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Este é o rosto de uma mulher de 3.700 anos

Ela parece uma pessoa qualquer, dessas que a gente cruza na rua — mas foi enterrada na Idade do Bronze, há milhares de anos

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 jul 2018, 12h09 - Publicado em 3 ago 2016, 19h15

Observe com atenção a mulher da foto acima. Ela poderia estar sentada ao seu lado no metrô, ou passar na sua frente na rua; poderia até ser sua prima — você provavelmente não notaria nada de diferente nela. Mas essa ruiva foi enterrada há pelo menos 3.700 anos, na Escócia. Não que isso seja uma surpresa em sim — os humanos têm feições modernas há 200 mil anos, e nessa época, por volta de 1700 a.C., a Grande Pirâmide do Egito já era um monumento antigo, com mil anos de idade. A novidade aqui é a reconstituição digital do rosto — a mais exata já feita pela arqueologia, baseada num crânio encontrado nos anos 80.

A dona dos ossos foi batizada de Ava, uma abreviação de Achavanich, sítio arqueológico onde ela foi descoberta. Pelo que os cientistas puderam compreender analisando o tamanho e o estado da ossada, a mulher tinha 1,67 m de altura, e algo entre 18 e 22 anos quando morreu — embora a causa da morte seja desconhecida. Ava fazia parte da cultura Beaker, uma civilização que viveu na Idade do Bronze, entre 2.900 a.C. e 1.900 a.C., e que tinha como característica a confecção de vasos campaniformes — arredondados e decorados.

A moça foi encontrada em 1987 por arqueólogos escoceses, em uma cova cavada em rocha dura — algo incomum para o povo, que geralmente enterrava os mortos na terra, com uma estaca ou uma pedra servindo de lápide. Isso deve ter dado um trabalhão e demorado muito tempo, o que indica que, de alguma forma, as pessoas daquela comunidade já sabiam que Ava estava para morrer — do contrário, não ia dar tempo de enterrá-la antes de ela começar a se decompor.

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A história de Ava fica ainda mais interessante: seu crânio, diferente dos demais, é achatado na parte de trás e no topo, como se tivesse sido amassado antes do enterro. Todo esse cuidado com os restos mortais de Ava levam a acreditar que ela tenha sido alguém realmente importante para aquela cultura. Só que, com os vestígios que os cientistas têm por enquanto, é impossível descobrir por quê.

Reconstruir o rosto de Ava deu o maior trabalho para o artista forense responsável pelo projeto, Hew Morrison, da Universidade de Dundee, no Reino Unido. Primeiro, ele aplicou uma fórmula matemática sobre o volume do crânio, para calcular o formato da mandíbula da mulher, que havia sido destruída pelo tempo.

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Aí, usando um programa de computador, Morrison determinou as camadas de músculos, o que ajudou a descobrir a grossura da pele em cada ponto do rosto. A espessura dos lábios foi definida pelo tanto de esmalte nos dentes, e o formato da boca segue o da mordida, um pouquinho torta. O resto das feições, como as bochechas e o nariz levemente caído para a esquerda de Ava, seguiu os músculos.

Reconstruir um rosto tão antigo, porém, não é um trabalho exato: como acontece em um retrato falado, o artista tem alguma liberdade para criar em cima das informações científicas, já que nem todas as características podem ser descobertas observando os ossos. Os arqueólogos não tinham como sacar, por exemplo, qual era a cor dos olhos ou dos cabelos de Ava, e Morrison teve de adivinhar que, por ser uma mulher nórdica, as cores claras seriam mais prováveis, devido à falta de luz do Sol.

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Agora, os arqueólogos pretendem continuar estudando os ossos e a cova de Ava, para tentar descobrir mais sobre ela e seu povo. Se você quiser, pode acompanhar o trabalho dos caras pelo Facebook ou pelo blog que eles criaram. Os restos da mulher de 3.700 anos estão no museu Caithness Horizons, em Thurso, Escócia.

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