irmãos de comunismo, mas hoje a afinidade é outra. A China é a maior importadora mundial de hidrocarbonetos (gás e petróleo). E o melhor lugar para comprar essas coisas é a Rússia: que é a maior exportadora de gás natural e a 2ª maior exportadora de petróleo do mundo, e está logo ao lado da China – o que reduz muito os gastos com transporte do combustível. Faz sentido agradar aos russos.

LOCAL: Paris/França.

Motivo: A propaganda.

Passagem: 7 de abril.

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Com a Olimpíada, a China quer passar a impressão de país justo e civilizado, que respeita os direitos humanos. Então, nada melhor do que pegar carona na reputação da França – berço dos ideais de “liberdade, igualdade e fraternidade”. Mas a idéia não deu certo: descontente com a repressão ao Tibete, o governo francês está acenando com a possibilidade de boicotar os Jogos de Pequim.

LOCAL: São Francisco/ EUA.

Motivo: A grana.

Passagem: 9 de abril.

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O país é o maior comprador de produtos da China. E, nos EUA, São Francisco é a cidade que mais concentra chineses (20% da população). Então, nada mais lógico do que passar por lá. Mas o tiro acabou saindo pela culatra: muito politizados e esquerdistas, os são-franciscanos fizeram grandes protestos durante a passagem da tocha – houve até uma tentativa de incendiar a embaixada chinesa.

LOCAL: Dar Es-Salaam/Tanzânia.

Motivo: A prudência.

Passagem: 13 de abril.

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Foi a primeira vez que a tocha olímpica passou por um país da chamada África Negra (ou Subsaariana). Segundo Luis Vedovato, professor de relações internacionais da PUC de Campinas, os chineses optaram pela Tanzânia para passar bem longe do Sudão – cuja guerrilha eles supostamente abastecem com armas contrabandeadas, e onde haveria grande risco de problemas.

LOCAL: Pyongyang/Coréia do Norte.

Motivo: A amizade.

Passagem: 28 de abril.

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A Coréia do Norte é totalmente dependente dos chineses”, afirma o professor Vedovato. A camaradagem começou na Guerra da Coréia, em 1950, quando a China deu uma mãozinha para sua vizinha e irmã de comunismo lutar contra os EUA, e não parou mais: hoje, os chineses respondem por mais de 50% da balança comercial norte-coreana. Não deu outra: a tocha foi superbem recebida.

LOCAL: Lhasa/ Tibete.

Motivo: A opressão .

Passagem: 19 a 21 de junho.

Se o Tibete é o centro dos problemas chineses, por que levar a tocha para lá? Para mostrar autoridade. Ou, então, com um propósito sinistro. “Na França, quem protesta fica preso no máximo um dia. Na China, não se sabe o que pode acontecer”, diz o professor Vedovato. Ou seja: a passagem da tocha por lá poderia ser, na verdade, uma isca para atrair manifestantes – que seriam executados depois.

E o Brasil?

Na última Olimpíada, a tocha passou pelo Rio de Janeiro. Como supostamente existe um rodízio entre os países de cada continente, desta vez a tocha não veio para cá – a capital da Argentina, Buenos Aires, foi a eleita na América do Sul.

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