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Nicolau Flamel: o homem que tirava ouro de chumbo

Xodó dos esotéricos, o livreiro teria descoberto a fórmula da riqueza e da imortalidade: há quem acredite que ele esteja vivo, aos 688 anos

Por Álvaro Oppermann
Atualizado em 7 jun 2018, 19h09 - Publicado em 31 mar 2008, 22h00

Cemitério dos Inocentes, Paris, 1418. Na calada, um ladrão percorria os túmulos, em busca da tumba de Nicolau Flamel. Corria à boca pequena que, ao morrer, ele teria deixado uma quantidade formidável em ouro, fruto de sua maior descoberta: a capacidade de transformar chumbo em metal precioso. Ao remover a lápide, o ladrão se decepcionou. Não havia ouro ali. Também não havia corpo algum.

São tantas as histórias fantasiosas, que alguém poderia duvidar de sua existência. Pois bem: Flamel existiu, sim. Nasceu em 1330 e morreu em 1418. Já a fama sobrenatural é bem forçada. Registros do século 14 dão conta de que Flamel era proprietário de uma livraria em Paris. Sua grande paixão era a alquimia – o conjunto de práticas e conhecimentos químicos medievais, uma moda na Europa da época. Diz a lenda que sua vida mudou por causa de um enigmático manuscrito em hebraico antigo de Abraão, o Judeu – não o Abraão da Bíblia, mas um mago do século 14. Depois de 21 anos de tentativas, o livreiro teria conseguido decifrar a obra com o auxílio de um velho cabalista espanhol.

Foi com base nos conhecimentos ocultos que Flamel conseguiu transformar chumbo em ouro. Mais: ele registrou em seu testamento o processo – mas escreveu tudo em código, pois queria que apenas seu sobrinho conhecesse o segredo. O tratado só foi “traduzido” em 1758, quando uma dupla de decifradores tentou produzir ouro seguindo as instruções do alquimista. Em vão. Aliás, se você quiser arriscar, confira o texto na Biblioteca Nacional em Paris, onde o original está até hoje.

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Na velhice, Flamel dedicou-se a escrever obras sobre alquimia e, após uma vida discreta, morreu em casa, aos 88 anos. O que explica, então, o mito em que ele se transformou? Simples: os livros de esoterismo exageraram certos traços da biografia do alquimista. Ele era rico? Sim, graças ao sucesso da livraria. Mas era mais bacana dizer que seu ouro vinha do chumbo… Ele era um bruxo? Não, apenas um químico por hobby. Mas ficava mais misterioso dizer que a profissão de livreiro era mera fachada para atividades ocultas. Ele era imortal? Não, isso é coisa de outro alquimista, o Paulo Coelho.

Sobre o mistério do túmulo vazio, o historiador Nigel Wilkins tem uma teoria. “O ladrão se enganou de túmulo. Nos cemitérios parisienses, havia várias lápides com inscrições alquímicas como as de Flamel. Era um costume da época”, diz ele. Mas a explicação prosaica não convence todo mundo. Há quem aposte que o velho alquimista, aos 678 anos, mora num centro de meditação na Índia. Ele teria descoberto a fonte da juventude e viveria feliz ao lado da esposa, Pernelle, ela também uma imortal.

GRANDES MOMENTOS

• O manuscrito em que Flamel supostamente teria aprendido os segredos da alquimia nunca foi encontrado.
• No século 16, um frade e um barão invadiram a casa que pertencera a Flamel. Teriam encontrado um pó avermelhado, que seria utilizado na transmutação de metais. A experiência, claro, não funcionou.
• A “transformação” de chumbo em ouro não ocorria de uma tacada só. Primeiro, Flamel fazia o chumbo virar um outro metal. Depois, transmutava o metal em prata e, finalmente, prata em ouro.

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