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E se… Silvio Santos tivesse sido eleito presidente do Brasil?

Em 1989, o empresário e apresentador Silvio Santos esteve a um passo de se eleger presidente da República - a faixa, como se sabe, foi para Fernando Collor de Mello.

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 31 out 2016, 18h26 - Publicado em 31 dez 2007, 22h00

Em 1989, o empresário e apresentador Silvio Santos esteve a um passo de se eleger presidente da República – a faixa, como se sabe, foi para Fernando Collor de Mello. Dá para imaginar as piadas. O porta-voz da Presidência seria Lombardi, o locutor que nunca mostra o rosto. No ministério, os jurados Pedro de Lara, Aracy de Almeida, Gugu, Hebe, Wagner Montes e Mara Maravilha, do Show de Calouros. No lugar dos caras-pintadas do Collor, teríamos o Bozo, o Papai Papudo, a Vovó Mafalda e o cantor Pablo, do Qual É a Música. Acontece que, se a candidatura não tivesse sido impugnada, a história seria muito séria. Vamos tentar entender o que seria um possível governo Silvio Santos?

O candidato calouro que tomou gongo

• A campanha de 1989 era a primeira eleição direta para presidente desde 1960.

• A lista de candidatos era enorme: 12 nomes, incluindo Mário Covas, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Luís Inácio Lula da Silva, Fernando Collor e Aureliano Chaves.

• Silvio oficializou a candidatura 15 dias antes da votação. Ele substituiu Armando Corrêa, do Partido Municipalista Nacional (PMN), pois Aureliano, do PFL, se recusara a renunciar em favor de SS. A cédula já estava impressa, e o eleitor teria que votar no número 26, no nome “Corrêa”.

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• A letra do jingle da campanha era: “É o 26, é o 26, com Silvio Santos chegou a nossa vez”. A melodia, a mesma do tema de abertura do Programa Silvio Santos (“Silvio Santos vem aí…”).

• Três dias depois de se candidatar, Silvio tinha 29% das intenções de voto e estava perto de disputar o 2º turno com Fernando Collor.

• A uma semana da votação, a Justiça Eleitoral decidiu que a candidatura de Silvio não era válida, porque o PMN não tinha feito convenções estaduais para referendar seu nome .

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• Em 1988, Silvio já concorrera a prefeito de São Paulo – e desistido antes do pleito. Em 1992, novamente anunciou que tentaria a prefeitura – e outra vez voltou atrás. Em janeiro de 2002, novos boatos de que ele iria tentar a Presidência levaram o Instituto Sensus a fazer uma pesquisa com seu nome. Silvio, o segundão, teria 17,8% dos votos, contra 30,5% de Lula.

 

O programa Silvio Santos de governo

Se as urnas abrissem as portas da esperança, o empresário precisaria administrar o país e lidar com gente que topa tudo por dinheiro. Isso não seria nenhum domingo no parque

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Rateio político

Se eleito, o presidente Silvio Santos teria uma base de sustentação política vinda do PFL. “Um grupo do partido achava que, diante do populismo de direita do Collor e do populismo de esquerda do Lula, o melhor era apresentar um populista de centro”, diz o deputado federal Marcondes Gadelha, candidato a vice na chapa de Silvio. “Esse grupo era formado por mim, Inocêncio Oliveira, Edison Lobão, Hugo Napoleão, Divaldo Suruagy e João Alves”, ele conta. “O Silvio me falava que queria cuidar da questão social, e que o resto do governo ficaria por minha conta. Eu seria um tipo de primeiro-ministro.” Nos anos seguintes, Inocêncio e João Alves seriam acusados de participar de escândalos de corrupção.

Casa para todos

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Silvio Santos tinha uma obsessão por casas. “A prioridade dele era o social, incluindo a saúde e a educação. Mas seu grande projeto de governo era construir uma casa própria para cada cidadão brasileiro até o fim do mandato. Ele só falava nisso”, diz Marcondes Gadelha. De acordo com o político, nas negociações que definiram sua candidatura, Silvio teria dito que não queria se envolver nos acordos com o Congresso nem definir as regras para a política econômica. O que ele queria mesmo é que lhe sobrasse tempo – para viajar pelo país – e dinheiro para instituir sua política habitacional. “O bom desse projeto dele é que estimularia as empresas de construção civil”, afirma o vice da chapa.

Economia aos trancos

Nem Silvio nem sua base de apoio tinham um plano claro para vencer a inflação. Em seus comerciais de TV, ele dizia que queria reduzir a inflação e, ao mesmo tempo, aumentar o salário mínimo. Pelo menos ninguém pensava em fazer confisco de poupança, como Collor. Para Marco Antonio Carvalho Teixeira, cientista político da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, Silvio, assim como Collor, não conseguiria aplicar um plano econômico gradual. “Aquele período pedia um estadista, coisa que nenhum dos dois é. Se dependêssemos do Collor ou do Silvio Santos, passaríamos a década de 1990 a solavancos, até passar por uma crise grave como a que os argentinos sofreram em 2001.”

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Gestão personalista

Se decidisse tomar as rédeas do governo federal, Silvio poderia adotar o método errático de gerenciamento do SBT. Na emissora, ele muda a grade de programação quando lhe dá na veneta. Dá para imaginar os problemas que isso criaria em Brasília. “Silvio Santos tem um método de gestão muito intuitivo para um presidente. Provavelmente mudaria os ministérios e os projetos com muita freqüência”, diz Marco Antonio Carvalho Teixeira. “É possível que um governo Silvio Santos acabasse com renúncia, impeachment ou uma situação de ingovernabilidade, como a que marcou os últimos meses da gestão de José Sarney.”

 

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