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Charles Darwin

Ao bolar a teoria que dispensa Deus do papel de ter criado o homem, o naturalista inglês até hoje provoca fúria

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h16 - Publicado em 8 mar 2013, 22h00

Se Copérnico causou tamanho alvoroço ao colocar a Terra em seu devido lugar – apenas mais um planeta, de vários -, imagine o impacto que Charles Darwin (1809-1882) teve ao colocar a humanidade em sua real posição natural – como mais um animal, na intrincada rede da evolução das espécies.

Aliás, nem é o caso de imaginar. Talvez essa seja a única teoria científica que, mesmo depois de comprovada por inúmeras e incontestáveis evidências, continua tendo rejeição entre não-cientistas – mais de 150 anos depois de ter sido proposta.

Formado em meio à nata da sociedade inglesa, Darwin estudou de início para ser médico, por insistência do pai. Contudo, enquanto o interesse pela medicina se desfazia em meio às tediosas aulas na Universidade de Edimburgo, a paixão pelo mundo natural crescia. No fim das contas, o jovem Charles desistiu do curso e optou por seguir os passos da ciência pura.

Em 1831, uma grande oportunidade se apresentou. Darwin foi convidado a participar de uma expedição comandada pelo capitão Robert FitzRoy, a bordo do HMS Beagle – uma emocionante viagem de cinco anos ao redor do globo, coletando espécimes vegetais e animais.

Durante a circunavegação do mundo, o naturalista enfrentou enjoos constantes e fez copiosas anotações da viagem. Na passagem pelas ilhas Galápagos, chamaram-lhe a atenção os tentilhões – pássaros que, a cada ilha, pareciam ter características ligeiramente diferentes. Esse foi o germe da inspiração que levaria Darwin a conceber como se deu a origem de todas as espécies.

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SELEÇÃO NATURAL

A ideia de que um grupo de animais podia, com o tempo, se transmutar em outro não era nova. Na verdade, anos antes, Jean-Baptiste Lamarck havia sugerido uma teoria da evolução das espécies ditada por mudanças ocorridas nos animais durante sua vida. Exemplo clássico: a girafa, que, ao esticar o pescoço para alcançar as folhas mais altas das árvores, acaba alongando-o e depois transmitindo a característica à próxima geração.

A teoria lamarckista era obviamente falha. Cortar uma perna da girafa não faria com que seu descendente nascesse apenas com três patas. Por causa disso, a evolução das espécies, até Darwin, não era muito crível. A grande sacada dedutiva do naturalista foi engendrar o conceito de seleção natural – a noção de que a evolução se dá em meio a uma competição pela reprodução e a sobrevivência. Dentre a variação natural existente em indivíduos de uma mesma população, o ambiente favorecerá aqueles mais bem adaptados, que propagarão seus traços específicos adiante, enquanto outros, menos convenientes, desaparecem.

Quando o Beagle retornou à Inglaterra, Darwin foi cozinhando sua teoria em banho-maria por longos anos. “Em 1844, já tinha um manuscrito de mais de 200 páginas contendo basicamente todos os pilares teóricos e conceituais [da teoria]”, conta Sandro de Souza, pesquisador do Instituto Ludwig e autor do livro A goleada de Darwin.

Essa preparação eterna durou até que ele visse sua prioridade intelectual na descoberta concretamente ameaçada. Pressionado por amigos, decidiu publicar, em 1859, um “resumo”: o famoso livro A Origem das Espécies.

Darwin sabia que estava pisando em ovos, principalmente no que diz respeito à ancestralidade animal do ser humano. Por isso, procurou abordar esse tema o mínimo possível na obra pioneira da seleção natural, apenas dizendo que “luz seria jogada sobre a origem do homem”.

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Ele acabaria saindo definitivamente do armário evolutivo a esse respeito em outro livro, A Origem do Homem e a Seleção Sexual, publicado em 1871. E, apesar de até hoje ser alvejado por fanáticos religiosos, Darwin foi plenamente reconhecido em vida como um cientista revolucionário. Quando de sua morte, foi enterrado na Abadia de Westminster, em Londres, ao lado de Isaac Newton e John Herschel.

QUEM INVENTOU A TEORIA DA EVOLUÇÃO?

Os primeiros registros escritos de Darwin sobre o que viria a ser a teoria da evolução das espécies pela seleção natural remontam ao período logo após o retorno da viagem do Beagle, entre 1837 e 1842. A partir daí, trocando ideias com colegas cientistas, ele foi aperfeiçoando a teoria, tratando seu desenvolvimento quase como um hobby.

Mas tudo mudou em junho de 1858, quando, por carta, o jovem naturalista Alfred Russel Wallace pedia sua opinião sobre um artigo científico que ele acabara de produzir: uma descrição sumária, mas precisa, da teoria da evolução pela seleção natural.

Darwin se apavorou, achando que ia perder o bonde da história. Estava preparado para deixar Wallace tomar-lhe a dianteira, encaminhando o trabalho para publicação, mas Charles Lyell, geólogo e amigo de Darwin, insistiu em uma apresentação conjunta das ideias dos dois naturalistas, compartilhando a prioridade, em 1º de julho de 1858. O seminal livro de Darwin, A Origem das Espécies, sairia no ano seguinte.

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