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O IRA e o ETA, unidos, assumissem o ataque aos Estados Unidos?

A presença ostensiva de aviões, tanques e tropas sobre os céus de Madri ou de Belfast criaria um sentimento de revolta popular desastroso para as relações exteriores dos Estados Unidos.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h17 - Publicado em 31 out 2001, 22h00

Flávio Dieguez

Considerando todas as possibilidades, o governo americano teve sorte: bombardear o Afeganistão para perseguir assassinos é relativamente fácil. A probabilidade de provocar uma crise política mundial é pequena e contornável – como, de resto, está acontecendo. Mas já imaginou uma caçada contra os terroristas do IRA (Exército Republicano Irlandês, na sigla em inglês) ou da ETA (Pátria e Liberdade Basca, em basco)? Seria preciso um gênio da diplomacia para convencer franceses, alemães, belgas e holandeses da necessidade de despachar mísseis para cima da Espanha ou da Irlanda – com o risco de mutilar ou destruir prédios e monumentos onde está escrita boa parte da história européia. Para dar uma idéia do tamanho do problema: só muçulmanos, ou especialistas ocidentais, lembrariam o nome de um escritor afegão.

Mas, obviamente, não é possível esquecer irlandeses com a estatura de Jonathan Swift, Oscar Wilde e James Joyce, ou espanhóis não menos ilustres, como Miguel de Cervantes, Federico Garcia Lorca e Miguel de Unamuno. Se as torres do World Trade Center tivessem sido derrubadas por terroristas europeus, a busca americana por justiça teria de ser feita por meios menos agressivos e espetaculares. A presença ostensiva de aviões, tanques e tropas sobre os céus de Madri ou de Belfast criaria um sentimento de revolta popular desastroso para as relações exteriores dos Estados Unidos. Mesmo o governo inglês, que tem sido um aliado incondicional de todas as iniciativas americanas nas últimas três décadas, teria dificuldade de apoiá-la, nesse caso. Uma alternativa viável poderia ser uma invasão discreta e bem educada de forças policiais de elite americanas, trabalhando em colaboração estreita com as polícias locais.

A Europa, provavelmente, suportaria alguns meses de transtorno – normas estritas de segurança nos aeroportos de todos os países, para não falar nos museus e nas universidades irlandesas, nas praias e nas praças de touros espanholas. Tudo em nome do combate ao terror que, para o bem ou para o mal, é uma ordem com força universal nos dias de hoje. Mesmo assim, a paciência européia não duraria muito. Os americanos teriam que correr contra o tempo, tentando voltar para casa antes da pergunta fatal: e se, mesmo com a ofensiva, eles não achassem os terroristas (já que as próprias forças de segurança e serviços de inteligência europeus até hoje não conseguiram eliminar os grupos terroristas da Irlanda e da Espanha)? Quem iria pagar o pato?

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