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Periferia de São Paulo está mais heterogênea e menos desigual

Mas cidade ainda vive segregação dos espaços

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 7 mar 2024, 16h29 - Publicado em 6 jul 2015, 14h15

Por Thiago de Araújo, do Brasil Post

Uma melhor distribuição de renda e de serviços está diminuindo a desigualdade em São Paulo, pelo menos em sua periferia. Na outra ponta da equação, esse movimento está deixando os mais ricos ‘isolados’ em suas ‘ilhas geográficas’. Estas são apenas algumas das conclusões da pesquisa feita pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da Universidade de São Paulo (USP).

O material foi lançado em livro – A metrópole de São Paulo no século XXI: espaços, desigualdades, heterogeneidades – no último dia 19.

Em entrevista ao Brasil Post, o professor e coordenador do trabalho Eduardo Marques explicou que é relevante constatar que a maior presença do Estado nas periferias, com infraestrutura e serviços, tornou as regiões localizadas ao redor do centro expandido da capital paulista menos desigual. A consequência de momento, porém, envolve o aumento da demanda por qualidade desses serviços.

“Os serviços que chegam na periferia ainda são de qualidade inferior. É inegável a existência de diferenças entre grupos sociais de serviços como o abastecimento de água, educação, saúde, entre outros. O que existe agora na periferia é uma demanda por uma maior igualdade desses serviços em relação a outras regiões da cidade”, disse Marques, que ponderou ainda que tudo isso não torna São Paulo mais justa.

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“Resiste a concentração de melhores empregos e infraestrutura no centro expandido. O resultado é termos uma cidade muito espalhada, o que a torna cara para manter e dar infraestrutura a todos. Temos, por consequência, problemas seríssimos de deslocamentos, sobretudo para os mais pobres”, afirmou o coordenador do estudo. Tais conclusões também fomentaram o Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade, o qual é elogiado pelo professor.

“É mesmo preciso tornar a cidade mais compacta, adensando mais nos eixos de transporte, assim como aumentar o investimento no próprio transporte público, sobretudo naquele sobre pneus. Metrô e trem são importantes, mas menos de 10% dos deslocamentos diários se dão sob trilhos, enquanto os ônibus são a preferência de 30% da população”, comentou Marques.

A evitação social

Uma prova cabal de que há muito trabalho a ser feito é o fato de que as classes mais altas, ao contrário da periferia, estão mais concentradas e isoladas em suas regiões tradicionais da cidade. É o que a pesquisa denominada evitação social, na qual é apontado um fato também racial: é mais esperada a interação entre a elite branca com a classe média branca do que entre as elites branca e negra paulistanas.

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“A distribuição clássica dos grupos sociais na cidade, assim como nas demais metrópoles latino-americanas, indica os grupos mais ricos e escolarizados nas áreas centrais, dotadas de infraestrutura, e grupos de baixa renda nas áreas periféricas marcadas por precariedade. Esse padrão não se inverteu, e nem isso seria possível, considerando a inércia dos espaços construídos, mas vem sendo transformado paulatinamente com a crescente heterogeneidade das periferias”, disse.

“É difícil explicar, mas temos evidências quantitativas e empíricas sobre a segregação entre classes sociais em São Paulo. Dentro de uma ‘escadinha’ de grupos sociais, podemos ver que quanto mais diferentes, mais segregadas são”, emendou o coordenador do trabalho. Essa constatação explica o aumento, por exemplo, de condomínios fechados, o que faz crescer, segundo o pesquisador, o isolamento dos mais ricos junto ao restante da população.

Outro fenômeno demonstrado pela pesquisa e já refletido no presente é a discussão que está em andamento na Câmara Municipal, acerca do projeto da nova Lei de Uso e Ocupação do Solo, conhecida como Lei de Zoneamento. Moradores de bairros exclusivamente residenciais – em alguns casos, de classes mais abastadas, como os Jardins – já protestaram com a possibilidade de maior adensamento, com a possibilidade de comércios na área, o que corrobora a tese de ter mais inclusão em áreas da cidade com maior infraestrutura.

No que diz respeito ao mercado de trabalho paulistano, outras duas importantes constatações: há mais mulheres ocupando postos de destaque, obtendo assim maior diversidade de atuações em posições antes só ocupadas por homens – apesar dos rendimentos entre homens e mulheres ainda seguirem notadamente desiguais. A outra é que negros seguem em posições menos qualificadas e ganhando menos do que brancos.

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Como os dados mostram, o longo caminho para uma São Paulo menos segregada não passa apenas por planejamentos. É preciso considerar temas impossíveis de serem planejados a longo prazo no município, como a economia. “É um processo de longo curso, de pelo menos 30 anos de transformações a cada ciclo. Olhando para o futuro, a evolução para uma menor desigualdade passa pelo ajuste fiscal, por quanto tempo ele vai durar por exemplo. A evolução notada na pesquisa diz muito respeito ao efeito da reestruturação do País nos anos 90, com mais emprego e renda”, concluiu.

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